terça-feira, 5 de junho de 2012

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Que Deus abençoe você em sua busca pela Verdade.

O QUE ACONTECE DEPOIS DA MORTE SEGUNDO A BíBLIA: O INFERNO.

Vídeo do texto:



O voo estava programado para sair às 14h15. Estava um dia maravilhoso para voar: céu azul, sem nuvens, sem ventanias. Era o dia ideal para um voo tranquilo. Sempre tive medo de voar, mas naquele dia estava com muito mais calma no coração do que imaginava que estaria. Parecia que nunca tive medo de voar...
Às quinze para as catorze horas já estava embarcado e em minha devida poltrona lendo um livro que tinha comprado dois dias antes como um presente para mim mesmo de meu 30º aniversário. Era um livro bom, mas muito fantasioso para o meu gosto. A Cabana não era o que exatamente esperava de um livro tão famoso, mas como num voo de cinco horas não havia nada para fazer, resolvi levá-lo para ler.
Ao meu lado havia uma senhora estressada com o atraso do voo e com o marido dela que não parava de comer um salgado barulhento e aquilo também estava alimentando meu estresse e quase pedi para que calasse a boca.
Vinte minutos após levantarmos voo, ela já tinha se calado e o marido já tinha parado de comer os salgadinhos. E eu ainda afundado no livro.
Ao olhar para fora da aeronave, à direita a um quilometro mais ou menos de distância, vi algo bizarro que não pude entender completamente: era o que poderia ser chamado de uma nuvem escura, como que se no meio dela houvesse uma chama, como acontece numa explosão quando fumaça e fogo se misturam. Vi, mas não acreditei. Esfreguei os olhos e me virei para a senhora ao meu lado, mas ela estava dormindo, ou fingindo que estava dormindo. Voltei meu olhar para fora do avião de novo, mas a nuvem já havia se dissipado e o céu azul me fez entender que eu tinha tido algum tipo de ilusão.
Uns quinze minutos depois, eu ainda pensava sobre aquela nuvem quando ao olhar de novo para o horizonte, a nuvem estava muito maior e mais amedrontadora. A sensação que tive foi que ela estava em movimento e engoliria a nave. Esfreguei os olhos e olhei de novo: ela ainda estava lá. Chamei a comissária de bordo e ela veio. Quando ela chegou, olhei de novo para fora, e tudo estava azul como antes. Ela ficou me olhando, esperando eu falar, mas eu pedi desculpas e lhe informei que não necessitava mais de sua ajuda.
Comecei a ficar preocupado com a ocorrência. Será que eu estava tendo alguma reação alucinógena? Será que eu teria comido alguma coisa que estava me proporcionando tal estado de espírito? Decidi voltar à leitura, mas não conseguia me concentrar. Aquela imagem tinha me parecido real demais para ser uma miragem, e quanto mais eu pensava, mais assustado eu ficava. Resolvi me levantar e ir ao lavabo.
Olhei-me no espelho e vi um rosto assustado. O que estaria acontecendo lá fora? Estaria ficando louco por causa da pressão atmosférica? Voltei e sentei-me de novo na poltrona e ao olhar para fora tudo estava como deveria estar.
Resolvi, portanto, deixar de lado aquilo e fingir que nada ocorreu. Deixei o livro de lado e recostei-me na poltrona para tentar tirar um cochilo e até que consegui entrar num sono quando fui acordado com um estrondo e um solavanco na aeronave, como se tivesse sofrido um baque. As pessoas começaram a gritar e a olhar para fora, assustadas.
Do lado de fora notei que um jato de fumaça acompanhava o avião, e observando melhor, vi que a fumaça saiu de uma das turbinas que estava pegando fogo. Um assalto de terror tomou conta de mim, misturado com uma claustrofobia. As pessoas todas estavam agitadas, gritando pelos comissários de bordo que corriam para lá e para cá. O aviso para apertar os cintos foi acionado e logo em seguida ouvimos a voz do capitão dizendo que era para todos manterem a calma, ficarem sentados e apertarem seus cintos. O capitão tentou deixar claro que a aeronave voaria quase sem problemas somente com uma turbina, mas que teria que fazer um pouso forçado em algum aeroporto porque a turbina estava em chamas, e isto não era bom.
Logo após o aviso percebi que o avião começou a descer gradativamente, até que a terra foi vista com toda a clareza. O ânimo dos passageiros foi controlado, mas era possível ver no rosto de todos a apreensão, e alguns gritos de vez em quando, dado que o avião balançava loucamente. Eu não tirava o olho da turbina que já não pegava mais fogo, porém uma fumaça escura saia ainda dela. Eu olhava por toda parte para ver se havia algum sinal de cidade, mas só havia mata e campo, sem sinal algum de uma pequena vila sequer.
Um medo grotesco apoderou-se de mim e eu mal conseguia respirar. A senhora ao meu lado, grudada ao seu marido, estava gemendo com seus olhos saltados, como se fosse explodir a qualquer momento. Rapidamente me arrependi de estar naquele momento nessa aeronave. Eu sentia que estava sendo engolido pelo medo e pela claustrofobia. Comecei a pensar na minha família... na minha vida. Fiquei com medo de morrer.
E o avião continuava a balançar de um lado para o outro, como se fosse sacudido pelo vento. E isto deixava os mais fracos, como eu, em estado de um estresse que poderia levar-nos a um ataque cardíaco. Qualquer um que se aventurasse a caminhar pelo avião seria certamente arremessado para o alto. Por isso todos estavam grudados em seus assentos, inclusive a tripulação.
No meio desse desespero, o capitão avisou que estávamos há vinte minutos de um aeroporto que estava sendo preparado para nossa chegada. Um suspiro de alívio e um aplauso ressoou em toda parte. Até eu me senti aliviado e mais seguro. Mas, mesmo assim, não tirava meus olhos da turbina fumegante.
Minutos depois, quando o piloto já tinha avisado que tínhamos recebido permissão para o pouso, um grande solavanco fez todos gritarem assustados. O que vi não entendi, mas alguma coisa que não saberia dizer o que é se soltou da turbina e bateu bem do lado do avião, na minha janela, fazendo um barulho surdo de metal retorcido. Após isso, o avião começou a balançar loucamente, fazendo bolsas e mochilas voarem até o teto, e em seguida, máscaras caindo sobre nossas cabeças. Eu coloquei mais que depressa a máscara e olhei de novo para fora, e percebi que ainda não havia qualquer cidade e que a fumaça aumentara consideravelmente tapando parte da visão da turbina e de uma parte do avião.
Senti uma vontade de sair correndo dali, abrir a porta e pular para fora do avião. E antes que esse desejo se tornasse palpável, um estalo ensurdecedor fez meu ouvido tampar e toda a aeronave tremer. Desesperadoramente, o bico do avião se inclinou para baixo e começou a descer vertiginosamente, tomando uma velocidade assustadora. Todos começaram a gritar e a pedir ajuda. Eu fiquei olhando para fora, vendo que estávamos numa descida sem volta. Olhei para uma aeromoça e ela estava em pânico, o que significa exatamente que algo de fato está fora de controle.
Comecei a chorar e a gritar, no meio daquele vozerio, quando notei nitidamente as copas das árvores logo abaixo, o que indicava que o chão estava muito, muito próximo. Como num passe de mágica, o bico do avião se elevou e por um segundo tive a esperança que iríamos tomar altura, mas não foi o que aconteceu. Após isso, entendi perfeitamente que o capitão, numa tentativa heróica, faria um pouso ali mesmo, como última chance de salvação.
Tudo ocorreu em segundos. Eu vi do meu lado o que seria uma grande copa de uma árvore e logo depois o avião foi jogado para a direita forçosamente e depois um grande choque fez partir parte da fuselagem, arremessando pessoas com suas poltronas umas sobre as outras. E do meu lado um grande tronco abriu a fuselagem e entrou sobre a fileira de poltronas em minha frente, atingindo as pessoas e arrastando as poltronas para o lado. Segundos depois, um outro baque levantou minha poltrona e me jogou para o lado, como se fosse um boneco. Senti algo me apertando e pressionando meu corpo. Esse sentimento durou um ou dois segundos, quando de repente um último impacto fez uma luz muito quente passar por meu corpo, acompanhado de um estrondo ensurdecedor. Não senti dor, apenas um rápido queimar; e tudo se apagou como que num imenso sono.

Quando voltei a mim estava olhando do alto uma grande mata. Senti-me estranho, como num sonho, porque não acreditei no que via. Da posição que estava, podia ver muito fogo no meio das árvores, e o que parecia ser a fuselagem de uma grande aeronave. De repente lembrei-me de tudo. Meu Deus!
Olhei do lado e vi uma multidão de pessoas, flutuando na mesma posição que eu, inclusive a senhora estressada do meu lado e o senhor, seu esposo. Um misto de admiração e medo percorreu meu ser. O que poderia ser aquilo?
- Será que estamos mortos? – perguntou a senhora estressado ao seu esposo.
- Não sei – respondeu ele.
Foi ai que percebi como acontecia a comunicação. Não havia som. Não havia voz. Fiquei observando aquilo como talvez Colombo ficou quando viu as Américas pela primeira vez. Olhei as pessoas se comunicando e quis saber em que mundo eu estava. Será que aquela senhora estava certa? Estaríamos todos mortos?
Olhei e vi mais pessoas subindo do meio do fogo e da fumaça e indo se juntar a nós. Olhei para mim mesmo e não entendi o que vi (e de certa forma ainda não entendo). Não tem nada com que possa ser comparado na Terra. Eu era o que poderia ser chamado de alma? Espírito? Eflúvio espiritual? – o que eu poderia dizer disso? Eu não entendia nada daquilo. Nunca fui nem religioso, ia à igreja esporadicamente e nem sabia se realmente acreditava na existência da alma ou da vida após a morte. Nunca quis parar para analisar isso com profundidade. Aquilo era tudo muito novo e surpreendente para mim – e assustador. Eu estava morto. Sim, era evidente. Todos nós estávamos mortos. O piloto não conseguiu evitar a tragédia.
Enquanto estava nesses meus pensamentos, de repente, a multidão ao meu lado foi arrebatada dali numa velocidade que me deixou amedrontado. Fiquei sozinho, sem saber para onde ir e o que fazer. Foi quando vi a mesma nuvem escura vindo muito rápido em minha direção, enchendo todo o céu azul à minha volta daquela escuridão e clarão de fogo. E agora?
Eu vi que a nuvem iria me engolir, porque ela encheu todo o céu à minha volta. O medo apoderou-se de mim e achei que fosse desaparecer engolido por aquelas nuvens espessas.
Do meio daquela negrura comecei a perceber o vozerio de uma multidão nervosa e um sentimento de pavor pior que o anterior tomou conta de mim. O que seria aquilo?
Não me restou alternativa. Estava morto, e vi que seria engolido por aquela nuvem, o que restava era pedir ajuda.
- Socorro! Meu Deus, socorro! – Se Deus existisse, Ele viria me socorrer?
Meu pedido de socorro pareceu tão afiado que foi cortada a espessa nuvem, e pelo corte surgiu um raio de luz e energia que me atingiu. E eu fui puxado do meio daquilo com tal violência que achei que me despedaçaria. Tenho certeza de que se estivesse no corpo, o corpo se dividiria em átomos tal foi a velocidade que fui arrastado dali por aquela energia.
Tudo levou alguns segundos. Quando tudo parou de repente, me encontrei num espaço que não havia nada. Exatamente nada. Ali não esperei encontrar nada até que todo aquele nada converteu-se numa presença que parecia embarcar todo o universo.
Quando vi aquele Homem eu quis morrer. Não houve necessidade de apresentações, de esclarecimentos. Era Ele: o Deus Criador. O Deus Criador do universo era um Homem como eu. Estava diante Dele e eu sabia que era Jesus, e que apesar de ser Homem, era também o Criador de tudo o que possa existir. Imediatamente me apaixonei por Ele. Era impossível não cair de paixão por Jesus. Sua beleza ultrapassava tudo o que eu já tinha visto e se eu usasse uma caneta e folhas, nem todas as folhas do mundo seriam suficientes para expressar em todas as línguas quão belo Ele é.
E Ele é amor. Eu senti, eu vi, eu experimentei. O Homem por excelência é amor! Um amor maior que todo o universo, que perpassa tudo, envolve tudo o que existe, está em toda parte e existe por si só; não aumenta e nem diminui. Quis abraçá-Lo, me entregar a Ele, ser Dele. Vi que Ele é o centro da vida, tudo o que mais preciso para existir, ser feliz e viver. Com Ele não precisaria de mais nada. Nada. Nada. Nada.
Aquele Homem lentamente veio caminhando no vazio até onde me encontrava, e senti que ia morrer de amor, desaparecer como uma gota no oceano. E desejei isto.
Eu O vi, e essa visão era o mais real que pude compreender até aquele momento. Ele era muito mais real do que eu, do que o planeta, do que tudo o que já tinha visto. Entendi imediatamente que não O estava vendo com os olhos: era uma visão totalmente nova para mim, muito mais real, não tinha necessidade de luz e não havia sombras. Percebi que aquele era o mundo espiritual. Como pude estar errado até aquele momento! A vida após a morte existia; Deus existia; Jesus era Deus, não era apenas mais um personagem da história humana.
Eu O vi, e quando Ele se aproximou achei que fosse desaparecer com tal arroubo que tomou conta de mim. Seus olhos eram profundos, expressivos, cativantes, e deles saiam um poder que – entendi, não me pergunte como – era capaz de criar e recriar o universo somente com um de seus olhares. Que entendimento profundo é este!
De repente um esplendor tão estupendo e maravilhoso, uma glória, uma energia, um poder, uma eletricidade (é o mais perto que posso chegar, e ainda estou milhões de anos luz do que realmente vi) fluíram de seu corpo humano e abraçaram todo o universo, e também além universo, indo a lugares que jamais sonhei existirem. Era tudo extremamente real.
- André, EU SOU o VERBO.
Ao ser atingido por essa PALAVRA eu quase desapareci – disso tenho toda certeza do mundo. Foi real. Quase deixei de existir quando aquela PALAVRA me atingiu – essa realmente é a melhor explicação do que vivi. Fui atingido e a “existência” pode deixar de existir somente no contato com a PALAVRA de Deus. Eu vi, eu sei, eu vivi. Sei do que estou falando.
Ele conhece meu nome, sabe quem sou, de onde vim; sabe tudo de mim. Senti-me envergonhado diante Dele. O que eu poderia oferecer a esse Homem? Nada. Não tinha nada a oferecer. Ele olhou para mim, mas quando digo para mim, quero dizer no mais profundo de mim. Senti seu olhar me perscrutando, amorosamente, e eu permiti – na verdade desejei ardentemente. O que eu não faria por Ele? Senti uma ponta de ódio em mim: por que não O encontrei em vida e só agora fui acordar para Ele?
Não tive palavras. Não tinha o que Lhe dizer. Ele já sabia de tudo o que eu fui e fiz. Não havia como me esconder Dele.
Num piscar de olho, vi diante de mim esse Homem na cruz, com os cravos transpassando seus pulsos, seus pés, seu lado direito escorrendo um líquido parecido com sangue. Dos seus olhos escorriam sangue... vi moscas se assentando em sua Face, entrando em sua boca quando Ele a abria para respirar. A coroa de espinhos fincado em sua cabeça fazia jorrar sangue sobre suas faces indo parar em sua boca.
Eu pude ouvir as últimas batidas do Coração de Jesus e O vi morrendo de asfixia enquanto seu Corpo todo se estremecia com as cãibras. Vi a lança penetrando o lado direito de seu Corpo e o sangue esguichou em minha direção. Ao meu lado eu vi Maria, sua Mãe. Ela chorava e sofria, e de seus olhos vi jorrar sangue, como os Dele.
Pensei como tinha sido permitido a uma pessoa sofrer tanto, e sua Cabeça se ergueu e olhou para mim. Fiquei horrorizado com tanta dor e sofrimento. Ele não merecia.
Como num raio, toda minha vida passou diante de mim e eu assisti tudo no que pareceu ser apenas um segundo. Consegui entender tudo, cada acontecimento, e vi todo o mal que fiz a mim mesmo e a todas as pessoas do mundo quando agi mal. Com tudo isso me acompanhou a Presença de Jesus em cada segundo da minha vida... em todos os segundos da minha vida Ele estava por perto, bem do meu lado, literalmente. E O via sempre na pureza de seu Coração, na santidade de sua Pessoa, e naquele momento entendi o quanto Deus é santo. Isso me chocou tremendamente.
- André, meu filho. Todo este Sangue é teu.
Ele me olhou com seus olhos penetrantes e cheios de amor. Todo o Sangue que ainda escorria Nele era de uma cor tão viva como se todo o vermelho do universo pudesse estar numa única gota. Eu quis morrer. Fui eu que O fiz sofrer tanto; foram minhas atitudes egoístas, meus desejos desonestos, mesmo que pequenos... O vi morrer por minha causa da morte mais terrível que vi alguém morrer. Quis morrer no lugar Dele, quis sofrer um bilhão de anos para não vê-Lo sofrer nem um segundo. Só eu merecia esse castigo terrível e o merecia cem bilhões de vezes por dia, por ter sido tão mau durante a vida.
- Tuas culpas e impenitência obrigam a justiça a agir. Eu te ofereci a salvação e a minha misericórdia durante toda a tua vida para aplacar a justiça e as rejeitaste com persistência. Como posso Eu te ajudar quando não queres ajuda?
Ao ouvi-Lo dizer isto, vi em cada instante da minha vida a Graça de Deus usando de todos os meios possíveis para me alcançar, desde pequenos gestos das pessoas até toques puramente espirituais em minha alma, repetidas vezes durante o dia, e em todos esses chamados divinos eu me fiz de surdo e não quis ouvir. Como pude ser tão insensato e egoísta! Por que quis fugir desse Amor tão infinito?
Após isto, fui arrebatado com tal ímpeto que a velocidade da luz foi ultrapassada milhares de vezes, e fui colocado diante da Santíssima Trindade, e pude contemplar o Céu e o lugar onde me havia sido reservado desde toda eternidade. Tudo isso aconteceu em menos de um segundo, mas pude gravar aquela imagem e visão para toda a eternidade. Vi quem Deus é e o que eu seria Nele. Vi o que perdi por não ter vivido antes de morrer a Vida divina que viveria na eternidade.
De repente estava diante de Jesus de novo. Vi toda sua pureza e me comparei a Ele. Minha vida estava toda suja e imunda diante dos meus olhos, e eu não tinha nada a ver com esse Homem e em nada parecia com Ele. Quando olhava para Ele, sua luz era tão inefável que me tornei só sombra diante de sua pureza, porque não encontrei sua luz em mim. Pobre do homem que não tem o Salvador e o seu Espírito em sua alma! Na eternidade não encontrará qualquer luz desse Homem em sua vida... e passará a eternidade assim.
- Jesus, eu não mereço seu perdão. Rejeitei seu Sangue, a salvação. Eu te crucifiquei, te magoei mil vezes todos os dias. Não sou digno de viver Contigo.
Ele olhou-me com uma tristeza tão grande que me era preferível morrer cem mil vezes com as mortes mais terríveis e antes disso sofrer um bilhão de anos com as dores mais horrendas a ver aquela tristeza no rosto de Jesus novamente. Entendi perfeitamente que a impureza não pode conviver com a Pureza em Pessoa, porque Deus é santíssimo.
Nisto, comecei a me afastar de Jesus rapidamente, e fui vagando sem rumo no espaço vazio, e fui encontrando uma grande e espessa escuridão, tal como jamais imaginei existir. Não existia ali luz de qualquer espécie. E o pior de tudo é que quanto mais me afastava de Jesus, mais triste ia me sentindo: uma tristeza quase infinita, bizarra, tal qual jamais havia sentido. Aquele estado de tristeza foi tomando conta de mim com tal intensidade que só o fato de me lembrar do que vi e ouvi já me causa mais tristeza ainda, e quanto mais tento me ver livre desse estado de dor, mais triste me sinto. Percebi que tinha perdido Deus para sempre e que não conseguiria voltar a Ele. Minha alma foi inundada de trevas e não conseguia sequer pensar direito ou raciocinar logicamente. Nenhuma lembrança feliz da Terra ou do encontro com Deus me fazia escapar daquelas trevas, antes me fazia entregar mais a ela. E quanto mais me afastava, mais horrendo ia ficando, não havia mais em mim nada que pudesse lembrar a beleza de Deus. Fui perdendo a minha “imagem e semelhança de Deus”.
Era o nada. Era o vazio. Não existia nada . O vácuo – mais que isso. É inexplicavelmente depressivo. Aprendi que sem Deus não há nada no universo e você não tem como usufruir nem da Criação de Deus. Sem Deus perde-se a ligação com todo o resto, e a conexão consigo mesmo é rompida, e acaba-se perdendo até a identidade pessoal. Você não se reconhece mais, não se olha mais, não se percebe mais, apesar de seu vazio interior ser o centro da sua vida e de sua total atenção. É a isto que chamam de inferno – e antes ele fosse de um fogo físico como dizem na Terra. Seria menos mal, mas esse “fogo” espiritual que sinto aqui é um terror que é quase infinitamente maior que todo o fogo da Terra reunido num só lugar.
Fui encontrando nesse vazio uma multidão de almas no mesmo estado que eu. Que horrível estar neste estado! Antes sofrer no fogo de um vulcão por toda a eternidade do que estar vivo no estado dessa depressão. Isto é uma depressão infinitamente mais profunda do que a depressão que se pode sofrer na Terra. No meio daquelas almas, havia também uma multidão incontável de anjos que abandonaram seus tronos no Céu e que adquiriram (como as almas humanas) uma forma espiritual sem glória alguma.
Assim que comecei a entrar nesse estado de vazio, vácuo espiritual, tudo perdeu o sentido. Perdi minha vida, não há nada em mim de bom agora. Perdi o amor por mim, a paixão que senti por Jesus no momento que O vi. Sinto-me completamente só, mesmo no meio desta multidão atormentada, que comigo geme eternamente de desespero e aflição com gemidos inexplicavelmente aterrorizantes, mesmo não havendo qualquer som audível.
Comecei a sentir um ódio de tudo e de todos. Um ódio de Deus, de mim mesmo e dessa multidão infeliz. Ela ainda me faz mais infeliz com sua presença. Gostaria de desaparecer, mas não sou capaz. Gostaria de pedir ajudar, mas quem poderia me ajudar? – além do que qualquer pessoa que pudesse se aproximar de mim me faria sofrer mais ainda, porque quero me isolar, fugir até de mim mesmo. Quanto sofrimento há aqui que, se juntar todo o sofrimento que houve na Terra desde o primeiro homem até o ultimo sofrimento que haverá, nem assim chegaria a meio por cento do que sofro em um só segundo. Seria tão mais fácil obedecer a Deus!
Agora sou todo ódio e tristeza mortal. Tenho sofrimentos aqui que não podem nem sequer serem explicados e eu mesmo não os entendo. São extremamente profundos, indizíveis. Trocaria sofrer eternamente nas mãos de Deus do que estar neste estado sem ver a Deus. E o pior: nunca sairei daqui, deste estado. Vou ficar aqui e tudo há de piorar quando Jesus voltar à Terra e acontecer o Julgamento Final e meu corpo me for restituído. Tudo só está começando! Mas é justo, mereço estar assim, escolhi chegar aqui, escolhi não servir...
Se me fosse possível destruiria o universo, todas as pessoas, todos os espíritos, aniquilaria Deus para que eu não sofresse tanto assim, só por saber que todos eles existem. Eu quero ficar só, mas já estou completamente sozinho! Quero fazer Deus desaparecer, mas como gostaria de viver com Ele para sempre! Eu O odeio e O desejo infinitamente. Sinto um vazio infinito dentro de mim porque é um lugar em mim que só um Deus infinito preencheria.
A que condenação eu me meti! Num circulo vicioso de dor, tormento interior, ódio, medo, pavor, tormentos espirituais inexplicáveis, saudade de Deus, das pessoas que um dia amei e que agora odeio (pois não posso nem sentir pena se não estou com Deus)! Estou mergulhado num oceano vazio de tristeza e depressão que só se faz aumentar quanto mais penso neles. Sou atormentado psicologicamente cem por cento dos momentos que vivo aqui e não posso fugir desses tormentos, porque não posso fugir de mim mesmo, sendo que esses tormentos são o reflexo do meu vazio interior. Estou vazio, oco, sem vida espiritual, sem qualquer luz ou iluminação de qualquer forma. Sirvo ao meu deus chamado vazio (ao invés de ter servido na Terra ao Deus infinito e vivo), mas o deus vazio não existe e acabo caindo no vazio cem por cento das vezes. E isto não terá fim e só vai piorar após eu receber meu corpo de volta.
E todos virão parar aqui, se agirem como eu, mesmo sendo pessoas boas... se negarem servir o Deus-Humano chamado Jesus, se negarem amar, se negarem acreditar e continuarem sem penitência alguma. Há um espaço infinito aqui... um vazio que cabe todos que escolherem não servir ao Altíssimo e não amarem como Deus ama. E virão me fazer companhia, embora eles só aumentarão meus sofrimentos e eu aumentarei o deles, infinitamente e por toda a eternidade.
Estou aqui neste estado deplorável... se você vier aqui, me procure, quem sabe podemos nos conhecer; sou a criatura mais horrível e a mais triste que vive aqui. Vai ser fácil você me encontrar.
Eu sou você no futuro... se não escolher servir e amar Jesus a partir de agora, porque não existe salvação sem o Nazareno e fora de sua Igreja.
Fim.
TT Anderson



O QUE ACONTECE DEPOIS DA MORTE SEGUNDO A BíBLIA: O CÉU.

Nisso, algo de intensa e larga energia os atingiu em cheio e eles foram arrastados, juntos, como se tivessem sido ejetados para um “espaço” tão distante que no percorrer daquele “caminho” sem nada, nada encontravam, senão o que parecia ser o nada.
- Estamos fora do universo – explicou-lhe o ser. Ao entender isso, Pedro notou imediatamente que aquele ser era o embaixador que o acompanhara da primeira e da segunda vez na ocasião de “suas mortes”.
Num instante, eles pararam de viajar. Pedro olhou à sua volta, atônito, e perguntou ao ser onde estavam.
- Aqui não é o onde, Pedro. Aqui é o agora.
Como que se fosse jogado num oceano, Pedro sentiu-se atirado diante de um Ser. Ao contemplá-Lo, Pedro quase morreu de amor e de arroubamento. Pedro, face a face com o Divino Criador, nas três Pessoas, sentiu-se abraçado por dentro e por fora, num transe de amor, paz, de alegria, felicidade infinitos, e que ultrapassavam o infinito. Ele viu o Ser. Era Deus, e Ele não necessitava de apresentações. O Ser o olhou, o viu, o perscrutou, o recebeu em seu Seio eterno e o acolheu como filho. Pedro sentiu o poder que criou todas as galáxias perpassar sua pessoa e o enriquecer de tanto conhecimento e visão de Deus que Pedro pensou que iria desaparecer. Mas, quanto mais aquela energia ultrapassava sua alma, mais ele sentia-se fortalecido. Ele olhou Deus, o Pai, o Verbo e o Espírito e percebeu que tudo o que tinha imaginado de como Deus seria era uma mentira. Deus não era um fogo, uma luz, uma energia. Pedro entendeu que ele mesmo não era nada, e que Deus era tudo, que todo o universo nem era nada em comparação com Deus. Ele viu e tornou-se testemunha de que Deus era infinito, que sua presença estava em toda parte; no universo estava presente em cada átomo e nas partículas ínfimas do átomo. Ele estava constantemente presente como mantenedor de toda forma de existência, desde as partículas do átomo até as enormes galáxias. Sua Presença era infinitamente maior que o universo e a energia que fluía de seu Ser era eterna e infinita. Só Deus existia.
Pedro quis desaparecer no Seio eterno da Divindade, ser por Ela invadido e possuído, mais e mais, até que nunca terminasse. Desse Ser fluía interminavelmente uma felicidade e um amor infinitos, e Pedro percebia que esse amor e felicidade estavam direcionados a ele.
No que parecia ser um segundo, Pedro entendeu tudo o que o universo era para Deus, como foi construído, desde o menor átomo ate os conglomerados de galáxias. Ele viu em Deus todos os seres humanos, desde o primeiro até o último e entendeu todo o plano do Criador sobre cada um deles e sobre si mesmo. Ele viu todos os seus conhecidos, mortos e vivos em Deus, e entendeu toda a amplitude de suas ações perante o Criador. Tal ciência e conhecimento invadiu seu ser e o fez ficar assombrado com o que não conhecia e nem imaginava das coisas e dos seres de Deus. Dessa perspectiva, Pedro participava, de um modo finito, da onisciência e onipresença do Criador. Ele sentiu-se em vários lugares ao mesmo tempo enquanto via isso em Deus e participava ativamente de todos esses lugares. E mais: Pedro percebeu que seus pedidos e orações diante do Criador eram ouvidas...
Como poderia Pedro explicar como Deus era? Não havia comparações com nada que ele já tinha visto antes. Nada. E Deus era infinito, em todas as suas virtudes e seus poderes; e Deus era a própria Vida. Não existia nada além de Deus porque tudo coexistia na Vida de Deus. Pedro viu que Deus não tinha comparações. A Divindade era infinitamente superior a tudo o que existia ou a que viria a existir. O Pai, o Verbo e o Espírito, unidos, se amavam e amavam tudo, mesmo os que Os odiavam. E Pedro estava vivendo entre Eles, isto é, no meio da Divindade, como um amigo e filho desejado e amado. A pureza desse Ser era tão infinita que mesmo o mais santo das criaturas não podia sequer ser comparado com a santidade Dele. Não existia paralelos ou competidores, ou comparações.
Atônito e usufruindo dessa felicidade e poder infinitos, Pedro viu de repente junto de si alguns de seus parentes falecidos, e ao lado deles uma multidão incontável de almas e espíritos que também estavam envolvidos pela glória e pela energia que fluía da Divindade. Todos estavam em comunhão com Deus e adoravam ao Supremo Ser. Não era um local, mas um estado totalmente incomparável, porque o próprio céu era estar em comunhão com a Beleza infinita que era Deus mesmo. Com todo aquele poder, beleza, amor, felicidade, alegria infinitos e sem fim, Pedro percebeu que viveria a eternidade num estado de total e infinita felicidade e amor que nunca se cansaria de estar ali, e soube que quanto mais desejasse mais teria e era uma fonte inesgotável.

Pedro viu no Verbo as marcas da Paixão. Jesus estava marcado em seu corpo humano por toda a eternidade com as chagas que trouxeram a salvação sua e de toda aquela multidão de almas ali e as que ainda chegariam àquele estado.
Mas Pedro também viu uma multidão que recusou a salvação ou menosprezou as marcas do Verbo e não deu ouvido ao Espírito de Deus e por isso não estava ali. Então, Pedro entendeu que aquela multidão estava no estado que se chamava de “inferno”, por não terem entrado no Céu, isto é, não puderam usufruir da felicidade de Deus.

E Pedro entendeu: nada podia ser feito por eles. Porque tanto aquela multidão que estava com Deus e a que não estava jamais sairiam desse estado e viveriam assim para sempre. Pedro temeu por aqueles que ainda estavam na Terra e orou para que todos pudessem chegar a usufruir da Presença assim como ele também estava. Mas ele soube que alguns não chegariam...porque morreriam afastados de Deus.

tt 

O QUE ACONTECE DEPOIS DA MORTE SEGUNDO A BíBLIA: O PURGATÓRIO.

Aquela multidão clamava uníssono; aquelas vozes numa comunicação diferente da humana, unidas, formavam um hino poderoso diante do Criador, um hino de amor; e eles se deixavam tocar pela purificação para que fossem capazes de entrar na beatitude eterna. Eles sabiam que não eram capazes de entrar no estado eterno de felicidade do jeito que eles chegaram ali. Seria como tentar fazer a Via Láctea caber num dedal.
Pedro sentia-se esperançoso e muito ansioso para que chegasse o momento de sair dali, como havia-lhe sido prometido que aconteceria. Volta e meia, via aparecer um ser que tinha o aspecto do embaixador que lhe acompanhara e resgatar alguma pessoa que estivesse ali. E esses seres que iam até ali sempre tinham alguma palavra de consolo para aqueles que jaziam naquele estado. Também, uma indizível Senhora sempre lhes aparecia com tal esplendor que eles tinham receio de olhar para ela e morrerem mais uma vez. Ela sempre levava àquela multidão uma palavra de esperança. Também, Ela sempre vinha ali para resgatar alguma alma agraciada e a levava embora dali com cantos de louvores.
Pedro não fazia ideia de quanto tempo já estava ali. Parecia-lhe às vezes que fazia anos, mas algumas vezes parecia que fazia minutos. Mas não importava nada disso, porque o que importava era que veria Deus tal como Ele é, face a face, e estaria com a Felicidade infinita eternamente; e o mais surpreendente: poderia usufruir dessa felicidade e viver nela.
Diante de si, aquela multidão que não via fim, era um lembrete de que a impureza humana era incompatível com Deus. Ninguém podia entrar na presença de Deus com o coração impuro e as mãos sujas. Ele sabia disso e vendo o que ele viu, entendia que era completamente justo, e se Jesus não tivesse lhe dito isto, ele mesmo pediria isto a Ele, pois não se sentia limpo o suficiente para continuar olhando aquele olhar puríssimo.
Quanto mais Pedro esperava, mais aumentava seu amor por Deus e sua esperança de sair dali. Quanto mais se entregava ao amor de Deus, mais limpo se sentia. Ele recordava-se da Terra, mas mesmo ali, não sentia a menor saudade de lá. Pensava em sua esposa e em seus filhos, e queria vê-los, mas não queria nunca mais voltar para a Terra. Mesmo estando no estado em que se encontrava, ele não queria voltar a viver como vivia antes. Apesar de sentir-se incompleto e cheio de uma dor agudíssima por não estar vivendo com Deus ainda, Pedro entendia profundamente que essa dor era necessária para que seu encontro com a Divindade fosse mais que um encontro, se tornasse uma união. E isto avivava em seu coração como uma chama pura e cheia de fulgor tanto que ele sentia-se como derretendo em meio a chamas de amor. O amor fazia-o sentir queimando por dentro numa dor de saudade de Deus. A única coisa que Pedro desejava ali era sair e ir unir-se ao Espírito de Deus. Nada mais. Ele não sabia o que o esperava, mas conseguiu enxergar a “claridade que passava pela cortina”.
Naquele estado Pedro não sentia dor física alguma. Nenhuma necessidade ou prazer físico. Não estava ali em corpo, mas seu “espírito”, seu “sopro”, sua “essência”, isto é, seu pensamento estava ali... e “sentia”, “via” e “ouvia” – e pensava, lembrava, meditava. Mas tudo era transcendental, algo além de tudo o que se pode ser explicado. Um cientista cético ali enlouqueceria, e desejaria compor volumes e mais volumes sobre como as coisas ocorriam ali, desde a comunicação não verbal, sem palavras, até o modo como eram “feitas” as almas e o fato de elas não estarem em um lugar, mas num estado. Ali não havia objetos, paisagens, som, imagem, luz ou escuridão. Era algo além disso, como o ser humano nem pode sequer descrever, e sem ver nem pode imaginar que exista. Nenhum ser humano que não tenha visto pode sequer imaginar um cisco do que aquele estado é, ou como é o “pensamento”, a mente humana, isto é, o que chamamos de alma espiritual. Não existe nem sequer uma sombra de ilusão, isto é, a ilusão não existe no mundo espiritual, porque é somente o cérebro que a produz. O que Pedro enxergava sem os olhos físicos era algo além do que o cérebro humano seria capaz de enxergar ou o pensamento formular. Um cientista passaria centenas de bilhões de anos estudando somente uma visão que tivesse ali sem chegar a nenhuma conclusão de como tudo ocorria.
E Pedro ainda veria coisas que superavam infinitamente tudo o que tinha visto até então, no momento que saísse dali. E mais: Pedro veria Alguém, face a face, que ultrapassaria até o infinito.

Ele estava em constante entrega e oração quando, ao olhar para aquela imensa multidão por um segundo, Pedro viu o que poderia ser chamado de alguém numa velocidade incrível percorrendo todo aquele mar de gente. Estava procurando por alguém. Isso acontecia com frequência quando alguma alma sairia daquele estado. E sempre que isso ocorria, todo aquele mar de gente se agitava, elevando cada vez mais suas orações e louvores. Isso alimentava a esperança de sair dali, por isso todos voltavam atentos para aquela aparição.
Aquele ser pairou sobre eles, como que procurando pela pessoa que viera buscar, envolto de um esplendor e beleza que, naturalmente, e a evidência dizia, eram reflexo do esplendor e da beleza do Criador.
De repente, aquele ser, no esplendor que ultrapassava todos os brilhos naturais da Terra, e ainda era diferente do que se via por lá, olhou em sua direção... e seu espírito tremeu como que fosse atingido por um raio. Um estrondo riscou o espaço e Pedro viu abrir sobre si o que poderia chamar de luz, mas não era uma luz. Ele sentiu-se renovado de uma força e flutuou em direção ao ser que o esperava. Nisso, seu corpo espiritual – que não tinha nada a ver com um corpo físico, - transformou-se em um aspecto parecido com o ser que o esperava e foi envolvido de um reflexo divino do qual, ao se olhar, assustava-se por tamanha glória e fulgor.
Pairou sobre aquela multidão que aumentava seu clamor ao ver tal espetáculo. O ser aproximou-se de Pedro e o cumprimentou com voz espiritual tão forte como se houvesse nele caixas amplificadores de alta qualidade.
- Teu Pai te espera.
- Eu também O espero – foi o que Pedro comunicou.

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O QUE ACONTECE DEPOIS DA MORTE SEGUNDO A BíBLIA: O JUIZO PARTICULAR.

Desde seus 10 anos, Pedro tinha medo da passagem. No dia de seu aniversário, ele viu sua amada avó estendida sobre o caixão à espera de ser enterrada no cemitério mais feio do mundo, segundo ele. O corpo de sua avó estava inerte e ele olhou aquilo com... indiferença. Não parecia ser sua avó; era como uma casca ali, deixada para trás. Sua mente trabalhava para não ter qualquer emoção, contudo seu coração gritava aos quatro cantos do mundo. Ele quis deitar e ficar ali com ela... mas teve medo dela. Pela primeira vez, teve medo de sua avó.
A morte de sua avó foi seu primeiro contato com a morte e não seria a última.
Vinte e cinco anos se passara, e ele olhando para a foto escurecida e velha na qual sua falecida avó estava, se lembrava de cada segundo daquele dia terrível. Parecia que era hoje, parecia que tinha acabado de acontecer; ainda conseguia sentir o cheiro das flores, da pele morta de sua avó. Tudo ainda estava gravado em sua mente e em seu coração, e parece que jamais desapareceria.
Era o dia do seu aniversário de trinta e cinco anos, Pedro dirigia seu carro de volta para casa pelas avenidas caóticas depois de um dia extenuante de trabalho. Sua mente estava em sua casa, o aconchego da sua família, e não via a hora de chegar em casa. Seus três filhos pequenos o esperavam, sua esposa o esperava, linda e fiel, e quando pensou neles, seu coração se acelerou e sua mente foi como que atingido por um raio. Um sentimento de culpa pairou sobre sua cabeça e o torturou por alguns instantes.
Pedro sabia que não era justo fazer isso com sua família, especialmente com sua esposa. Manter um contato extraconjugal com uma mulher que ele nem amava era um desperdício de tempo e de energia, mas ele já o mantinha há algumas semanas, e não era a primeira vez que traía sua esposa... a lista de mulheres já tinha passado do limite que podia ser lembrado.
Pedro não era mau. Era um bom pai, amava seus filhos; era um bom esposo, apesar das traições, e tinha sua esposa como a melhor mulher do mundo. Parecia amá-la e daria até sua vida por ela. Era um bom patrão: seus cinco funcionários não tinham nada de mal para falar sobre ele. Ia regularmente à Igreja, rezava com freqüência, ajudava obras de caridade, e sua fama era o de ser o melhor amigo que já existiu.
Pedro, porém, ainda assim sentia um incomodo em seu coração. Ele era o homem que não conseguia se livrar do vicio de sair com outras mulheres, mesmo com um ótimo casamento.
Mas, o que ele não sabia era que isso ainda seria resolvido no dia do seu aniversário.
Quando fez a esquina que dava para a rua de sua casa, Pedro avistou um enorme caminhão, estacionado, perto de sua casa. Sorriu por perceber que ele estaria estacionado bem de frente à sua garagem e dificultaria sua entrada.
Ainda estava pensando nisso quando percebeu que o caminhão não estava parado, ele estava descendo ladeira abaixo, de ré, em sua direção, desgovernado. Ele parou imediatamente o carro pisando fundo no freio, mas antes que pudesse mudar a marcha, o caminhão o atingiu com um barulho ensurdecedor de lataria sendo esmagada e vidros se estilhaçando.
Pedro sentiu um forte impacto em seu corpo e em seu rosto: era o air-bag reagindo ao impacto. No segundo seguinte, percebeu que o carro estava sendo arrastado rapidamente que os pneus até rangiam contra o asfalto. Sentiu um gosto de sangue na boca e um cheiro forte de combustível e fumaça. Ainda no mesmo instante, percebeu que o teto estava se abaixando, atingindo sua cabeça; sentiu também  que a traseira do carro atingiu algum obstáculo, um muro de uma casa ou outro carro, talvez. Foi tudo instantâneo.
Pedro percebeu que seu corpo estava sendo pressionado para baixo, como numa caixa fechada, sentiu sua cabeça girando de um modo lento até atingir uma velocidade perigosa numa vertigem que o fez vomitar. Sentiu que o ar não estava mais entrando em seus pulmões, que existia um entorpecimento em seus braços e pernas, e um calor percorreu todo seu corpo e logo em seguida um formigamento tomou conta dos braços e das pernas até atingir seu rosto. Um gelo tomou conta de tudo à sua volta e ele não conseguiu perceber mais nada.

Uma leveza tomou conta de todo o carro. E ao longe ouviu gritos de desespero e de socorro. Percebeu que um carro freou do lado do seu e ele pôde ver quem estava nele. Era alguém totalmente desconhecido. Essa pessoa saiu do carro com um extintor de incêndio e o esvaziou sobre o seu carro, apagando as primeiras chamas.
Pedro fez um movimento e levantou-se no ar. Tentou segurar-se na cabine amassada do carro, mas não foi capaz. O carro totalmente esmagado contra o muro, pressionado pelo caminhão, ficou uns 3 metros abaixo de si, e ele começou a perceber toda a realidade dessa perspectiva.
As pessoas começaram a se aglomerar em volta do carro, enquanto alguns gesticulavam ao celular e outros impediam a passagem de carros. Ao longe, três ou quatro casas ladeira acima, ele pôde ver sua esposa correndo na direção do carro.
Ela parou de repente, ajoelhando ao lado do carro, enquanto gritava o seu nome. Pedro tentou se aproximar dela, mas sem sucesso: ele não conseguiu se mover de onde estava.
Nesse instante, um carro dos bombeiros parou com ruído ali próximo. Tudo de repente transformou-se diante de si como se um clarão tomasse conta de todo o ambiente e ele sentiu-se ofuscado e banhado por uma luz que jamais vira antes. O lugar onde estava o carro, sua esposa, os curiosos, o carro dos bombeiros foi totalmente tomado por essa luz de tal forma que não conseguiu enxergar mais nada além dessa luz.
Um medo tomou conta de si, ao mesmo tempo que uma leveza percorria todo o seu ser. Se fosse possível, ficaria ali para sempre. Não ouvia nada, nem respiração, nem dor, nem o movimento de vento ou qualquer outro ruído. Apenas o nada em toda parte.
Essa luz era tudo o que podia perceber e ela não o machucava, antes sentia necessidade que essa luz jamais se apagasse.
- Meu Deus, será... que estou morto? – foi seu pensamento. Até pensar era diferente, porque a sensação era que todo seu ser era pensamento e que se alguém estivesse por perto, saberia o que estava pensando.
- Deus... – ecoou em seu ser essa Palavra, como que fosse dita no mais íntimo de seu ser.
Instantaneamente a luz dissipou-se e ele se viu ainda no mesmo lugar que estava antes, vendo todos os acontecimentos a 3 metros de altura. Muitas pessoas estavam ali, bombeiros... e sua esposa amparada por outra mulher que ele não conhecia. E no meio dessa muvuca, alguns bombeiros estavam em volta de um corpo inerte estendido no chão, e Pedro, ao olhar com mais firmeza, percebeu que era ele. Eles puxaram seu corpo e o colocaram sobre uma tábua amarela e energicamente cortaram a multidão e levaram seu corpo até uma ambulância parada ali próximo.
Assombrado, Pedro observava tudo isso, sem poder nem sair de onde estava. O único pensamento que teve foi que estava morto, era sua única resposta.
Nesse instante, sentiu arrebatado até um outro local. Era um hospital muito grande. Num relance, numa velocidade espantosa, Pedro foi puxado atravessando muitos cômodos, alguns com muitos pacientes esperando, outros com médicos e outros com doentes em camas. Segundos depois, viu-se parado no que parecia ser um UTI. Começou a assistir tudo do teto.
- Meu Deus... cadê você? – pensou ruidosamente, como que seu pensamento tivesse ecoado por todo o universo.
Ao analisar bem, viu o paciente que estava na cama. Era ele mesmo, cheio de tubos e fios, envolto de aparelhos estranhos.
De repente começou a entender o que estava acontecendo. Um medico entrou e disse para o outro:
- Está quase tudo preparado para a retirada dos órgãos... e como estão as funções vitais?
O outro medico respondeu algo que Pedro não entendeu.
- E a parte burocrática? – continuou o outro.
Um sentimento perto do desespero apoderou-se de Pedro. Ele estava realmente morto... e agora? Pensou em sua esposa, nos seus filhos... nos seus amigos. Como seria o mundo sem ele?
Mas, um pensamento aterrorizador tomou conta da sua mente: teria que se encontrar com Deus e prestar contas da sua vida?
Ao pensar isso, um grande silêncio tomou conta do seu ser. Ao mesmo instante sentiu-se avivado, e todo desespero desapareceu instantaneamente. Ele sentiu seu ser sendo puxado com uma velocidade incrível até um “lugar” desconhecido para ele, um lugar que não conseguiria nem em um milhão de anos, usando todas as palavras do mundo todo, exprimir com exatidão... e uma paz que ele jamais sonhou existir invadiu seu ser.
Tentou expressar-se, mas a imensidão do “ambiente”, a paz inaudita, a perfeição que sentiu fizeram-no escolher não falar. Preferiu ficar em silêncio, apesar de ainda não ter ouvido auditivamente sua voz.
Quando ainda estava usufruindo desse mundo, Pedro sentiu aproximar-se dele um personagem, mas não o viu. Como ele sentiu, não sabia, mas teve a certeza absoluta que alguém estava se aproximando dele. De que lado vinha? Também não sabia. Não sentiu qualquer fio de medo, mas um respeito tomou conta de si e se pudesse ajoelhar-se teria ajoelhado.
- Tem alguém aí? – Pedro pensou, quanto tentou falar.
O ser que se aproximava parou ao seu lado e Pedro sentiu sua presença cheia de respeito, paz e graça.
- Quem é você? – pensou de novo ao invés de falar. Foi assim que Pedro notou que não tinha mais como falar; seu pensamento era sua fala.
Uma felicidade tocou seu espírito e ele se sentiu inflamado de um amor quando ouviu em sua mente a voz do personagem.
- Sou enviado de Deus para te dar uma mensagem.
- Você é um anjo?
- Sou um das centenas de milhares de bilhões que adoram a Deus sem cessar.
- Onde está Deus?
O personagem pareceu se entristecer, mas sua voz soou como um raio que fez o interior de Pedro se estremecer.
- Pedro, pedra dura! Deus está em toda parte...
- Aqui é o céu? Aqui é muito...
O personagem pareceu mudar de posição em relação a Pedro.
- Pedro, o céu é quando você está imbuído na Divindade e vive e se move Nela. Você e Deus se tornam quase um. Isto aqui não é o céu. Você não pode entrar nele, é incapaz de amar o bastante.
- Então...eu estou morto e não posso entrar no céu, vou para o inferno?
- Aqui é o além vida terrestre. O céu é infinitamente melhor que aqui. Você está aqui comigo porque não é digno de entrar no paraíso. Com suas ações, se você passasse agora pelo juízo com o Espírito Santo tocando em sua consciência, você perceberia que o inferno é o seu lugar eterno.
Pedro sentiu uma dor terrível em seu interior. Como que um tremor percorreu sua mente e ele sentiu vontade de morrer, desaparecer... se sentiu indigno de estar ali.
- É verdade, eu errei muito...
- E não buscou sua salvação... não se arrependeu e não buscou o perdão do Senhor Jesus Cristo.
- Eu me arrependo agora – explicou Pedro ao sentir o desespero se apoderar de seu ser. Como poderia estar num lugar impossível de explicar de tão belo e ainda se sentir assim?
- Se você estivesse em julgamento, você não seria capaz de se arrepender. Você veria que seu arrependimento seria impossível de te salvar das trevas... e seu arrependimento neste momento não tem peso para pagar suas dívidas com Deus.
- O que eu devo fazer? Me ajude... estou desesperado.
- Desde o início dos tempos, Deus, ao pensar em você, já te escolheu para te dar uma nova chance.
- Chance? O que eu devo fazer para ficar aqui ou ir para o céu?
- Não há o que você possa fazer aqui, Pedro. Aqui é o lugar da verdade.
- Então qual será essa nova chance?
Ao indagar isso, um grande raio rasgou sua visão e ele viu seu corpo inerte cheio de tubos sobre a cama. Ele estava de volta ao hospital e sozinho. O ser havia ido embora e com ele todo aquele “lugar”.
- Meu Deus... – ele suspirou, emocionado. Pedro entendeu tudo imediatamente. Ele iria voltar a viver na Terra. – Não sou digno, mas agradeço seu amor misericordioso...
Ao dizer isso algo como uma nuvem surgiu acima de Pedro e ele a olhou um pouco assustado, porque aquilo era nefasto e parecia cheio de ódio.
- Ele não merece isso. Não é justo ele ter outra chance. Deveria ser levado para o inferno.
Pedro se encheu de medo e buscou a ajuda de Deus com a força do intimo do seu ser.
- Vou me afastar, como ordenado a mim agora. Mas nesse mundo de onde você veio, vou te perseguir para que não consiga cumprir o plano de Deus, eu juro.
Ao dizer isso, a presença enjoativa desapareceu e Pedro percebeu interiormente que a presença cheia de ódio se foi por ordem de Deus, por ele ter recorrido à ajuda de Deus.
- Eu quero voltar, eu preciso voltar, não há nada mais justo, meu Deus.
Ao dizer isso Pedro sofreu um solavanco tão repentino e intenso que pôde ouvir um estrondo tão forte e amedrontador que jamais quis ouvir aquilo novamente. E ele foi se aproximando devagar até o corpo inerte na cama, e chegou tão próximo que pôde observar até os pelos da sua pele fria. Ele não sabia o que fazer em seguida, como voltar, até que sofreu outro solavanco intenso seguido do mesmo estrondo e tudo se apagou.

Pedro ouviu de novo o mesmo estrondo amedrontador e esse barulho o fez acordar. Ao abrir os olhos os aparelhos apitaram, e ele se deu conta de que estava de volta no corpo. Olhou do lado e viu um médico e uma enfermeira se aproximando.
- Ele acordou... – disse a enfermeira. E Pedro sentiu enjôo ao ouvir a voz dessa senhora. Como aquilo não tinha nenhuma comparação com aquilo que viveu segundos atrás! A voz dela era tão feia!
- Devemos avisar a família.
- Eu achei que ele não acordaria – continuou a enfermeira. – Era um caso muito complicado.
- Exatamente – enfatizou o medico. – Depois de ser dado com morte encefálica, horas depois um sinal de vida encefálica foi encontrada pelo Dr. Cezar. Quase foi feito um grande erro nesse paciente.
- E já estava em coma há seis semanas... eu achei que este não voltava, doutor.
Pedro ficou intrigado. Já tinha se passado seis semanas desde o dia do acidente! E parece que viveu apenas 10 minutos enquanto morto e já em seguida acordara.
A família foi chamada. Pedro voltou para casa um mês depois com algumas fraturas e ficou fazendo fisioterapia durante um ano. O mais incrível era que não tinha ficado nenhum tipo de seqüela neural apesar de ter perdido massa encefálica.
Pedro deixou sua vida de traição do lado e tornou-se ainda mais um bom pai e um ótimo esposo. Abriu um abrigo para mendigos, e começou a freqüentar um grupo de oração de sua igreja e tornou-se um grande pregador, viajando pelo país afora para anunciar o que tinha vivido.

Pedro estava se apaixonando por sua nova casa, em outra cidade, para onde levara toda sua família. Era pequena, mas muito aconchegante. Ficava perto de uma capela para onde ia sempre que podia para fazer suas orações.
Já fazia quase dez anos desde o dia do acidente e da experiência denominada pelos psicólogos e médicos de EQM (Experiência Quase Morte). Hoje, após esses anos, ele estava mudado. Não era mais aquele homem que não se importava tanto com a mulher e com os filhos. Estava mais feliz e menos propenso a desistir das coisas que faziam bem à sua família.
Depois do EQM ele se tornou outro homem. Sua esposa se surpreendeu, seus vizinhos, seus companheiros de trabalho, seus pais. Ele não era o mesmo. Ainda que fosse antes um homem bom, agora é um homem muito melhor.
Caminhava para a igreja todas as vezes que era solicitado. Tornou-se um missionário e sempre anunciava Deus e a experiência que teve por toda parte. Subia no púlpito e falava durante uma hora sobre Deus e sobre o que Deus fez por ele.
Num dia que ia para casa, vindo do trabalho, Pedro viu algo que parecia ser a mesma nuvem que vira na experiência. Os pelos de sua pele se eriçaram e ele freou abruptamente, enquanto seu coração parecia subir até seu pescoço. Quando olhou de volta para o lugar onde a nuvem estava, nada havia lá. Chegando em casa, ojoelhou-se  e pediu a Deus que o livrasse do mal. Desse dia em diante ele começou o calvário da sua vida.
Seis meses depois, um de seus filhos caiu doente e ficou de cama durante praticamente um ano, entre indas e vindas entre sua casa e o hospital.  Ele teve medo de perder seu amado filho. Mas, de repente, num domingo de manhã tudo passou. O jovem acordou como se nada tivesse e sentiu-se sadio como nunca.
Após isso, sua esposa caiu doente de depressão e síndrome do pânico e ele esteve do lado dela durante os anos seguintes, enquanto ela lutava contra essa doença, até que ela se curou.
Após a depressão de sua esposa, Pedro percebeu que era a luta que lhe prometera aquele ser nefasto no dia da EQM. E sabia, em seu coração, que era apenas o começo.
No dia do aniversario de 13 anos do acidente, Pedro dormia em sua casa sozinho quando, aparentemente, um curto elétrico incendiou a cozinha até que se espalhou pela casa. Pedro acordou com o calor das chamas já atingindo o corredor que dava para seu quarto. Salvou-se por pouco, pulando pela janela do quarto. Neste incêndio queimou-se o computador que continha o livro que estava escrevendo sobre a experiência de quase morte que teve.
Ele perdeu tudo e o seguro não cobriu tudo o que possuía. Sem saber para onde ir, Pedro alugou uma minúscula casa onde foram sua família e ele morarem. Sua comunidade o ajudou com móveis novos.
No mês seguinte após esse acontecimento, o pai de Pedro faleceu de AVC enquanto estava sozinho num quarto de hotel, em outro estado, a trabalho. Ficaram sabendo dois dias depois quando o encontraram morto.
Pedro se sentiu perdido em meio a tantos problemas e sentia-se esgotado, e por fim sentiu-se desanimado. No meio desse desânimo, encontrou-se sozinho, sem ser entendido por ninguém, nem por sua família. Estava no momento crucial de sua vida e ninguém parecia estar do seu lado, nem as pessoas que mais amava. Caiu numa depressão e ficou doente fisicamente com problemas de coluna e de coração.
Passou a viver assim durante mais alguns anos, entre momentos de luta contra depressão e a dor dos problemas à sua volta. Teve que passar por duas cirurgias na coluna e teve que se afastar do trabalho temporariamente, porém Pedro não se afastou de Deus e continuava sua missão mesmo em meio a tantos problemas.
Num dia em que estava em casa, sofreu um enfarto fulminante e morreu sem mesmo conseguir se levantar da poltrona para pedir ajuda. O fim de sua missão neste mundo foi assim: sentado numa poltrona enquanto tirava um cochilo num domingo à tarde, depois de voltar de um retiro espiritual no qual pregara.

Pedro estava dormindo quando sentiu como que uma eletricidade passando por seu corpo e logo em seguida uma dor aguda e terrível em seu peito. O corpo perdeu os sentidos e ele acordou sem ar. Não conseguiu mexer nada no corpo e ficou ali estirado sem conseguir falar ou mesmo levantar a mão. Foram alguns segundos de dor, e logo em seguida sentiu uma paz tomar conta da sua sala, apesar da dor. Aquela paz não era algo, parecia ter vida, ter existência própria. Era como que um perfume invadindo todo o ambiente e até seu ser. Essa paz misturou-se com sua dor e ele sentiu-a como que desaparecendo, apesar de ainda estar ali e essa dor parecia tornar-se uma benção ao invés de algo terrível. Essa dor era o chamado de volta para casa.
Depois disso seu corpo pareceu adormecer, começando dos braços e percorrendo vagarosamente todo o corpo. Olhou à sua volta e não encontrou ninguém. Estava sozinho, mas a paz que tinha vida estava com ele, não somente ao seu lado, mas dentro dele; e Pedro nunca mais queria deixar de sentir aquela paz.
Um trovão, como o já ouvido anos atrás, ressoou à sua volta e ele sentiu-se elevado acima de seu corpo, mas sentia-se milhares de vezes mais leve que anos atrás; e livre. Um senso de liberdade e imensidão tomou conta de sua vida íntima que ele não conseguiu nem entender, nem imaginar que isso existisse, nem nos seus maiores sonhos, nem que sonhasse por cem milhões de anos. Era incrivelmente infinito e perfeito. E a paz continuava a aumentar gradativamente...
Pedro não sentiu medo, como da outra vez. Não sabia exatamente o que aconteceria em seguida, mas sabia interiormente que seria algo que ele não conseguiria imaginar jamais. Tudo isso havia acontecido em menos de um minuto, mas ele sentiu como se fossem horas. Não queria que passasse essa sensação nunca mais, e se fosse possível, faria qualquer coisa para que jamais passasse.
Estou morto – foi o que pensou imediatamente. Mas, até quando? – Ele sentia-se muito mais vivo que jamais sentira e em seu interior teve a certeza que a morte não existe. Sentia-se muito mais vivo, imortal, cheio de saúde, de equilíbrio e leveza.
Tudo isso acontecia ali, enquanto estava naquela sala, ao lado de seu corpo inerte. Pedro olhava seu corpo e não sentia saudades dele, apenas o olhou como quem deixa de lado uma roupa suja e que precisa ainda ser lavada.
Nesse instante alguma coisa chamou sua atenção para o outro lado da rua, através da janela, e viu alguém vindo em sua direção, sem tocar o solo, atravessando a parede à sua frente.
Quando notou a presença dessa pessoa, ele tremeu inteiramente e seu ser foi tomado de uma alegria que não sonhava existir. Achou que fosse morrer por tamanho contentamento e efusão.
Aquele ser extremamente belo e poderoso vindo em sua direção o encheu de um arroubamento de alegria que ele mal pôde se conter, por isso procurou ir também ao encontro daquela pessoa, e quanto mais próximo chegava, mais achava que iria estourar de tanta felicidade.
- Pedro, eu vim te buscar.
Ao chegar ao seu ser o que dizia aquela pessoa, ele entrou num êxtase de paz e felicidade.
- Você é Deus?
Eles não conversavam entre si audivelmente, mas de uma forma totalmente nova para Pedro. Era algo desconhecido, uma comunicação que Pedro jamais imaginava que seria possível existir, um meio infinitamente superior ao meio utilizado na Terra, entre os seres. Mesmo quando teve a experiência anos atrás, a comunicação entre eles não era algo como o que estava tendo agora, nem de longe. Essa comunicação era algo infinitamente mais poderoso e eficaz do que o da Terra.
Pedro, ao contemplar o ser, imaginou imediatamente que ele era Deus. Aquela pessoa era totalmente diferente do que os seres da Terra, não tinha nada físico, mas tinha um corpo totalmente espiritual, com uma beleza que não podia ser comparado a nada que Pedro conhecia anteriormente, com um esplendor e beleza estonteante, elevado ao máximo que podia ser elevado uma beleza.
- Não sou.
Pedro ficou mais admirado ainda por saber que aquela pessoa não era Deus. Como não seria com tamanho esplendor e gloria em si, tamanho poder e felicidade que emanava dele?
- Sou apenas embaixador de Deus. Venho em Nome de Deus para te acompanhar até a eternidade.
- E onde está o meu Deus?
- Em todo lugar... mas vou te levar até Ele logo que me for permitido.
Pedro queria saber quem ele era, por quê era assim tão belo e cheio de esplendor, muito mais do que Pedro vira antes.
- Sou criatura. Sou assim por não ter deixado o Paraíso no tempo da desobediência.
Imediatamente Pedro entendeu do que ele falava. Falava da desobediência de Lúcifer.
- Não abandonei meu trono de glória e fui chamado a estar mais perto ainda de Deus. Por isso minha glória. Existem ainda seres muito mais gloriosos que eu.
Pedro ficava cada vez mais admirado.
- E Deus?
- Quando O vires, com certeza desaparecerás se Deus não der a você a capacidade de contemplá-Lo. Logo O verás...
- E Ele me dará essa capacidade? – questionou Pedro.
- Sim, te dará.
Pedro desejou ardentemente ver a Deus e saber como Ele é, mesmo que desaparecesse ao contemplá-Lo.
E Pedro está a ponto de contemplá-Lo, como todo ser humano irá um dia fazer. Mas será muito além do que Pedro sequer imaginou ou seria capaz de imaginar.

Pedro desejou ardentemente ver a Deus e saber como Ele é, mesmo que desaparecesse ao contemplá-Lo.
E Pedro está a ponto de contemplá-Lo, como todo ser humano irá um dia fazer. Mas será muito além do que Pedro sequer imaginou ou seria capaz de imaginar.

O ser glorioso bem à sua frente o fazia exultante como jamais imaginou que estaria em toda sua vida.
- Esteja preparado para encontrar-se com Deus! – disse-lhe o ser.
Ao ouvir isso Pedro sentiu-se “apavorado” pela primeira vez. Um temor que ele jamais sentira invadiu seu ser. Um temor por estar diante de Deus, ele um ser humano.
- Você está preparado? – continuou o ser.
- Não.
- Pois devia. Você teve a vida toda para isto. Já devia estar preparado...
Uma grande luz jamais vista por Pedro invadiu todo o ambiente e seu corpo desapareceu diante dele, e também sua casa. E, de repente, sem aviso, Pedro sentiu-se literalmente arrastado por aquele ser para fora do planeta Terra, até que parou acima do globo, e Pedro pôde contemplar toda a Terra azul, na sua beleza singular.
- Este é seu antigo lar – explicou o ser.
Pedro concordou em seu coração.
- Esteja preparado para viajar – explicou o ser.
E, num ímpeto violentíssimo, Pedro sentiu-se arrebatado numa velocidade pelo espaço sideral, tão rápido que não conseguia ver por onde estava passando e para onde estava indo. O ser à sua frente o levava pela velocidade do pensamento... e Pedro percebeu que tinha ultrapassado qualquer velocidade física imaginada.
Tudo parou quando ouviu um grande silêncio invadindo tudo ao seu redor. Pedro pôde olhar ao seu redor e notou que não estava em lugar algum, e sentiu um temor reverencial em sua alma. Nisso, diante de si, como se já estivesse ali bem diante de Pedro a vida toda, apareceu a Pessoa mais linda e perfeita que Pedro jamais imaginara. Pedro sentiu-se arrebatado de amor e doçura, num êxtase de paz e quietude muito maior do que teve quando viu o ser que o visitou no momento de sua morte.
Diante de si, Pedro não teve dúvida de quem o visitava; a Pessoa o iluminou com sua Presença e ele não teve dúvida: era Jesus.
O Homem à sua frente tinha uma glória infinita. Seu Corpo humano era de uma beleza jamais vista em toda a Terra, do qual fluía uma luz que não era luz natural, mas um esplendor de pureza infinitamente superior ao da Terra. A luz que Ele emitia fazia a luz da Terra ser impura e escura.
Pedro não conseguia tirar o olhar do Homem. Parecia não haver mais nada no universo, só eles dois. Dois homens. Um só coração.
Um temor percorreu todo o espírito de Pedro e ele, totalmente apaixonado por aquele Homem, trocaria toda sua vida por Ele. Preferiria morrer cem mil vezes com as mortes mais horripilantes a perder um só segundo da companhia mais maravilhosa e confortante do universo.
Pedro notou que o Corpo do Homem estava ferido: seus pulsos furados, os pés atravessados, o lado aberto. Quando voltou seu olhar para sua Face, ele viu que sua cabeça estava rodeada por uma coroa de espinhos. Ao contemplar isso, Pedro sentiu um terror penetrar seu ser que pensou que iria desaparecer.  E diante de si viu abrir toda sua vida num só segundo. Contemplou todas as pessoas que conheceu em vida, as que afetou direta e indiretamente, e desfilou diante de si todos os seus atos, mesmo os mais minúsculos até os maiores, e como isso afetou a vida de todos os seres humanos que existem e que viriam a existir.
Ele viu o estrago que provocaram seus atos egoístas na vida humana presente e nas gerações futuras e pôde pesar cada pensamento, cada palavra dita, cada ação sua diante da verdade e do amor. Pedro pesou minuciosamente cada segundo da sua vida e pôde analisar sob o prisma do amor e da verdade cada ato e pensamento, cada omissão e desleixo. Diante de sua visão tudo isso ocorreu em um só segundo, e Pedro ficou consternado e preferiu morrer e sofrer todos os tormentos do mundo a voltar a cometer o menor ato de desleixo. O que mais lhe doeu foi que ele viu uma senhora, setenta anos depois de sua morte, que foi maltratada durante muito tempo pelo marido e um dia sofreu um traumatismo craniano por causa de um mau exemplo que Pedro deu ao seu filho mais novo e seu filho transmitiu ao seu filho, e este seu neto comentou com um colega do trabalho que acabou seguindo o exemplo, levando a maldade até sua esposa. Pedro viu também o que seus bons atos fizeram aos que conhecia e às gerações futuras, e em sua consciência tudo isso foi envolto com a justiça divina.
Depois de contemplar sua vida, o Homem olhou profundamente para Pedro e envolto de um sentimento infinito de humildade, Pedro viu toda a vida de Jesus na Terra, desde o momento do nascimento até o ultimo segundo de sua vida. Cada palavra, cada gesto, cada pensamento humano de Jesus, cada sacrifício que Ele fez... tudo era cheio de amor e verdade. Ele não viu um único ato de egoísmo ou mesmo desleixo e desobediência. Diante dessa graça, Pedro achou que não seria capaz de suportar mais nada, pois ao ver tudo o que Jesus fez, sem um único ato de egoísmo ou mentira, sem errar em nada, uma onda de assombrosa gratidão invadiu todo o ser de Pedro.
Ao mesmo tempo que tudo isso acontecia, algo aterrorizante ocorreu. Pedro sentiu-se inevitavelmente impelido a comparar sua vida com a vida terrestre de Jesus. Foi o momento mais amedrontador da vida de Pedro. Suas ações não tinham peso algum diante dos atos de Jesus, e sua imperfeição em todas as coisas era evidente. Ele sentiu-se impotente e indigno de ao menos existir.
A partir desse instante, ele não conseguiu olhar para aquele Homem face a face.
- Pai, eu não mereço existir.
Nesse instante, Pedro sentiu-se envolvido de um amor e perdão que o fez ainda mais se sentir indigno de ao menos pensar diante de Jesus.
- Eu sei que você não merece, Pedro. Mas Eu te escolhi, e você me escolheu no mundo, ao invés de escolher o mundo. Não podemos viver longe um do outro, Pedro. Nós nos amamos.
Ao ouvir isso, a alma de Pedro foi penetrada de uma elevadíssima disposição e afeto infinito pelo Homem. Um som indizível e inefável percorreu todo o universo, e Pedro deslumbrou por um segundo tudo o que o esperava no Paraíso. Uma multidão incontável de seres humanos estava lá num arroubo de amor e vida; um mar sem fim de espíritos angelicais cantava num êxtase um cântico jamais ouvido. Foi tudo o que pôde ver.
As palavras do Mestre Humano penetraram a alma de Pedro e ele quis morrer de amor.
- Tudo isto te espera, Pedro, meu amado amigo, e muito mais. Ainda não te posso mostrar minha divindade, somente quando você estiver preparado.
- Não posso ir para lá ainda, meu Deus. Eu não sobreviveria lá.
Foi o único momento que Pedro viu o Homem sorrir, e foi nesse momento que ele voltou a olhar Jesus. Ele não estava mais com a coroa e isso demonstrava que o julgamento tinha chegado ao fim.
Nesse momento Pedro sentiu uma grande onda de um conhecimento divino de muitas coisas invadir sua mente. Ele viu todas as pessoas que dependiam dele na Terra e o que podia fazer para ajudá-los. Viu o que ele deveria fazer para estar preparado para o Reino eterno e o que aconteceria a ele após estar preparado. Pedro entendeu todos os planos de Deus para sua vida e nada lhe ficou oculto. Ao saber o que Deus lhe reservava, Pedro voltou para o Homem.
- Mande-me para onde quiseres, meu Deus amado. Eu mereço e quero te agradar em tudo.
- Tudo está consumado! – disse uma voz que cortou o universo. Uma voz poderosa, amável, doce e cheia de uma beleza ímpar. E Pedro soube que era a voz inigualável do Filho de Deus.
O Filho do homem deixou-o e o embaixador apareceu de novo e o arrebatou até uma multidão incontável cheia de amor e fidelidade a Deus. Quando postou-se ali no meio daquela multidão, Pedro sentiu o amor de Deus invadir seu ser e queimar em sua alma, pelo fogo da verdade e da justiça, todas as penas que mereciam os atos de Pedro. A lembrança da presença de Jesus e da alegria celeste estava na alma de Pedro e ele aceitou estar ali porque sabia que não ficaria ali para sempre e por que suas ações más mereciam tal estado. Deus o esperava.
E Pedro deixou o poder do amor divino preparar sua essência para se tornar capaz de entrar naquele estado de vida divina... e logo Pedro estaria preparado.

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