segunda-feira, 25 de julho de 2011

O ESTRAGO INFINITO DO PECADO MORTAL


A teologia dividiu basicamente em dois tipos os pecados, levando em conta o que eles fazem de estrago à vida da pessoa. Foram divididos em pecado mortal e o venial.

O Pecado Mortal

O pecado mortal é aquele que leva a pessoa ao inferno, após a morte, e neste mundo a pessoa perde a comunhão com Deus, perdendo assim a graça santificante. A graça santificante é a vida de Deus na alma da pessoa, conseguida pelos méritos de Cristo, através do Batismo. Todos os atos bons que a pessoa que está em estado de graça faz são feitos pelos méritos de Cristo, alcançando um valor infinito, porque é como se Jesus Cristo estivesse fazendo através dela, por isso os atos da pessoa são prontamente aceitos por Deus. Essa graça nos faz semelhantes a Deus, à sua imagem e semelhança, ela é a Trindade Santíssima habitando pela graça na alma da pessoa, introduzindo-a assim na Comunhão eterna de Deus. Essa graça é a vida da alma, como a alma é a vida do corpo.
No estado de graça santificante, a alma está apta a ir ao Céu, para viver com Deus, porque já neste mundo, pela graça, Deus já habita nela. E essa graça pode ser aumentada pela entrega a Deus, pela caridade evangélica e o cumprimento dos mandamentos de Deus e da Igreja.
Pelo pecado mortal, entretanto, a pessoa conscientemente “expulsa” essa graça santificante da alma, matando a vida da alma, deixando a alma sem vida, em estado de morte latente, apesar de estar ainda numa vida que não é vida. Em pecado mortal, a alma sem a graça que ela mesma expulsou, não tem condições alguma para viver com Deus após a morte, sendo que em vida não O tinha em sua alma. Para passar a eternidade com Deus é preciso morrer com Deus em sua alma, pela graça santificante.
Nesse estado de pecado mortal, sem a graça conseguida por Cristo, pelo Batismo, a pessoa não está em comunhão com o Pai e o Filho e o Espírito Santo, portanto, todos os seus atos “bons” não são mais aceitos por Deus, e perdeu todos os méritos dos atos bons que havia praticado quando esteve em estado de graça.
Com a graça santificante, a pessoa não está mais sob a escravidão do diabo e do pecado, e vive a liberdade de filho e filha de Deus, conquistada por Jesus Cristo, pelos seus méritos eternos e infinitos. Por isso, a pessoa que está em pecado mortal é de novo presa do diabo e do pecado, e vive uma vida que não é vida, mas um estado de enfermidade e processo de escuridão de seus sentidos e dos “poderes” de sua alma imortal.
Quem peca mortalmente entrega sua alma de novo aos cuidados de satanás, pelo pecado mortal, porque o pecado nos faz semelhantes a Lúcifer, e servimos aquele ao qual somos semelhantes, renegando assim aquilo que Cristo Jesus fez por nós.

“Aquele que pratica o pecado é do diabo, porque o diabo é pecador desde o princípio.” (1 João 3, 8)

Se alguém vê seu irmão cometer um pecado que não conduz à morte, que ele ore, e Deus dará a vida ao irmão; isto, se, de fato, o pecado cometido não conduz à morte. Existe um pecado que conduz à morte, mas não é a respeito deste que eu digo que se deve orar..Toda injustiça é pecado, mas existe pecado que não conduz à morte.”
(1 João 5, 16-17)

Para que um pecado seja de condenação eterna no inferno, isto é, mortal, é preciso que haja três características básicas:

1. O pecado seja de matéria grave (contra os mandamentos de Deus e da Igreja);
2. O que peca tem que ter plena consciência da gravidade;
3. E a pessoa tem que consentir em pecar.

Resumindo, para ser pecado mortal é preciso que o pecado seja de uma MATÉRIA GRAVE, a pessoa estar CIENTE que é matéria grave e a pessoa SABER que está cometendo esse erro. Se faltar APENAS UM desses três aspectos, o pecado deixa de ser mortal, tornando-se apenas venial, não levando a pessoa ao inferno eterno após a morte, e nem perdendo a graça santificante durante esta vida.

E depois que a pessoa comete o pecado mortal ainda tem como voltar à graça recebida no Batismo?

Sim. A graça santificante é restituída pelo mesmo meio que foi conseguida no Batismo. A Igreja ministrou a graça do Batismo, a Igreja pode restituir a graça santificante, e só ela. Assim, a Igreja, pelos seus ministros, pode absolver a pessoa desse pecado mortal, através do Sacramento da Penitência, isto é, pela Confissão dos pecados:

“Jesus disse, de novo: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou também eu vos envio”. Então, soprou sobre eles (os Apóstolos apenas) e falou: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, serão perdoados; a quem os retiverdes, ficarão retidos”.”  - grifo meu.
(São João 20, 21-23)

Somente pelo Sacramento da Penitência, a pessoa pode receber de volta a graça santificante e os méritos seus perdidos pelo pecado mortal, assim tornar-se apta pela graça divina a entrar na Comunhão com Deus e com os santos e anjos no Céu, após sua morte.

O Pecado Venial

O pecado venial é um pecado que não expulsa da nossa alma a graça santificante, portanto, não nos tira a comunhão com Deus misericordioso. A vida de Deus permanece na alma, porém, de modo afetada por esse pecado venial, limitando-a pela nossa liberdade de agir completamente a nosso favor. O pecado venial é o pecado que não tem aquelas três características do pecado mortal.
O pecado mortal se torna venial quando não tem algum de seus aspectos, por isso, a pessoa não se torna culpada de morte. Porém, o venial, se muito repetido, se torna mortal e é necessário ser confessado à Igreja, por meio do sacerdote.
Assim como o pecado mortal, o venial também precisa ser evitado, porque todo pecado é odiado por Deus por limitar o homem de receber as graças que Deus deseja dar-lhe, limitando assim sua felicidade no Céu, após sua morte. Se a pessoa morre com pecados veniais, ela não recebe prontamente o Céu, porque sua alma não está totalmente preparada para ter completa Comunhão com seu Criador, porque não O ama perfeitamente e não pode receber seu total amor, por deficiência de sua entrega na vida terrena a Ele. Dessa forma, a pessoa terá que passar pela purificação para ser curada desse estado de imperfeita comunhão, e a essa purificação chamamos de Purgatório (sobre o qual falarei em outra postagem). Quanto mais a pessoa cai em pecados veniais, menos comunhão com Deus terá no Céu, tendo, digamos, um menor acesso ao estado ao qual foi destinada desde sempre. Ela não será capaz de viver plenamente a felicidade que Deus lhe preparou no Céu, mas mesmo assim desfrutará do Céu e da Presença de Deus, apesar de não usufruir da felicidade plena preparada por Deus desde o princípio.
Diante disto, santa Teresa de Jesus escreve: “o pecado venial faz mais estrago à alma que todos os demônios do inferno poderiam fazer”.

Então, resumidamente, o pecado mortal é a que leva a alma diretamente ao inferno eterno e imutável após a morte, enquanto o venial é o pecado que fere a comunhão com Deus, porém, não leva ao inferno.

A Jesus a glória e a nós a Misericórdia!

tt



quarta-feira, 20 de julho de 2011

RCC E OS SEUS PERIGOS


“Sois assim tão insensatos? A ponto de, depois de terdes começado pelo Espírito, quererdes terminar no nível da carne?” (Gálatas 3, 3)

O Espírito Santo chama os que agem pela carne de ανόητος, em grego, tolo, insensato, desprovido de inteligência. Portanto, a raiz desta palavra refere-se para aqueles que agem como animais, pela carne, pelo sentido natural. Agir fora da graça é, portanto, agir como animais, sem pensar, sem raciocinar, sem usar a inteligência.
Portanto, quando não estamos agindo segundo o Espírito de Deus, estamos agindo como animais irracionais.
A Renovação católica carismática corre o risco de perder suas raízes cristológicas, isto é, da graça da Unção do Espírito Santo e partir para a irracionalidade da carne, de agir humanamente, e pior, com as concupiscências da carne, que são tendências de endeusamento e portanto idolatria.
Um dos perigos que a RCC corre é terminar no pó, assim como muitos outros movimentos do passado. E ela corre esse risco? Sim, corre. Por quê? porque ela não tem a infalibilidade da Igreja, por não ser Igreja, apenas ser (entre aspas) “parte” da Igreja, e como membro da Igreja, o pecado da idolatria pode derrubá-la.
O que seria esse pecado de idolatria? Seria se autoproclamar fundamental. Mas, a RCC não é fundamental? Não. Ela não é necessária para a Igreja? Não. Como não? Não! É a RCC que necessita da Igreja e não a Igreja que necessita da RCC. Seria um pecado de soberba achar que a Igreja precisa da RCC. A Igreja é muito maior que a RCC e só ela tem a infalibilidade dada pela Unção do Espírito Santo. A RCC é apenas um movimento dentro da Igreja, e não a Igreja em si. Seria muita presunção achar que a RCC é Igreja e se auto-idolatrar, se amar como suficiente para a salvação. Isto é cair na carne e agir com irracionalidade. Perde-se a graça alcançada pelo fato de estar dentro da Igreja de Cristo e fazer parte dela, e ser nela um membro da Igreja. É pela Igreja que a RCC pode agir pelo Espírito Santo e ter sua completa Unção.
A Unção grátis do Espírito Santo, isto é, a ação carismática do Espírito Santo é um dom para e a serviço do povo de Deus, ou seja, da Igreja. Portanto, a RCC, apesar de não ser portadora exclusiva desta Unção (porque esta Unção é dada à Igreja em geral), só serve para Deus se estiver aberta a servir a Igreja toda.
Posso estar errado, mas a minha experiência como participante de grupos de oração ditos da RCC – apesar de que nem todos os grupos ditos da RCC são de fato carismáticas no sentido literal da palavra, - vem demonstrando que as pessoas que frequentam a RCC e depois se afastam acabam se tornando um apóstata da Igreja, ou um protestante proclamador de heresias. Já vi dezenas de casos, infelizmente. Vi pessoas que, por qualquer motivo, se afastaram da RCC  e não foram se abrigar no colo da Mãe Igreja, mas se afastaram completamente da Igreja e alguns recorreram aos templos protestantes.
Qual seria o erro da RCC para que seu membros (que deveriam ser antes membros da Santa Igreja) partem para a apostasia? É o perigo do relativismo religioso que se pode encontrar em alguns setores da RCC que pregam mais um Jesus desligado do mundo do que um Jesus fundador da Igreja no meio do mundo como ovelhas entre lobos (Mateus 10, 16)
Isto é terminar na carne, porque o caminho da Graça do Espírito Santo neste mundo é a Igreja, e se afastar da Igreja é se afastar da graça completa e plena do Espírito Divino. E temos visto isto em alguns grupos da RCC. Pregam Cristo sem a Igreja, e os membros quando se afastam hão de se sentir abandonados sem encontrar apoio na Igreja que não lhes foi mostrada e caem no colo dos hereges.
Prega-se nos grupos da RCC sobre cura (isto é bom), sobre o pecado (isto é muito bom), sobre a Unção e os carismas do Espírito Santo (isto é bom), mas também não fazem isto os protestantes? (Corrijo-me: quando se realmente prega sobre esses assuntos nos grupos) Por isso, quando os membros da RCC se afastam vão às comunidades protestantes e encontram algo familiar ali. E, então, o que falta nos grupos de oração da RCC? Falar de tudo isto apontando que tudo isto é fruto da Igreja fundada pelo Senhor sobre Simão Pedro.
Tenho visto pregadores da RCC pregando heresias graves, heresias estas que já foram e são condenadas pela Igreja, em alguns casos até com excomunhão. Algum tempo atrás ouvi da boca de um pregador conhecido da RCC aqui da região de Americana que, se a RCC se desligasse da Igreja de Cristo, ele ficaria com a RCC e não com a Igreja. Pelo amor de Deus! Como pode uma pessoa que deveria pregar a Verdade da Fé pensar uma coisa dessas! Desconhece ele, com certeza, da Verdade de que a Igreja é necessária para a salvação. Estaria ele agindo pelo Espírito de Deus ou pela carne, como nos relatou o escritor da carta aos Gálatas, se a Escritura que foi inspirada pelo Espírito Santo garante que a Igreja é necessária para a salvação? Fique a critério do leitor dar seu parecer, porque eu já tenho o meu.
Acredito que a RCC morrerá, desaparecerá como se desaparece uma nuvem depois da chuva se não se configurar mais e mais ao Corpo de Cristo, isto é, a Igreja. Só a Igreja tem o poder dado por Cristo de prevalecer contra os ataques de satanás! e se a RCC afastar-se, ou melhor dizendo, não souber manter os seus membros como realmente membros da Igreja, defensores da Fé, ela cairá. É um perigo iminente!
A Renovação carismática católica precisa sempre passar por uma renovação espiritual aos moldes da Igreja que é sempre carismática em sua essência. Claro que vejo em alguns da RCC esse anseio pela Verdade da Igreja que nada mais é que a Verdade de Jesus Cristo e seu Evangelho, porque a Igreja é o Evangelho de Jesus Cristo hoje! Portanto, pregar o Evangelho sem pregar a Igreja não é pregar Jesus Cristo total. Jesus Cristo sem a Igreja é uma falta grave de caridade, porque, a Sagrada Escritura garante que a Igreja é o Corpo de Cristo, e Cristo, neste mundo, só é completo e inteiro, isto é, total com sua Igreja, da qual Ele é a Cabeça (Efésios 5, 23). Sem seu Corpo, Cristo é mutilado, e só por seu Corpo a salvação chega aos seus membros.
É óbvio que não estou declarando que a RCC é a culpada pelos apóstatas todos, mas se a RCC quer crescer na Graça, se quer agir pelo Espírito Santo, ela tem que se unir à Igreja, tornar-se cada vez mais católica, conservando também nos seus grupos a Fé e a Tradição da Igreja de Cristo, mostrando aos seus participantes que aquele local de adoração a Deus é totalmente católico e que não abre espaço às heresias que o diabo tem plantado no meio do Cristianismo durante os séculos.
A RCC quer agir pelo Espírito Santo? Quer ser um canal da Graça do Senhor para o mundo? Precisa então cada vez mais tornar-se católica e menos ela mesma, cada vez mais ligada aos ensinamentos da Santa Sé e menos autodidata. Assim, na Verdade plena e imutável revelada por Cristo por meio da Igreja, a RCC se fortalecerá e será uma luz para os povos, como é o dever dela, de ser sal e luz para o mundo. Agindo a favor da Igreja, arrastando pessoas para a Igreja e não para si, o Espírito Santo derramará com certeza mais e mais carismas em seu meio e será tão abundantemente carismática que se tornará uma das grandes portas para os afastados da Igreja se converterem verdadeiramente a Cristo na sua Igreja.
O perigo da RCC é tornar-se carnal, tendenciosa e herética, fazendo mais mal à Igreja do que bem, tornando-se assim desnecessária a ela.

A Jesus a glória e a nós a Misericórdia!

tt

quinta-feira, 14 de julho de 2011

AMAR DO JEITO QUE AGRADA A DEUS

É verdade que ser uma pessoa bondosa não salva ninguém?

Veja:
“O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que ele nos deu.”(Rom. 5,5)

“O fruto do Espírito é caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança” (cf. Gálatas 5, 22)

Só se pode fazer uma caridade desinteressada quando esse amor vem do Espírito Santo que Deus nos deu.

Veja também:

"E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria." (1 Coríntios 13, 3)

Sem o Amor de Deus (o Espírito Santo derramado em nossos corações e nos guiando neste fim) essa caridade é vazia, infrutífera, sem mérito algum. Deus, através de nós, deve fazer a caridade e amar o próximo, porque só seu Amor é verdadeiro.

E o Espírito Santo é derramado por meio de Jesus Cristo, para quem crê Nele:

Disse João Batista a respeito de Jesus: “E eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; não sou digno de levar as suas sandálias; ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.” (Mateus 3:11)

“Recebereis a força do Espírito Santo que virá sobre vós e sereis minhas testemunhas até os confins da terra” (Atos 1,8) - disse Jesus.


“Vosso Pai celestial dará o Espírito Santo aos que lho pedirem.” (Lc. 11,13) - disse Jesus.

"Jesus soprou sobre eles dizendo-lhes: recebei o Espírito Santo.” (cf. João 20, 22)

"Eis que eu vos enviarei o que meu Pai prometeu. Por isso, permanecei na cidade até serdes revestidos da força do Alto." (Lc 24, 46-53)


Portanto, uma caridade sem Jesus (aquele que derrama o Prometido, o Espírito Santo) e sem o amor derramado pelo Espírito Santo (que é Ele mesmo) é vazia e sem mérito algum.
Portanto, não é só fazer o bem, é fazer o bem do jeito que Deus quer e aceita. Para fazer o bem que Deus quer é fazer pelos méritos do Senhor Jesus, pelo poder e na ação do Espírito Santo em nós.


"Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim NADA podeis fazer" (João 15:4-5) - disse Jesus.

"E o seu mandamento [de Deus] é este: que CREIAMOS no nome de seu Filho Jesus Cristo, e nos AMEMOS uns aos outros, segundo o seu mandamento.

E aquele que guarda os seus mandamentos nele está, e ele nele. E nisto conhecemos que ele está em nós, pelo ESPÍRITO que nos tem dado." (1ª carta de João 3, 22)

“Se perguntarmos aos condenados: por que vocês estão no inferno? Eles responderão: “por termos resistido ao Espírito Santo.”
Se perguntarmos aos santos: por que vocês estão no céu? Eles responderão: “por termos ouvido ao Espírito Santo”.
O homem é todo terrestre e animal. Somente o Espírito Santo pode pô-lo de pé e elevar sua alma.
Por que os santos eram tão desligados da Terra? Porque se deixavam conduzir pelo Espírito Santo.
Quando temos bons pensamentos é o Espírito Santo que nos visita.
As pessoas do mundo não têm o Espírito Santo ou tem somente de passagem: Ele não para na casa deles. O barulho do mundo o faz ir embora.” (São João Maria Vianney)

A Jesus Cristo, no Espírito Santo que vem do Pai pelo Filho, a glória, o louvor, a honra e o domínio para sempre, e a nós, meras criaturas, totalmente dependentes do Pai e do Filho e do Espírito Santo, a Misericórdia divina!

tt

quarta-feira, 13 de julho de 2011

O ENDURECIMENTO DO CORAÇÃO

Existe um estado da alma que chamamos na teologia de endurecimento dos sentidos, ou simplesmente, endurecimento do coração. É um estado em que a pessoa, por ter escolhido tanto pecar, sua consciência não sente mais nojo do pecado ou não se sente capaz de se arrepender com profundidade. Assim, o pecado se torna costumeiro e sem arrependimentos, mesmo os grandes pecados como assassinato e aborto.
Nesse estado a alma dificilmente se converte ou se arrepende (e se há arrependimento, este é superficial ou temporário) ou busca a Deus para se converter, por isso pode acabar morrendo nesse estado longe da salvação e passar a eternidade nesse estado de perdição. Há diversas pessoas nesse estado na Igreja de Deus, trabalhando nas pastorais e nos movimentos, tão cegos diante de seus diversos pecados de estimação, pecados mortais, pesando sobre suas cabeças a condenação eterna.
Claro está que para Deus nada é impossível, e Ele pode curar a pessoa desse estado e salvar essa pessoa, mas a custo de um grande milagre na alma do impenitente, fazendo-o ressuscitar, sendo este um milagre mais portentoso do que construir um universo do nada.

Por isso é muitíssimo importante que a alma não caia num estado de tal relaxamento espiritual que dificulte sua conversão depois e corra o risco de não se encontrar com Deus depois da morte e passar a eternidade nesse estado lastimável sem conseguir se converter para sempre, como fizeram os anjos após sua rebelião, permanecendo assim totalmente longe de Deus e da felicidade que tinham antes.
Por isso é de suma importância buscar sua conversão diária, com a força do Espírito Santo, através da oração e da ascese ir dilacerando todos os pecados que se mostrem ou que venham a querer tomar conta da alma. Deixar para depois é temerário, porque pode não haver tempo ou a alma se torna tão orgulhosa que não consegue se converter depois ou se arrepender com sinceridade, correndo o risco de parar no inferno para sempre.



“Por isso — como diz o Espírito Santo —, “hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações, como na rebelião, no dia da tentação, no deserto, onde vossos pais me tentaram, pondo-me à prova, e viram as minhas obras durante quarenta anos. Por isso, irritei-me com essa geração e afirmei: sempre se transviam no coração e desconhecem os meus caminhos. Assim jurei em minha ira: jamais entrarão no meu repouso”. Cuidai, irmãos, que não se ache em algum de vós um coração transviado pela incredulidade; que ninguém se afaste do Deus vivo.” (Hebreus 3, 7 – 12)


"Deus está entre nós e nos chama; mas nós insistimos em não responder e em não vê-Lo, porque preferimos ficar absortos em nossos próprios interesses." (São Padre Pio de Pietrelcina)


A Jesus a glória e a nós a Misericórdia!

tt 

sexta-feira, 8 de julho de 2011

FORA DA IGREJA CATÓLICA NÃO HÁ SALVAÇÃO

Esta é uma verdade de Fé, isto é, imutável em sua essência, vinda de Cristo, explícita na Sagrada Escritura e na Tradição dos apóstolos, promulgada pela Igreja: quem não pertence ao Corpo de Cristo (I Cor 12, 27; Ef. 1, 22-23), que é o único Caminho, Verdade e Vida (João 14, 1-12), único Mediador entre Deus e os homens (1 Timóteo 2, 5), único Salvador (João 1) e Sumo Sacerdote eternamente (Hebreus 4, 14 a 16), não pode encontrar salvação fora.
Temos que lembrar, porém, que aqueles que não conhecem a Cristo podem se salvar de alguma forma misteriosa ainda pela Igreja e por Cristo, desde que sigam suas consciências. Porém, a partir do momento que a pessoa encontra-se com Cristo e conhece sua Igreja, e depois a rejeita torna-se cúmplice da sua própria ignorância e se perderá eternamente no inferno se não participar Dela efetivamente.
Rejeitar a Igreja (Corpo de Cristo) é rejeitar a Cristo (sua Cabeça – Efésios 5, 23), porque o Corpo não está separado da Cabeça, e sem Jesus Cristo não há salvação, por isso é preciso estar unido ao seu Corpo para ser salvo, isto é, sua Igreja.
E, como o Senhor fundou sua Igreja sobre Pedro (Mateus 16, 17), e os Bispos de Roma são seus sucessores, a única Igreja que o Senhor fundou é a Igreja católica, portanto única Igreja verdadeira.

No Catecismo Oficial da Igreja católica, parágrafos 846 a 848, se encontra a explicação:

Como entender esta afirmação, com freqüência repetida pelos Padres da Igreja? Formulada de maneira positiva, ela significa que toda salvação vem de Cristo-Cabeça por meio da Igreja, que é seu Corpo:
Apoiado na Sagrada Escritura e na Tradição, [o Concílio] ensina que esta Igreja peregrina é necessária para a salvação. O único mediador e caminho da salvação é Cristo, que se nos torna presente em seu Corpo, que é a Igreja. Ele, porém, inculcando com palavras expressas a necessidade da fé e do batismo, ao mesmo tempo confirmou a necessidade da Igreja, na qual os homens entram pelo Batismo, como que por uma porta. Por isso não podem salvar-se aqueles que, sabendo que a Igreja católica foi fundada por Deus por meio de Jesus Cristo como instituição necessária, apesar disso não quiserem nela entrar ou nela perseverar.
Esta afirmação não visa àqueles que, sem culpa, desconhecem Cristo e sua Igreja:
"Aqueles, portanto, que sem culpa ignoram o Evangelho de Cristo e sua Igreja, mas buscam a Deus com coração sincero e tentam, sob o influxo da graça, cumprir por obras a sua vontade conhecida por meio do ditame da consciência podem conseguir a salvação eterna. Deus pode, por caminhos dele conhecidos, levar à fé todos os homens que sem culpa própria ignoram o Evangelho. Pois 'sem a fé é impossível agradar-lhe' Mesmo assim, cabe à Igreja o dever e também o direito sagrado de evangelizar" todos os homens.”

São Cipriano (séc. III) escreveu: "Não há salvação fora da Igreja".

No Credo de Santo Atanásio (séc. IV), oficial da Igreja Católica, se encontra : " Todo aquele que queira se salvar, antes de tudo é preciso que mantenha a fé católica; e aquele que não a guardar íntegra e inviolada, sem dúvida perecerá para sempre (...) está é a fé católica e aquele que não crer fiel e firmemente, não poderá se salvar".

Papa Inocêncio III (1198-1216): "De coração cremos e com a boca confessamos uma só Igreja, que não de hereges, só a Santa, Romana, Católica e Apostólica, fora da qual cremos que ninguém se salva".

IV Concílio de Latrão (1215), infalível, Canon I: "...Há apenas uma Igreja universal dos fiéis, fora da qual absolutamente ninguém é salvo...". Canon III: "Nós excomungamos e anatematizamos toda heresia erguida contra a santa, ortodoxa e Católica fé sobre a qual nós, acima, explanamos...".

Papa Bonifácio VIII (1294-1303): "Por apego da fé, estamos obrigados a crer e manter que há uma só e Santa Igreja Católica e a mesma apostólica e nós firmemente cremos e simplemente a confessamos e fora dela não há salvação nem perdão dos pecados (...) como Romano Pontífice, o declaramos, o decidimos, definimos e pronunciamos como de toda necessidade de salvação para toda criatura humana.”

Concílio de Florença (1438-1445): "Firmemente crê, professa e predica que ninguém que não esteja dentro da Igreja Católica, não somente os pagãos, mas também, judeus, os hereges e os cismáticos, não poderão participar da vida eterna e irão para o fogo eterno que está preparado para o diabo e seus anjos, a não ser que antes de sua morte se unirem a Ela(...)"

O Concílio infalível de Trento (1545-1563) além de condenar e excomungar os protestantes, reiterou tudo o 
que os Concílios anteriores declararam, e ainda proferiu : "... nossa fé católica, sem a qual é impossível agradar a Deus..."

Papa Pio IV (1559-1565), um dos papas do Concílio de Trento: "... Esta verdadeira fé católica, fora da qual ninguém pode se salvar..." (Profissão de fé da Bula "Iniunctum nobis" de 1564)

Papa Benedito IV (1740-1758): "Esta fé da Igreja Católica, fora da qual ninguém pode se salvar..."

Papa Gregório XVI (1831-1846), Mirari Vos: "Outra causa que tem acarretado muitos dos males que afligem a Igreja é o indiferentismo, ou seja, aquela perversa teoria espalhada por toda a parte, graças aos enganos dos ímpios e que ensina poder-se conseguir a vida eterna em qualquer religião, contanto que se amolde à norma do reto e honesto. Podeis com facilidade, patentear à vossa grei esse erro tão execrável, dizendo o Apóstolo que há um só Deus, uma só fé e um só batismo (Ef. 4,5): entendam, portanto os que pensam poder-se ir de todas as partes ao Porto da Salvação que, segundo a sentença do Salvador, eles estão contra Cristo, já que não estão com Cristo (Luc. 11,23) e os que não colhem com Cristo dispersam miseravelmente, pelo que perecerão infalivelmente os que não tiverem a fé católica e não a guardarem íntegra e sem mancha (Simb. Sancti Athanasii).(...) Desta fonte lodosa do indiferentismo promana aquela sentença absurda e errônea, digo melhor disparate, que afirma e que defende a liberdade de consciência. Esse erro corrupto que abre alas, escudado na imoderada liberdade de opiniões que, para confusão das coisas sagradas e civis, se estende por toda parte, chegando a imprudência de alguém asseverar que dela resulta grande proveito para a causa da religião. Que morte pior há para a alma do que a liberdade do erro?, dizia Santo Agostinho (Ep. 166)"

"Catecismo da Doutrina Cristã", voz infalível do ensinamento dos Papas e dos Concílios:

149- Que é a Igreja Católica?
A Igreja Católica é a sociedade ou reunião de todas as pessoas batizadas que, vivendo na terra, professam a mesma fé e a mesma lei de Cristo, participam dos mesmos sacramentos, e obedecem aos legítimos Pastores, principalmente ao Romano Pontífice.
153- Então não pertencem à Igreja de Jesus Cristo as sociedades de pessoas batizadas que não reconhecem o Romano Pontífice por seu chefe?
Todos os que não reconhecem o Romano Pontífice por seu chefe não pertencem à Igreja de Jesus Cristo.
156- Não poderia haver mais de uma Igreja?
Não pode haver mais de uma Igreja, porque, assim como há um só Deus, uma só fé e um só Batismo, assim também não há nem pode haver senão uma só Igreja verdadeira.
168- Pode alguém salvar-se fora da Igreja Católica, Apostólica, Romana?
Não. Fora da Igreja Católica, Apostólica, Romana, ninguém pode salvar-se, como ninguém pôde salvar-se do dilúvio fora da arca de Noé, que era figura desta Igreja.

Ou, ainda em outro documento, São Pio X, condenando, as teses modernistas: "Toda religião, não excetuada sequer a dos idólatras, deve ser tida por verdadeira(...). E os modernistas de fato não negam, ao contrário, concedem, uns confusa, e outros manifestamente, que todas as religiões são verdadeiras(...). Quando muito, no conflito entre as diversas religiões, os modernistas poderão sustentar que a Católica tem mais verdade, porque é mais viva e merece mais o título de Cristã, porque mais completamente corresponde o título de Cristã, porque mais completamente corresponde às origens do cristianismo".

A Jesus Cristo a glória e a nós a Misericórdia! 

tt



quinta-feira, 7 de julho de 2011

COMO VOLTAR PARA CRISTO

Faça sua opção por Cristo, novamente, renovando o seu Batismo;
Peça perdão a Deus dos seus grandes e seus pequenos pecados diante do confessor;
Faça um ato de vontade de voltar atrás, ao primeiro amor;
Peça auxílio ao Espírito Santo para manter-se firme no Caminho de Deus;
Volte a frequentar uma comunidade séria;
Faça pelo menos meia hora de oração diária, se for possível diante do Santíssimo;
Leia, pelo menos, um capítulo da Sagrada Escritura com a ajuda da Igreja;
Seja humilde e obediente a Deus e às autoridades por Ele estabelecidas;
Viva sempre que possível com o povo de Deus;
Tenha uma devoção de filho pela Mãe de Jesus Cristo e da Igreja;
Perdoe mil vezes por dia, aos outros e a si mesmo, como Cristo já o fez;
Siga sua vocação se já sabe qual é ela, se não sabe, pergunte a Deus em oração, humildemente, e aguarde Sua resposta com fé e esperança;
Seja misericordioso com todos e consigo mesmo;
Seja totalmente paciente em todas as ocasiões, sejam eles quais forem, com todas as pessoas;
Seja alegre, porque Jesus Cristo te ama infinitamente (quer motivo maior que este?);
Aproveite cada graça de Deus e não as desperdice;
Entre em comunhão com o Sangue e o Corpo de Jesus Cristo, o Pão vivo que desceu do céu;
Seja paciente consigo mesmo, especialmente nas provações, aceitando todos os males que vêm até você, lembrando que Jesus sofreu muito mais, apesar de ser infinitamente perfeito;
Por fim, se vier a cair novamente (que isto não te aconteça porque é uma terrível desgraça), volte ao começo, e humildemente aceite o mais rápido possível o Senhor Jesus de novo, porque Ele é infinitamente misericordioso para te receber de volta.

terça-feira, 5 de julho de 2011

JESUS CRISTO: O ÚNICO MEDIADOR ENTRE DEUS E OS HOMENS

A verdade dogmática que resulta mais objetiva do fato de o Verbo ter-se encarnado e ter-se feito verdadeiro homem, sem deixar de ser verdadeiramente Deus, é a da mediação única de Jesus Cristo entre Deus e os homens.

São Paulo a afirma numa fórmula explicitamente dogmática: “Há um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo homem, que se deu em resgate por todos.”  (1 Tim 2, 5 e 6).


À luz desta afirmação, poderíamos concluir: Jesus é o caminho de Deus e para Deus.


Talvez convenha nos formulemos uma pergunta muito simples, que por tão simples, nunca nos formulamos: Que é mesmo um “mediador”?


Santo Tomás de Aquino, em a
Summa Theologiae, faz uma análise muito arguta da mediação de Jesus Cristo e a fundamenta exatamente neste pressuposto do que vem a ser um “mediador”.

Ele explica: “
mediatoris officium proprie est conjungere eos  inter quos est mediator: nam extrema uniuntur in medio.”  Traduzindo: “função do mediador propriamente é unir aqueles entre os quais ele é mediador, pois os extremos se unem no meio.” (Summa Theologiae, P.III, Q.XXVI, Art. 1)  É esta  a função de Cristo, que está entre Deus e a humanidade.  

Este, portanto, que une o Criador infinito com a humanidade finita,  que estabelece relações, que implora e consegue favores de Deus, leva os nossos rogos e precisões de pecadores Àquele que é a santidade em si mesmo, – este é o sumo e único Mediador.


E diz mais o grande Santo Tomás: “
Só Cristo é o perfeito mediador entre Deus e os homens, porquanto através de sua morte reconciliou o gênero humano com Deus. Daí procede que quando o Apóstolo disse:  mediador entre Deus e os homens é o homem Cristo Jesus, logo acrescentou (v.6): Que se deu a si mesmo em redenção para todos.” (Summa Theologiae, na conclusão do art.1, citado acima).

Importante ponderar ainda que, sendo Deus infinitamente superior a todos, e nós a ele infinitamente inferiores, necessário se tornava que o mediador tivesse algo de comum com Deus e com os homens. Isto se realizou perfeitamente em Cristo, que, sendo Deus, encarnou-se, tornando-se perfeitamente homem.


Lembremos o texto da carta de Paulo aos Filipenses: “Sendo ele o Verbo de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhado-se aos homens”. (Fil 2, 5-8).


Esta expressão “assemelhando-se aos homens” deve ser explicada. Na verdade, o Verbo de Deus não somente se assemelhou aos homens. Sim, assemelhou-se também. Mas, em verdade, fez-se homem, tornou-se homem.


Cristo mediador tem, em seu ser, a perfectibilidade da mediação, pois ele partilha de ambas as naturezas: a de Deus, pois é seu Verbo e seu Filho, e a dos homens, pois é homem perfeito e nosso irmão maior – “o primogênito entre muitos irmãos”, como diz Paulo na Carta aos Romanos (Ro 8, 29).


Estamos aqui diante do ser mediador de Cristo, aquilo que os teólogos chamam mediação
quoad esse. Pois a mediação se entende quanto ao esse (ser) e quanto ao operari (agir, fazer). Jesus Cristo é mediador pelo seu próprio “ser”: Deus-Homem. Mas o foi também pelo que operou: “a reconciliação de tudo em si mesmo pelo sangue da cruz” (Cl 1, 20)

Afirmar que Jesus é Mediador é de uma riqueza incomparável na ordem teológica e humana. Significa que o céu e a terra se encontraram em Jesus Cristo, que Deus e o homem se unem no perfeito sentido religioso, da palavra latina
religare.

De
religare é que procede religio,  em português religião. Religião exprime todo o conjunto de práticas pelas quais os homens buscam ligar-se a Deus.

Religare:
ligar de novo os que estavam separados. A obra mais excelente criada por Deus, o homem, “imagem e semelhança de Deus”, não podia  mais voltar a Deus, não podia por si unir-se a ele. O pecado original levantara um muro de separação entre a humanidade criada e Deus Criador. A Encarnação rompeu este muro, refazendo a união entre ambos. Aqui está o esse, o ser da mediação de Jesus, Verbo Encarnado.

Em Jesus Cristo, Homem e Deus, a humanidade liga-se de novo a Deus. Poderíamos dizer: Jesus é o caminho de Deus e para Deus. “Eu sou o caminho a verdade e a vida, ninguém chega ao Pai senão por mim”. (Jo 14, 6).


E mais ainda, todos os homens se unem entre si por causa de Cristo e em Cristo. A mediação de Jesus não é só entre Deus e a humanidade; é também entre povos e nações e facções humanas, entre gentios pagãos e o povo eleito de Deus que já existia. A mediação de Cristo é a paz no sentido mais radical.

Significativo, a propósito, o texto de São Paulo aos Efésios que está em Ef 2, 11-19:

“Já não sois hóspedes nem peregrinos, mas sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus, edificados sobre os apóstolos e os profetas como fundamentos, sendo o próprio Cristo a pedra angular. É nele que todo o edifício, harmonicamente disposto, se levanta para ser um templo santo no Senhor. É nele que também vós outros entrais em conjunto, pelo Espírito, na estrutura do edifício que se torna  habitação de Deus.”


Lendo-se este texto e meditando-o, compreendemos que Paulo acena para a
Igreja de Cristo, “edificada sobre os apóstolos”, “templo santo do Senhor”, “que se torna habitação de Deus”. É aí que se religam Deus e a humanidade. É este o templo da verdadeira Religião (de religare) à que nos referimos acima.

Temos, assim, em Jesus duplo sentido da religião que precede de
religare – restabelecer a união: 1) ligados de novo, os homens a Deus; 2) ligados de novo os homens entre si, sem inimizades, por causa de Cristo.

Religião é união com Deus. Religião é amizade, afeto fraterno entre os que estão em Cristo. Os que crêem em Cristo são chamados a professar e criar a religião entre todos. É a paz como fruto da fé.


A paz está no centro dos anseios humanos, e sobretudo dos anseios de Deus. Ela começou quando Cristo nasceu, e, por isso, os anjos cantaram: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens amados por Deus”. (Lc 2, 14). Ele mesmo é a nossa Paz. (Ef 2, 14). Os textos proféticos de Isaias falam de uma paz messiânica inimaginável. Uma paz que certamente não se realizará. (Cf Is. 19, 6-10). Este texto é um símbolo, uma alegoria do que os homens devem criar.


A paz entre os homens nascerá do perdão. Ou nunca se dará. Eis a advertência de Jesus: “Se perdoardes aos homens as suas ofensas, vosso Pai celeste também vos perdoará. Mas, se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará.” (Mt 6,14)


É admirável que Jesus não só curou tantos enfermos, mas que também lhes perdoou os pecados. E assim lhes restituiu a paz. Fazia parte de sua atividade messiânica e mediadora. Significativo, a propósito, o que está no episódio da cura do paralítico.(Mt 9, 2-9)

Perdoar pecados é mais do que curar fisicamente as pessoas, porque é curá-las no seu interior, e não só por fora. É o ponto mais alto e mais sublime da mediação de Jesus quanto a seu operar.


Por isso, também, ele deixou este poder de “perdoar pecados” aos ministros de sua Igreja. “Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio...Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles  a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos.”(Jo 20, 21-24)


Bendigamos para sempre ao nosso divino Mediador, que estendeu até nós a alegria do perdão de nossos pecados. O perdão é a fonte da paz.

Por: DOM ANTÔNIO AFFONSO DE MIRANDA - SDN
BISPO DE TAUBATÉ - SP