segunda-feira, 14 de maio de 2012

RCC E SUAS POLÊMICAS

Luiz Fernando Gomes Vitor pergunta:

“Anderson , desde quando eu comecei minha caminhada na Igreja
eu tive muitos colegas que condenavam a Renovação Carismatic e diziam que era tudo falso demais , os servos , a oração em línguas , o repouso no espírito, etc. ; que era uma verdadeira heresia, que eles eram modernistas sobre ficar batendo palmas na missa, levantando os braços,  etc.
Ai eu to muito confuso ultimamente:
Porque todos os movimentos e dioceses da Igreja são da renovação mas eai ??
 É certo bater palmas ? Existe Repouso no Espírito Santo ?? Existe Oração em Linguas ?”


Caro amigo Luiz Fernando:

Antes de tudo tenho que dizer que a Igreja é o Corpo de Cristo. Lembremos bem disso. Por isso, ir contra a Igreja é ir contra Cristo. O que a Igreja diz é o que Cristo diz que é, porque a Igreja fala na Pessoa de Cristo. É Jesus falando. É Jesus agindo. É Jesus no meio do mundo. Por isso a Igreja em tudo precisa ser ouvida e seguida para que se possa encontrar o Caminho, porque a Igreja, enquanto Corpo de Cristo, ela mesmo (unido à Cabeça que é o Senhor Jesus) é o Caminho. É um dos mistérios da nossa Fé.
Por que começo dizendo isto? Porque tenho que lembrar que mais importante que qualquer corrente de pensamento, ideia ou ideologia é o que pensa a Igreja. Opor-se à Igreja é opor-se a Jesus. Opor-se ao ensinamento da Igreja é opor-se ao ensinamento de Jesus. O mesmo Espírito Santo que, na Terra, habitava a humanidade de Jesus é o mesmo que habita a Igreja, seu Corpo.
Agora, depois de esclarecido isto, a minha resposta à sua pergunta terá mais sentido.

A Renovação Carismática Católica é um movimento como outros movimentos que alguns membros do Corpo de Cristo, isto é, a Igreja, participam. Nada mais que isto. Nada menos que isto.
É, sim, um movimento aceito pela Igreja e acompanhado por bispos e Cardeais no mundo todo. Assim como outros movimentos dentro da Igreja são também aceitos. Disso ninguém pode duvidar. O papa João Paulo II foi grande incentivador desse movimento. Até mesmo o atual Papa Bento XVI, quando cardeal, participou algumas vezes de encontros da Renovação Carismática Católica realizados na Itália. Até mesmo deu um pronunciamento em um dos encontros em que o falecido e mundialmente conhecido padre Emiliano Tardiff estava pregando.
Agora temos que levar em conta que os membros de um movimento, só eles, sozinhos, não são Igreja. Um movimento só pode ser Igreja quando está completamente em obediência ao Bispo, e principalmente (e totalmente unido) ao Magistério e ao Papa. E mesmo que esteja unido de forma eclesial ao Magistério, esse movimento não pode, dentro da Igreja, falar no lugar de Jesus, ou seja, substituindo a voz do Magistério da Igreja. Por quê? porque somente o Papa tem a infalibilidade a respeito da Fé. Só o Papa tem o ensinamento correto e verdadeiro sobre os assuntos da Fé. Por isso, nenhuma pessoa isolada, grupo ou movimento tem o poder de interpretar corretamente a Sagrada Escritura ou dar o parecer devidamente acertado a respeito de um assunto que somente o Papa pode dar.
Então, a Renovação Carismática Católica é apenas um movimento dentro da Igreja. Não é maior ou menor que qualquer outro movimento aceito pela Igreja e jamais pode falar por si ou no lugar da Igreja e do Papa. Ela somente fala “no lugar” da Igreja quando falar o que a Igreja ensina.
É este, por justiça, o lugar da RCC – e também dos outros movimentos ou grupos dentro da Igreja, ou mesmo de uma pessoa isolada. Seu ensinamento só é de Deus se ela fala o que a Igreja ensina.
Se perguntarem ao Papa se há erros dentro da RCC, ele com certeza dirá que sim. Se perguntarem ao Papa se há a ação de Deus dentro da RCC, ele com certeza dirá que sim. O que isso quer dizer? Quer dizer que a RCC é um movimento cheio de pecadores, mas que, apesar de erros de seus membros, é um movimento útil a Deus, como instrumento para santificação das almas, como um movimento servo da Igreja.
E o que podemos dizer dos dons carismáticos? Bem, isto já é um assunto mais peculiar dentro da RCC, mais que em outros movimentos. Mas vou dizer o que é o parecer da Igreja e não o meu.
Os carismas existem e são verdadeiros. A prova disso são as manifestações especiais nas vidas dos santos da Igreja. Não é uma coisa somente do passado, somente da Igreja nascente, mas é uma manifestação que em todos os tempos sempre acompanhou a Igreja. Segundo o que diz os documentos da Igreja, os carismas são manifestações evidentes do Espírito Santo, são reais e sempre presentes na vida da Igreja.
O problema é: o que é um carisma verdadeiro ou somente uma manifestação psicológica ou pior, demoníaca? Isto somente a Igreja pode responder. O fato é que há carismas verdadeiros e há os pseudocarismas. E temos outro fator importante: não é fácil identificar. Somente os anos e a experiência podem provar se aquela manifestação é ou não um carisma verdadeiro. Uma das grandes provas de que um carisma é verdadeiro é que ele sempre levará à santidade e à comunhão da Igreja.
Agora o que dizer? A verdade é que na RCC existem carismas verdadeiramente do Espírito Santo e há manifestações que não são.
A oração em línguas, as profecias, as curas, os milagres, dentre outros carismas, que são tão evidentes na RCC podem ser do Espírito Santo. Podem. Alguns são, outros não. Esta é a verdade. É isto que a Igreja diz sobre as manifestações particulares ocorridas dentro da Igreja, o que inclui com certeza as que ocorrem na RCC.
E o que fazer? Usar sempre da cautela que a Igreja sempre usa em todos casos. Os frutos o provarão: o aumento da fé, da caridade, da obediência à Igreja, a santificação, etc., e isto requer tempo.
Quanto ao famoso repouso no espírito há ainda um elevado estudo sobre o assunto. A CNBB advertiu em um documento direcionado exclusivamente à RCC para evitar a prática do repouso, isto é, como não se sabe se é uma manifestação do Espírito Santo, é melhor evitar a prática.
Mas a quê os Bispos do Brasil se referem sobre praticar o repouso no espírito? Eles se referem a algumas pessoas que rezam sobre as outras procurando levá-las a cair no repouso. É a isto que os Bispos se referem. O Cardeal Suenens, também membro da RCC, ele que acompanha de perto a RCC há anos a pedido do Vaticano, escreveu um livro sobre o assunto, e em seu livro ele concorda com a CNBB. Portanto, em obediência aos Bispos deve-se evitar rezar para que uma pessoa caia no repouso. Entretanto, segundo o Cardeal Suenens, se esta queda ocorrer sozinha, aí a coisa é diferente. Por exemplo: se durante um louvor ou uma oração particular uma ou mais pessoas caírem sem que fossem motivadas a isto, a coisa já tem outro parecer. Ninguém procurou isto, ninguém rezou por elas para que isso ocorresse. Simplesmente ocorreu. Entretanto, mesmo assim, se a queda ocorrer, isto não quer dizer ainda (que fique dito!) que se trata de uma manifestação divina. Somente os frutos o dirão.
Por isso, aqueles que querem obedecer a Deus, devem obedecer ao Corpo de Cristo, e em se tratando do repouso no espírito, deixemos que a Igreja dê seu parecer final (que ainda não veio, que fique bem claro) sobre esse fenômeno. Enquanto isto, aguardemos pacientemente a vontade de Deus.
E para finalizar sobre o assunto dos carismas é bom evidenciar que os dons carismáticos não são necessários exatamente para nossa salvação. Sem eles, podemos nos santificar e nos salvar. Eles apenas, quando verdadeiros, podem servir para aumentar a Fé, mas não são exatamente necessários para isso. A salvação nós a alcançamos pelos Sacramentos da Igreja, onde Jesus ministra a nós as graças necessárias para alcançarmos a vida eterna. Não precisamos de outros meios. Os carismas são apenas uma força a mais para que esse caminho seja trilhado.
Sobre as palmas e danças tão frequentes na RCC, o Papa Bento XVI vem pedindo veementemente que não se façam presentes na Santa Missa. Por quê? porque não se deve mudar nunca (nunca!) o Ritual da Sagrada Missa. A Missa por si só já é mais que suficiente. Não precisa de acréscimos. Isto é o que vem ensinando o Papa Bento XVI, fazendo eco ao Beato João Paulo II e aos demais Sucessores de Pedro. Só isto. É esta a orientação básica sobre esses assuntos. Se isto é feito com o devido respeito nos Grupos de Oração e encontros não há motivo para que se deixe de fazer, contanto que isto sirva para levar os participantes a um encontro com a Pessoa do Espírito Santo. Mas, vale lembrar que também não são necessários para uma oração nem a dança nem as palmas. Elas devem ser apenas auxiliares, quando forem necessárias, para se alcançar uma entrega à oração e ao louvor.
O próprio Pe. Robert DeGrandis (integrante da RCC desde o começo do movimento, mundialmente conhecido) escreve em seus livros que louvar a Deus de maneira a atingir um verdadeiro louvor não tem a ver com palmas e danças. Segundo ele, às vezes podem até atrapalhar o louvor e a entrega. Por isso, deve-se utilizar esses meios somente se eles forem necessários.
Bem, espero ter esclarecido suas dúvidas e com isto as dos demais leitores.

Forte abraço em Cristo.

tt

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