segunda-feira, 25 de julho de 2011

O ESTRAGO INFINITO DO PECADO MORTAL


A teologia dividiu basicamente em dois tipos os pecados, levando em conta o que eles fazem de estrago à vida da pessoa. Foram divididos em pecado mortal e o venial.

O Pecado Mortal

O pecado mortal é aquele que leva a pessoa ao inferno, após a morte, e neste mundo a pessoa perde a comunhão com Deus, perdendo assim a graça santificante. A graça santificante é a vida de Deus na alma da pessoa, conseguida pelos méritos de Cristo, através do Batismo. Todos os atos bons que a pessoa que está em estado de graça faz são feitos pelos méritos de Cristo, alcançando um valor infinito, porque é como se Jesus Cristo estivesse fazendo através dela, por isso os atos da pessoa são prontamente aceitos por Deus. Essa graça nos faz semelhantes a Deus, à sua imagem e semelhança, ela é a Trindade Santíssima habitando pela graça na alma da pessoa, introduzindo-a assim na Comunhão eterna de Deus. Essa graça é a vida da alma, como a alma é a vida do corpo.
No estado de graça santificante, a alma está apta a ir ao Céu, para viver com Deus, porque já neste mundo, pela graça, Deus já habita nela. E essa graça pode ser aumentada pela entrega a Deus, pela caridade evangélica e o cumprimento dos mandamentos de Deus e da Igreja.
Pelo pecado mortal, entretanto, a pessoa conscientemente “expulsa” essa graça santificante da alma, matando a vida da alma, deixando a alma sem vida, em estado de morte latente, apesar de estar ainda numa vida que não é vida. Em pecado mortal, a alma sem a graça que ela mesma expulsou, não tem condições alguma para viver com Deus após a morte, sendo que em vida não O tinha em sua alma. Para passar a eternidade com Deus é preciso morrer com Deus em sua alma, pela graça santificante.
Nesse estado de pecado mortal, sem a graça conseguida por Cristo, pelo Batismo, a pessoa não está em comunhão com o Pai e o Filho e o Espírito Santo, portanto, todos os seus atos “bons” não são mais aceitos por Deus, e perdeu todos os méritos dos atos bons que havia praticado quando esteve em estado de graça.
Com a graça santificante, a pessoa não está mais sob a escravidão do diabo e do pecado, e vive a liberdade de filho e filha de Deus, conquistada por Jesus Cristo, pelos seus méritos eternos e infinitos. Por isso, a pessoa que está em pecado mortal é de novo presa do diabo e do pecado, e vive uma vida que não é vida, mas um estado de enfermidade e processo de escuridão de seus sentidos e dos “poderes” de sua alma imortal.
Quem peca mortalmente entrega sua alma de novo aos cuidados de satanás, pelo pecado mortal, porque o pecado nos faz semelhantes a Lúcifer, e servimos aquele ao qual somos semelhantes, renegando assim aquilo que Cristo Jesus fez por nós.

“Aquele que pratica o pecado é do diabo, porque o diabo é pecador desde o princípio.” (1 João 3, 8)

Se alguém vê seu irmão cometer um pecado que não conduz à morte, que ele ore, e Deus dará a vida ao irmão; isto, se, de fato, o pecado cometido não conduz à morte. Existe um pecado que conduz à morte, mas não é a respeito deste que eu digo que se deve orar..Toda injustiça é pecado, mas existe pecado que não conduz à morte.”
(1 João 5, 16-17)

Para que um pecado seja de condenação eterna no inferno, isto é, mortal, é preciso que haja três características básicas:

1. O pecado seja de matéria grave (contra os mandamentos de Deus e da Igreja);
2. O que peca tem que ter plena consciência da gravidade;
3. E a pessoa tem que consentir em pecar.

Resumindo, para ser pecado mortal é preciso que o pecado seja de uma MATÉRIA GRAVE, a pessoa estar CIENTE que é matéria grave e a pessoa SABER que está cometendo esse erro. Se faltar APENAS UM desses três aspectos, o pecado deixa de ser mortal, tornando-se apenas venial, não levando a pessoa ao inferno eterno após a morte, e nem perdendo a graça santificante durante esta vida.

E depois que a pessoa comete o pecado mortal ainda tem como voltar à graça recebida no Batismo?

Sim. A graça santificante é restituída pelo mesmo meio que foi conseguida no Batismo. A Igreja ministrou a graça do Batismo, a Igreja pode restituir a graça santificante, e só ela. Assim, a Igreja, pelos seus ministros, pode absolver a pessoa desse pecado mortal, através do Sacramento da Penitência, isto é, pela Confissão dos pecados:

“Jesus disse, de novo: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou também eu vos envio”. Então, soprou sobre eles (os Apóstolos apenas) e falou: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, serão perdoados; a quem os retiverdes, ficarão retidos”.”  - grifo meu.
(São João 20, 21-23)

Somente pelo Sacramento da Penitência, a pessoa pode receber de volta a graça santificante e os méritos seus perdidos pelo pecado mortal, assim tornar-se apta pela graça divina a entrar na Comunhão com Deus e com os santos e anjos no Céu, após sua morte.

O Pecado Venial

O pecado venial é um pecado que não expulsa da nossa alma a graça santificante, portanto, não nos tira a comunhão com Deus misericordioso. A vida de Deus permanece na alma, porém, de modo afetada por esse pecado venial, limitando-a pela nossa liberdade de agir completamente a nosso favor. O pecado venial é o pecado que não tem aquelas três características do pecado mortal.
O pecado mortal se torna venial quando não tem algum de seus aspectos, por isso, a pessoa não se torna culpada de morte. Porém, o venial, se muito repetido, se torna mortal e é necessário ser confessado à Igreja, por meio do sacerdote.
Assim como o pecado mortal, o venial também precisa ser evitado, porque todo pecado é odiado por Deus por limitar o homem de receber as graças que Deus deseja dar-lhe, limitando assim sua felicidade no Céu, após sua morte. Se a pessoa morre com pecados veniais, ela não recebe prontamente o Céu, porque sua alma não está totalmente preparada para ter completa Comunhão com seu Criador, porque não O ama perfeitamente e não pode receber seu total amor, por deficiência de sua entrega na vida terrena a Ele. Dessa forma, a pessoa terá que passar pela purificação para ser curada desse estado de imperfeita comunhão, e a essa purificação chamamos de Purgatório (sobre o qual falarei em outra postagem). Quanto mais a pessoa cai em pecados veniais, menos comunhão com Deus terá no Céu, tendo, digamos, um menor acesso ao estado ao qual foi destinada desde sempre. Ela não será capaz de viver plenamente a felicidade que Deus lhe preparou no Céu, mas mesmo assim desfrutará do Céu e da Presença de Deus, apesar de não usufruir da felicidade plena preparada por Deus desde o princípio.
Diante disto, santa Teresa de Jesus escreve: “o pecado venial faz mais estrago à alma que todos os demônios do inferno poderiam fazer”.

Então, resumidamente, o pecado mortal é a que leva a alma diretamente ao inferno eterno e imutável após a morte, enquanto o venial é o pecado que fere a comunhão com Deus, porém, não leva ao inferno.

A Jesus a glória e a nós a Misericórdia!

tt



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