sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O BATISMO DE CRIANÇAS


O Batismo é a porta de entrada para o Reino de Deus. No Batismo a pessoa se torna filho de Deus (ao seu unir pelo Batismo ao Corpo de Cristo), recebe em sua vida a Vida divina e as graças necessárias para se salvar, torna-se membro do Corpo de Cristo, que é a Igreja, apaga o pecado original que acompanha todos os filhos de Adão, isto é, todos nascem sem a graça da salvação, sem os méritos infinitos de Cristo, méritos esses completamente necessários para a salvação eterna. E como se recebe essa Redenção de Cristo? A porta para essa Vida de Deus é o Batismo.
É necessário crer para receber a salvação? Sim, mas não necessariamente para o Batismo. Em nenhum lugar se diz para ser batizado é preciso crer, diz apenas que para ser salvo é preciso crer e batizar: as duas coisas, Fé e Batismo. Mas só se pode pedir Fé àquele que já pode crer, mas o Batismo pode ser dado a qualquer um, porque é necessário a todos os filhos e filhas de Adão. O crer pode vir depois quando a criança crescer.
O Batismo não é somente para perdoar o pecado original ou atual, mas também, como aconteceu com Cristo, é também para receber o Espírito Santo. Ele apenas se deixou batizar para cumprir preceito, para nos mostrar o que deve ser feito, porque Ele não tinha necessidade de se limpar do pecado original ou de algum pecado atual, porque Ele nasceu sem o pecado original, pois sua Mãe não Lhe transmitiu a "separação" de Deus que todo homem tem quando vem ao mundo.
Você pode dizer que não é ideal batizar bebês, mas Deus mesmo ordenou que se consagrasse todo menino de 8 dias de vida (8 dias de vida!), circuncidando-o no oitavo dia. A criança nem sabia o que estava acontecendo, mas mesmo assim já estava sendo consagrada a Deus pelas mãos de seus pais e do sacerdote da Antiga Aliança, isto é, a fé dos pais e do sacerdote já lhes garantia essa dádiva da consagração.

O Batismo é uma circuncisão da alma São Paulo mesmo escreve (Romanos 2, 25-29). Vê se que se circuncidava ao oitavo dia de vida, sem mesmo a criança saber o que lhe estava sendo ministrado. Mas, no futuro saberia e creria. Assim é o que acontece com o Batismo administrado aos bebês.

“Foram circuncidados com a circuncisão não feita por mãos no despojar do corpo da carne, a saber, a circuncisão de Cristo” (Cl 2,11), isto é, o Batismo.

Portanto, se era uso comum circuncidar os bebês, consagrando-os a Deus na Velha Aliança, na nova as crianças não têm direito de nascer de novo da água e do Espírito, quando elas também tem essa necessidade? ou as crianças não precisam nascer do Espírito Santo, não precisam ser consagradas a Deus, pela circuncisão de Cristo, no coração e na alma, recebendo a marca eterna dessa consagração através do Batismo?

Jesus disse: "Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus." 
(Evang. de São João, capítulo 3)

Se não nascer da água e do Espírito, isto é, pelo Batismo (circuncisão da alma e do coração) não entrará no reino de Deus. Esta Palavra de Cristo não é para todos os seres humanos?
Se damos o melhor para nossos filhos, roupas, calçados e comida, por que não dar o melhor do espiritual que é a redenção de Cristo, consagrando-os a Deus, permitindo que a criança se torne Templo do Espírito Santo desde seu primeiro dia de vida? (1 Cor 3, 16-17)
Pergunta-se então: mas não são inocentes de qualquer pecado esses bebês? Com certeza o são porque ainda não pecaram atualmente, porém, por serem descendentes de Adão e Eva, nascem separados da vida da graça, de Deus, da salvação, portanto.

"Certamente em iniqüidade fui formado, e em pecado me concebeu a minha mãe."
(Sl 51,5)

"Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram." (Rm 5,12)

No início da Igreja já era costume o Batismo das crianças, como nos é provado historicamente, caindo assim a acusação dos Protestantes que diz que esse uso só surgiu a partir do século IV ou V. Veja:

No segundo século, Irineu escreveu a primeira declaração sobre a prática na Igreja do Batismo das crianças:

“Ele (Jesus) veio para salvar a todos através dele mesmo, isto é, a todos que através dele são renascidos em Deus: bebês, crianças, jovens e adultos. Portanto, ele passa através de toda idade, torna-se um bebê para um bebê, santificando os bebês; uma criança para as crianças, santificando-as nessa idade…(e assim por diante); ele pode ser o mestre perfeito em todas as coisas, perfeito não somente manifestando a verdade, perfeito também com respeito a cada idade” (Contra Heresias II,22,4 (ano 189)).

 Irineu foi batizado por Policarpo, e este foi discípulo de São João Evangelista.

No ano 215, Hipólito escreveu:

“Onde não há escassez de água, a água corrente deve passar pela fonte batismal ou ser derramada por cima; mas se a água é escassa, seja em situação constante, seja em determinadas ocasiões, então se use qualquer água disponível. Dispa-se-lhes de suas roupas, batize-se primeiro as crianças, e se elas podem falar, deixe-as falar. Se não, que seus pais ou outros parentes falem por elas” (Tradição Apostólica 21,16).

Orígenes fez uma firme declaração com respeito à origem apostólica do batismo das crianças:

“A Igreja recebeu dos apóstolos a tradição de dar Batismo mesmo às crianças. Os apóstolos, aos quais foi dado os segredos dos divinos sacramentos sabiam que havia em cada pessoa inclinações inatas do pecado (original), que deviam ser lavadas pela água e pelo Espírito” (Comentários sobre a Epístola aos Romanos 5,9 (ano 248)).

"Do batismo e da graça não devemos afastar as crianças" (São Cipriano, ano 248 - Carta a Fido).

Finalmente, eis uma interessante citação do eminente Teólogo Protestante Dr. R.C. Sproul, em “Verdades Essenciais da Fé Cristã”, com relação ao batismo das crianças:

“A primeira menção direta ao Batismo das crianças se vê por volta do meio do segundo século. O que é digno de nota sobre esta menção é que concorda que o Batismo das crianças era uma prática universal da Igreja. Se o Batismo das crianças não estivesse em prática no primeiro século da Igreja, como e por que começou como doutrina ortodoxa tão cedo e tão generalizadamente? Não somente foi uma rápida e universal disseminação, mas a literatura sobrevivente daquele tempo não demonstra nenhuma controvérsia a respeito desse costume. [...] A história da Igreja sustenta o testemunho da prática universal e não controvertida do Batismo das crianças no segundo século”.

Os Reformadores Lutero e Calvino também acreditaram ser apropriado batizar crianças.

Por isso, termino com duas frases; uma de Nosso Senhor Jesus Cristo e outra de seu atual Representante na Terra, Papa Bento XVI:
 
Dêem a César (ele que representa o mundo) o que é de César e a Deus o que é de Deus.”

“(As crianças) Não são propriedade privada dos pais, estes devem ajudá-las a ser filhas de Deus.”

A Jesus a glória e a nós a Misericórdia!

tt

Um comentário:

Anônimo disse...

Infelizmente, muitos católicos andam dizendo que o ideal é que as pessoas tivessem "entendimento" para receber o batismo. Tenho visto pessoas assim pregando em cursos até mesmo de preparação para pais e padrinhos que estão batizando filhos e afilhados. Dizem estes modernistas que seria muito bom que a pessoa já tivesse "entendiento". Ou seja, quem ensina precisa antes aprender e tal não vem ocorrendo. A negligência dos sacerdotes é um escândalo quando permitem que leigos ensinem desta maneira.