segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O INFERNO ETERNO


A Tradição da Igreja, a Sagrada Escritura, especialmente os Evangelhos e as tradições dos povos falam dessa realidade terrível ao qual chamamos de Inferno.
O Inferno existe e é dogma de Fé, isto é, declarado pela Igreja como uma verdade que é necessária crer. Não se pode acreditar na existência de Deus e não crer na existência do Inferno, porque seria como crer na existência da luz e não crer na existência das sombras. Onde não há luz, há sombras, escuridão, portanto onde não há a presença de Deus, aí está o inferno.

Jesus Cristo falou do Inferno como realidade?

Sim. Veja algumas passagens:

Ora, eu vos digo: todo aquele que tratar seu irmão com raiva deverá responder no tribunal; quem disser ao seu irmão ‘imbecil’ deverá responder perante o sinédrio; quem chamar seu irmão de ‘louco’ poderá ser condenado ao fogo do inferno.
(São Mateus 5, 22)

Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas são incapazes de matar a alma! Pelo contrário, temei Aquele que pode destruir a alma e o corpo no inferno!
(São Mateus 10, 28)

Se teu pé te leva à queda, corta-o! É melhor entrar na vida tendo só um dos pés do que, tendo os dois, ser lançado ao inferno. Onde o verme deles não morre e o fogo nunca se apaga.
(São Marcos 9, 45-48)

Vou mostrar-vos a quem deveis temer: temei Aquele que, depois de fazer morrer, tem o poder de lançar-vos no inferno. Sim, eu vos digo, a este deveis temer.
(São Lucas 12, 5)

Depois, o Rei dirá aos que estiverem à sua esquerda: ‘Afastai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno, preparado para o diabo e para os seus anjos.
(São Mateus 25, 41)

Ora, eu vos digo: muitos virão do oriente e do ocidente e tomarão lugar à mesa no Reino dos Céus, junto com Abraão, Isaac e Jacó, enquanto os filhos do Reino serão lançados fora, nas trevas, onde haverá choro e ranger de dentes”.
(São Mateus 8, 12)

E a célebre passagem da parábola de Lázaro e o rico:

Na região dos mortos, no meio dos tormentos, o rico levantou os olhos e viu de longe Abraão, com Lázaro ao seu lado. Então gritou: ‘Pai Abraão, tem compaixão de mim! Manda Lázaro molhar a ponta do dedo para me refrescar a língua, porque sofro muito nestas chamas’. Mas Abraão respondeu: ‘Filho, lembra-te de que durante a vida recebeste teus bens e Lázaro, por sua vez, seus males. Agora, porém, ele encontra aqui consolo e tu és atormentado. Além disso, há um grande abismo entre nós: por mais que alguém desejasse, não poderia passar daqui para junto de vós, e nem os daí poderiam atravessar até nós’.
(Lucas 16, 22-28)

Existem outras passagens na Sagrada Escritura?

Também. Aqui cito algumas:

Eles serão punidos com a ruína eterna, longe da face do Senhor e da glória do seu poder.
(II Tess 1, 9)

Quem não tinha o seu nome escrito no livro da vida, foi também atirado no lago de fogo.
(Apocalipse 20, 15)

Depois, quando saírem, hão de ver os cadáveres daqueles que se rebelaram contra mim, pois o verme que os corrói jamais morre e o fogo que os consome jamais se apaga: coisa asquerosa para tudo o que é carne.
(Isaias 66, 24)

Pois Deus não poupou os anjos pecadores, mas os precipitou no lugar do castigo e os entregou aos abismos das trevas, onde estão guardados até o juízo.
(II São Pedro 2, 4)

O que é o Inferno?

Assim como o Céu, o Inferno é uma realidade espiritual. Os exegetas e teólogos concordam que o Inferno é a condenação eterna da alma que morreu sem a graça de Deus, “vivendo” ela sem Deus e a felicidade infinita e eterna que somente se encontra na Vida de Deus.

De onde surgiu o Inferno?

O Inferno, propriamente dito, foi uma invenção do diabo. Pela rebelião dos anjos, o Inferno passou a existir, porque ele apareceu pela escolha de satanás de não servir a Deus e viver sem Ele. A partir do momento que esses seres fizeram essa escolha, a realidade de viver sem Deus passou a ser possível: seria possível passar a eternidade sem Deus. Eis aí a realidade do Inferno.
Logo que satanás e os demais anjos rebeldes encontraram-se nessa terrível realidade sem Deus, por inveja e ódio dos seres humanos, resolveram então tentar o ser humano para que a raça humana também pudesse cair nessa realidade infeliz. E Adão e Eva aceitaram a proposta de satanás: de viver sem Deus.


Quem pode ir para o Inferno?

Qualquer pessoa que morra sem a vida de Deus em sua alma.
Por Jesus Cristo adquirimos a graça santificante, ou a vida divina, em nossa alma. Pelo pecado mortal, a perdemos. Se alguém morrer em estado de pecado mortal, ou seja, sem a vida de Deus, sem a graça de Deus em sua alma, ela, após a morte, vai diretamente para o Inferno, de onde jamais sairá.
Portanto, o Inferno é uma escolha pessoal. Eu escolho pecar mortalmente e perder a vida de Deus em minha alma, e se morro assim, minha alma entra na eternidade sem a vida de Deus, e por isso, não posso viver com Deus por não ter morrido com sua Vida em mim.

O Senhor não tarda a cumprir sua promessa, como alguns interpretam a demora. É que ele está usando de paciência para convosco, pois não deseja que ninguém se perca. Ao contrário, quer que todos venham a converter-se.
(II São Pedro 3, 9)

Dize-lhes: † Juro por minha vida — oráculo do Senhor DEUS — não tenho prazer na morte do ímpio, mas antes que ele mude de conduta e viva! Mudai, mudai de conduta! Por que haverias de morrer, casa de Israel?
(Ezequiel 33, 11)

A pessoa que morre sem Deus, passará a eternidade sem Deus. É uma livre escolha da pessoa que morre nesse estado de morte espiritual, isto é, sem a vida divina em sua alma.

A Igreja diz no Catecismo:

§1033. Não podemos estar unidos a Deus se não fizermos livremente a opção de amá-lo. Mas não podemos amar a Deus se pecamos gravemente contra Ele, contra nosso próximo ou contra nós mesmos: "Aquele que não ama permanece na morte. Todo aquele que odeia seu irmão é homicida; e sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele" (1 Jo 3,14-15). Nosso Senhor adverte-nos de que seremos separados dele se deixarmos de ir ao encontro das necessidades graves dos pobres e dos pequenos que são seus irmãos  e morrer em pecado mortal sem ter-se arrependido dele e sem acolher o amor misericordioso de Deus significa ficar separado do Todo-Poderoso para sempre, por nossa própria opção livre. E é este estado de auto-exclusão definitiva da comunhão com Deus e com os bem-aventurados que se designa com a palavra "inferno".
§1034. Jesus fala muitas vezes da "Geena", do "fogo que não se apaga", reservado aos que recusam até o fim de sua vida crer e converter-se, e no qual se pode perder ao mesmo tempo a alma e o corpo. Jesus anuncia em termos graves que "enviar seus anjos, e eles erradicarão de seu Reino todos os escândalos e os que praticam a iniquidade, e os lançarão na fornalha ardente" (Mt 13,41-42), e que pronunciar a condenação: "Afastai-vos de mim malditos, para o fogo eterno!" (Mt 25,41).
§1035 O ensinamento da Igreja afirma a existência e a eternidade do inferno. As almas dos que morrem em estado de pecado mortal descem imediatamente após a morte aos infernos, onde sofrem as penas do Inferno, "o fogo eterno". A pena principal do Inferno consiste na separação eterna de Deus, o Único em quem o homem pode ter a vida e a felicidade para as quais foi criado e às quais aspira.

Onde fica o Inferno?

O Inferno não é um local físico. É um estado espiritual. O demônio que se rebelou e expulsou a vida divina de si, vive o inferno onde quer que ele esteja. Ele carrega consigo essa condenação ao qual se submeteu por querer não servir a Deus e viver uma independência. Também, a pessoa humana que morrer sem penitência final, em pecado mortal, também terá o Inferno em si.

Quais são os sofrimentos daqueles que foram para o Inferno?
O Inferno, por ser uma separação eterna de Deus que é Amor, felicidade, justiça, paz, beleza em termos infinitos, a alma separada de Deus não encontrará nada disso, antes o vácuo espiritual. Será como uma depressão profunda eterna em escala quase infinita, contudo eterna. Não haverá nenhuma faísca de felicidade ou gozo, de virtude ou amor, antes, a alma sentirá somente aquilo que existe quando Deus não está: ódio, infelicidade, tristeza, remorso, medo, terror, etc. A alma, vendo que perdeu um Bem eterno e infinito, se punirá a si mesma eternamente com pensamentos e sentimentos de remorsos. Será uma punição espiritual da qual temos pouca ideia por estarmos ainda ligados ao sentido do corpo. Nessa condição de Inferno o condenado se sentirá limitado, mutilado, sem Deus por toda a eternidade. Um vazio interior, uma depressão penetrante, será como um fogo, um verme que o corroerá para sempre. Não conseguirá o perdão de Deus, porque não se arrependerá, apesar de Deus o querer perdoar. Viverá num dilema terrível e imutável: terá saudade de Deus que viu no seu julgamento particular, após sua morte, mas não  se sentirá capacitado para amá-Lo e por isso se não se arrependerá, e o perdão de Deus não conseguirá atingir sua alma impenitente.
Será um ciclo de dor e de revolta, de querer viver a felicidade sem Deus, sabendo que isto não lhe será possível, porque descobre que fora de Deus nada existe senão o que não é Deus, isto é, o nada.
A alma se odiará e odiará tudo o que existe, porque não será capaz de amar, porque não está com Deus, e só Deus é amor. E quanto mais lembrar-se de Deus e de sua Criação, se torturará ainda mais, sabendo o que perdeu, porém, não será capaz de reverter o processo de autopunição, por não ser capaz de sentir amor por si. Será um circulo vicioso de dor, ódio, infelicidade, inquietação. A pessoa terá plena consciência de sua vida terrestre e do que perdeu junto de Deus.
Quanto mais próxima a pessoa foi de Deus em vida, quanto mais conhecimento tinha de Deus e das coisas do céu, ou quanto mais capaz foi de conhecer a Verdade, maior será seu sofrimento se vier a cair nesse estado infernal. Será maior o abismo espiritual que abriu para si mesmo entre sua alma e Deus. 

Não haverá fogo no Inferno? 

Esse fogo do qual fala a Escritura é um fogo espiritual, nada tendo a ver com o fogo físico. É o fogo da sua punição interior, onde seus sentidos arderão como brasas por remorso e ódio de si mesmo por ter fugido de um Deus tão amoroso. É o fogo do amor de Deus que está em toda parte que a queimará: a alma encontrará Deus que é amor em toda parte, mas fugirá Dele e não fixará seus sentidos em Deus, mas em si mesmo. Fará de si um deus oco e sem poder, onde cairá sempre num vazio de depressão eterna. Este é o fogo interno que sentirá a alma eternamente, que arderá em si, como (metaforicamente) “o calor no inverno que ao invés de esquentar queima a pele e faz a pessoa sofrer”.  Deus é o calor no inverno para aqueles que se salvam, mas para os que se perdem é o que queima suas peles. 

Se Deus é amor, por que Ele permite que exista o Inferno? 

Como Deus é amor, se não existisse o Inferno, isto demonstraria que Ele não é amor. O amor não obriga ninguém a nada. O ditador que obriga seus súditos a cumprirem suas leis não demonstra amor. Aquele que amarra a si alguém não ama este alguém, mas quer esta pessoa como escrava.
Deus fez seres livres para amar segundo suas próprias escolhas. Ele não obriga ninguém a amá-Lo ou servi-Lo. Ele quer pessoas livres, não escravos ou robôs. As pessoas que morrem e vão para o Inferno, significa que não escolheram amar a Deus eternamente. Foi uma escolha. Deus sofre com isto, mas seu amor não pode obrigar essas pessoas a passarem a eternidade com Ele.
E se Deus resolvesse punir aqueles que pecam, não seria totalmente justo? Isso de nada feriria a perfeição do amor de Deus, porque o amor é verdade e justiça, é harmonia, é colocar as peças nos seus devidos lugares. E como o pecado fere a Deus, um Ser infinito, ele requer um pagamento infinito. Assim como alguém agredir uma pessoa comum como eu ou ferir o presidente da República tem um peso diferente, também, pecar contra um Deus infinito, imortal, eterno, amor, justo tem um peso segundo sua importância. Sabemos que Deus é infinitamente importante, porque Ele é infinito, portanto, pecar contra Ele tem um preço infinito. Sendo assim, somente um Deus infinito pode pagar esse preço, por isso Deus se encarnou e pagou o preço dos pecados daqueles que se achegam até Ele.
Se Deus resolvesse nos punir pelos nossos pecados, cada um deles, seria totalmente justo e em nada Ele erraria em fazer isto. Mas Ele não quer fazer isto, tanto é que Ele veio em Pessoa nos salvar.

Em outro Blog escrevi uma pequena história sobre uma alma que caiu o Inferno e o que ela viu lá. Claro que é uma parábola, mas tentei seguir o que a Sagrada Escritura ensina e o que os santos da Igreja viram através de visões sobre esse estado perpétuo.

Audio sobre o assunto:



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