sexta-feira, 28 de outubro de 2011

INTERCESSÃO DOS SANTOS

Dowgllazz Silva pergunta:

Porque os católicos rezam para santos alem de rezar para Deus ? muitos deles nem estão na bíblia, só foram criados pela mente humana...

Caro Dowgllaz:

Em nenhum lugar a Sagrada Escritura condena a veneração (coisa diferente de adoração, algo reservado somente a Deus) aos homens e mulheres de Deus, aliás, a Bíblia até incentiva a honra aos santos (santo não significa que seja santo como Deus, mas que é uma pessoa temente a Deus, que se salvou - no Novo Testamento vemos essa palavra muitas vezes empregada aos que se converteram).

Veja em segundo Reis 13, 20-21, o caso de Eliseu em que Deus cura através de suas relíquias (o que sempre acontece na Igreja de Jesus Cristo).


Em Eclesiástico 48,12, vemos a veneração do nome de Elias pelos judeus, um santo profeta de Deus:

"Quando Elias foi envolvido pelo turbilhão, Eliseu ficou repleto do espírito dele. Durante a vida, Eliseu não tremeu diante dos poderosos, e ninguém conseguiu dominá-lo. Nada era difícil demais para ele e, mesmo morto, ainda profetizou. Durante a vida realizou prodígios e, depois de morto, suas obras foram maravilhosas”.

No segundo livro dos Reis capítulo 2 vemos Eliseu utilizando uma relíquia de Elias:

"Então Elias pegou o manto, o enrolou e
bateu com ele na água. A água se dividiu em duas partes, de tal modo que os dois passaram o rio sem molhar os pés. [...] Pegou o manto de Elias, que havia caído, e voltou para a margem do Jordão. Segurando o manto de Elias, bateu com ele na água, dizendo: “Onde está Javé, o Deus de Elias?”Bateu na água, que se dividiu em duas partes. E ele atravessou o rio.”


Usava-se as relíquias de Paulo para realizar milagres:

"Deus fazia milagres extraordinários por INTERMÉDIO de Paulo, a tal ponto que bastava aplicar aos doentes os lenços e as roupas que tinham estado em contato com o seu corpo, para que as doenças e os espíritos malignos os deixassem.” (Atos 19,1).

Por intermédio de são Paulo, por sua intercessão Deus realizava vários e vários milagres.
Em Atos 5,12-13 vemos o povo venerando e honrando os Apóstolos:

“Muitos sinais e prodígios eram realizados entre o povo pelas mãos dos apóstolos. Todos os fiéis se congregavam, bem unidos, no Pórtico de Salomão. Nenhum dos outros ousava juntar-se a eles, mas o povo estimava-os muito.”

Vemos o povo de Israel honrando e venerando o patriarca Abraão
(São João 8 e Gálatas 3, 7).
Paulo considera Estevão mártir santo (cf. At 22, 20).

Deus mesmo honra seus santos, os ama e lhes aceita os pedidos, mesmo em vida, imagine depois de estarem com o Senhor!
Veja os mortos santos (= salvos) intercendendo diante de Deus:

“E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram. E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?”
(Apocalipse 6).

E a Sagrada Escritura é clara a respeito da intercessão dos salvos (isto é, dos santos):

“E veio um outro anjo que se colocou perto do altar, com um turíbulo de ouro. Ele recebeu uma grande quantidade de incenso, para oferecê-lo com as orações de todos os santos, no altar de ouro que está diante do trono. E da mão do anjo subia até Deus a fumaça do incenso com as orações dos santos.” (Apocalipse 8, 3-4)

A Igreja, desde os primórdios, e vê-se isso nos escritos do século I e II, que acreditava na intercessão dos mortos que foram salvos. Pelos méritos de Cristo, essas pessoas que foram salvas e já estão junto com o Senhor após sua morte, podem interceder pelos que ainda estão vivos.
A Igreja crê na Comunhão dos santos, isto é, a Igreja não é mutilada quando os seus fiéis morrem, mas a Comunhão da oração e dos seus dons se mantém.
A Igreja na eternidade e a Igreja na Terra é a mesma e única Igreja de Cristo, essa Comunhão não se acaba após a morte, muito pelo contrário, se intensifica. Os mortos estão vivos em Cristo e mantém contato através das orações e das bênçãos que recebem através de suas orações.

“E ele (Deus) nos ressuscitou com Cristo e com ele nos fez sentar nos céus, em virtude de nossa união com Cristo Jesus!” (Efésios 2, 6)

Por estarem os salvos (= santos) nos Céus, como se viu no Apocalipse 6 e 8, estão mais intimamente ligados ao Senhor, e pelos méritos de Cristo Jesus, conseguem de Deus graças para os que estão aqui neste mundo em busca de Deus.
E podemos pedir a eles graças, curas e milagres. Por que não? Não existe uma só proibição bíblica ou na Tradição da Igreja que nos motive a não pedir a um salvo no Céu, pela sua oração, alguma graça específica. Se em vida podemos pedir a intercessão dos que estão no caminho de Deus, por que não podemos pedir a eles depois que já estão nos Céus, assentados com Cristo à direita de Deus?
E como eles saberiam de nossas orações se não são oniscientes? Na onisciência de Deus, pela revelação de Deus a eles, os santos assistem os caminhos dos homens e da Igreja na Terra, veja em Apocalipse 6 que os santos mortos intercedem para que Deus faça justiça por aqueles que no mundo são perseguidos e até mortos pelo Reino de Deus.
Nós vemos também isto na parábola do Lázaro e do rico em que o rico assiste, mesmo depois de morto, e ainda estando no inferno, os seus parentes que ainda não se converteram dos seus caminhos errados e até intercede por eles, mas sem sucesso porque ele não está salvo (São Lucas 16). Imagine os santos que estão em completa comunhão com Deus!
Vemos isto até pela Palavra de Nosso Deus Jesus Cristo. No evangelho de S. Mateus (22, 30), Jesus Cristo ensina que os "santos são como os anjos de Deus no céu". Zacarias diz: "que o anjo intercedeu por Jerusalém ao Senhor dos exércitos" (1, 12 -13).

No Livro de Jeremias vemos:

"E o Senhor disse-me: ainda que Moisés e Samuel se pusessem diante de mim, a minha alma não se inclinaria para este povo; tira-os da minha face e retirem-se."
(Jeremias 15, 1 ss).

No tempo de Jeremias, estavam mortos Moisés e Samuel, mas sua possível intercessão é confirmada pelas palavras do próprio Deus: "ainda que Moisés e Samuel se pusessem diante de mim...", quer dizer que eles poderiam se colocar diante de Deus para pedir clemência para com aquele povo. Em outras palavras, Deus deixa clara a possibilidade da intercessão após a morte.

Algumas vezes nem recebemos algumas graças porque não as pedimos pela intercessão de nossos irmãos, mostrando assim nossa humildade em recorrer a outra pessoa mais próxima da Majestade Divina de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Vemos no Livro de Jó:

"Tomai sete touros... e ide a meu servo Job... o meu servo Job... orará por vós e admitirei propício a sua face" (Jo 42, 8).

Deus somente “reconciliou” Consigo os amigos de Jó após a intercessão de seu servo Jó. Não adiantava eles orarem por eles mesmos.
No capítulo 12 de Números vemos que Miriam e Arão, irmãos de Moisés, foram punidos por Deus porque falaram mal de Moisés. Mas, por suas próprias orações não puderam ser curadoss de suas punições, e só foram curados mediante a intercessão de Moisés.
No capítulo 15 do Evangelho de São Mateus vemos que o Senhor Jesus não ouve as orações da Cananeia, porém, quando os Apóstolos intercedem por ela, Ele se digna ouvi-la. Eis aí o poder de intercessão da Igreja e dos santos (=salvos).

Jesus é o Sumo Sacerdote diante do Pai (isto é, o Grande Intercessor, o Grande Mediador), mas em Cristo também somos sacerdotes (sacerdote é aquele que intercede, oferece sacrifícios e media), veja:

‘‘Aquele que nos ama, que nos lavou de nossos pecados no seu sangue, e que fez de nós um reino de sacerdotes para Deus e Seu Pai.” (Apocalipse 1,9)

‘‘Cantavam um cântico novo, dizendo: Tu és digno de receber o livro e de abrir-lhes os selos, porque foste imolado , e resgataste para Deus, ao preço de Seu Sangue, homens de toda tribo, língua, povo e raça; e deles fizeste para nosso Deus um reino de sacerdotes, que reinam sobre a terra’‘
(Apocalipse 5,9-10)

“Vos tornais os materiais desse edifício espiritual, um sacerdócio santo para oferecer vítimas espirituais a Deus, por Jesus Cristo.”
 (1 Pedro 2,4-5)

Então interceder a Deus não é errado, e pode-se pedir oração aos santos que habitam os céus para que orem por nós ao Senhor, por meio dos méritos infinitos de nosso Senhor Jesus Cristo, para nossas necessidades espirituais e humanas. Eles as ouvem pelo poder de Deus e podem interceder por nós diante do Trono do Altíssimo, porque eles O estão contemplando face a face.

Espero ter sido claro a respeito dessa Verdade bíblica.

A Jesus a glória e a nós a Misericórdia!

tt

terça-feira, 18 de outubro de 2011

OS TERRÍVEIS TORMENTOS DO INFERNO

Algumas histórias reais de provas da existência e da realidade do Inferno:

Um dia, uma alma santa meditava no inferno, e considerando a eternidade dos suplícios, aquêle terrível nunca e o terrível sempre, ficou bastante impressionada, porque não compreendia como se pudesse conciliar esta severidade sem medida com a bondade e outras perfeições divinas.
– Senhor, dizia ela, eu me submeto aos vossos juízos, mas, permití-me, não sejais demasiado rigoroso.
– Compreendes, foi a resposta, o que seja o pecado? Pecar é dizer a Deus: não Vos obedecerei; pouco se me dá da vossa lei; rio-me das vossas ameaças!
– Vejo, Senhor, como o pecado é um monstruoso ultraja à vossa divina majestade.
– Pois bem, mede, se podes a grandeza dêsse ultraje.
– Compreendo, Senhor, que êsse ultraje é infinito, porque vai contra a majestade infinita.
– Não se exige então um castigo infinito? quanto à intensidade, sendo a criatura limitada, requer a justiça que seja infinito ao menos quanto à duração: portanto, é a mesma justiça divina que exige o terrível sempre e o terrível nunca. Os próprios condenados serão obrigados a prestar homenagens, mau grado seu, a esta justiça e exclamar em meio aos tormentos: “Vós sois justo, Senhor, e retos os vossos juízos.”

Monsenhor Ségur, no seu áureo opúsculo sôbre o inferno narra três fatos, cada qual mais autêntico, acontecidos não faz muito tempo.

O primeiro, diz ele, sucedeu quase em minha família, pouco antes da terrível campanha de 1812, na Rússia. Meu avô materno, o Conde Rostopkine, governador militar de Moscou, era intimamente relacionado com o general Conde Orloff, tão valoroso quanto ímpio.
Um dia, após a ceia, o conde Orloff e um seu amigo, o general V…, volteriano como êle, puseram-se a ridicularizar a religião e sobretudo o inferno:
– Mas…, disse Orloff, e se houvesse alguma coisa além do túmulo?
– Neste caso…, diz o general V…, o primeiro que morrer virá avisar o outro; de acôrdo?
– Pois não, responde Orloff.
E ambos prometeram seriamente não faltar à palavra.
Algumas semanas após, desencadeou-se um daquelas guerras que Napoleão sabia suscitar; o exército russo foi chamado às armas, e o general V… recebeu ordem de partir incontinenti para um pôsto de comando.
Duas ou três semanas depois da partida de Moscou, quando meu avô se levantara, bem cedo, viu abrir-se bruscamente a porto do quarto e entrar o conde Orloff, com roupa de dormir, de chinelos, cabelo em desalinho, olhos esbugalhados, pálido como cera.
– Oh! Orloff vós aqui a esta hora? Neste traje? Que aconteceu?
– Meu caro, responde Orloff, eu perco a cabeça; vi o general V…
– Oh! Ele já voltou?
– Não, continua Orloff, atirando-se a um divã, não, não voltou, e é isto que me espanta.
Meu avô nada compreendia e procurava acalmá-lo.
– Contai-me, então, lhe disse, o que aconteceu e o que significa tudo isto.
Fazendo grande esfôrço para se acalmar, o conde Orloff contou o seguinte:
– Meu caro Rostopckine, não faz muito, o general V… e eu, juramos que o primeiro que morresse, viria avisar o outro se há de fato alguma coisa além do túmulo. Ora, pela madrugada, enquanto estava tranqüilo na cama, acordado, sem pensar no amigo nem no juramento, abre-se de repente o cortinado do meu leito e vejo, a dois passos de mim, o general V… de pé, desfigurado, com a mão direita no peito, e me fala: “Existe um inferno, e eu lá estou…” e desapareceu. Na mesma hora corri até cá; eu perco a cabeça! Que coisa estranha! não sei o que pensar!
Meu avô tranqüilizou-o como pôde: falou-lhe de alucinação, fantasia… que êle talvez estivesse dormindo… que às vêzes dão-se casos extraordinários, inexplicáveis… E procurava persuadí-lo com outros meios termos, que apesar de nada valerem, servem para consolar os céticos. Mandou preparar o coche e acompanhou o conde à sua casa.
Dez ou doze dias depois deste estranho acontecimento, um estafeta do exército comunicava ao meu avô, entre outras coisas, a morte do general V…
Naquela madrugada em que o conde Orloff o tinha visto e ouvido, o infeliz general, saindo a estudar a posição do inimigo, foi varado por uma bala e caiu morto.
“Existe um inferno, e eu lá estou…”
Eis as palavras de um que veio do outro mundo!

O segundo fato é referido pelo mesmo autor, que o tem por indubitável, como o precedente, pois o ouviu da bôca de um repeitabilíssimo eclesiástico, superior de importante comunidade, o qual por sua vez, soube os pormenores mediante um parente da senhora, com a qual se deu tal fato. Naquele tempo, isto é, por ocasião do Natal de 1859, ela ainda vivia e contava pouco mais de quarenta anos.
Achava-se essa dama em Londres no inverno de 1847 e 1848; enviuvara aos 29 anos, era muito rica e muito amiga dos divertimentos mundanos. Entre as pessoas elegantes que freqüentavam a sua casa, notava-se especialmente um moço, cujas contínuas visitas a comprometiam não pouco e cuja vida estava longe de ser edificante.
Uma noite, a senhora lia não sei que romance para conciliar o sono. Ouvindo bater o relógio, apagou a vela e dispunha-se para deitar, quando percebeu, com grande assombro, que uma luz estranha e pálida vinha da porta do salão contiguo e espalhava-se a pouco e pouco no quarto, aumentando sempre. Não sabendo o que era, do pasmo passou ao mêdo; eis senão quando, viu abrir-se lentamente a porta do salão e entrar no quarto o jovem desregrado, o qual, antes que ela pudesse pronunciar palavra, aproximou-se, tomando-a pelo braço esquerdo, apertando-lhe fortemente o pulso, e com aceno desesperado, lhe falou em inglês:
– Existe o inferno!
Foi tão grande o susto que a senhora perdeu os sentidos. Voltando a si, tocou nervosamente a campainha para chamar a criada, que a tendeu; entrando no quarto, esta sentiu logo um cheiro de queimado e chegando-se à ama, que com dificuldade articulava umas palavras pôde ver que tinha ao redor do pulso uma queimadura tão profunda que a carne desaparecera e ficava à mostra o osso. Observou além disso, que da porta do salão até o leito e do leito à porta do salão estava impressa a pegada de um homem, que tinha queimado o pano de parte a parte. Por ordem da ama, abriu a porta do salão, e notou que lá terminavam as pegadas no tapete.
No dia seguinte, a desditosa senhora soube com aquele mêdo que bem se compreende, que alta noite, o tal moço se embriagara com excesso, e transportado para casa, veio a morrer pouco depois.
Ignoro, acrescenta o superior, se esta terrível lição tenha convertido a infeliz dama; o que sei é que ela ainda vive e para esconder aos olhares curiosos o sinal daquela sinistra queimadura, leva no pulso, à guisa de bracelete, um largo enfeite de ouro, que não deixa nem de dia nem de noite. Repito que os particulares eu os tive da bôca de um seu parente próximo, católico sincero, a cuja
palavra presto fé. Os parentes não falam do ocorrido e é por isso que tenho o cuidado de ocultar o nome da família.
Apesar do véu, no qual esta aparição foi e deveu ser envolvida, não me parece, acrescenta Monsenhor Ségur, que se possa pôr em dúvida a formidável autenticidade.

O terceiro fato aconteceu na Itália.
Em 1873, em Roma, alguns dias antes da Assunção, uma moça, bastante má, machucou uma das mãos. Levaram-na para o Hospital da Consolação. Ou porque o sangue estivesse muito deteriorado ou porque sobreviesse grave complicação, a infeliz morreu naquela noite.
No mesmo instante uma de suas companheiras, que não sabia o que acontecera no hospital, pôs-se a gritar desesperadamente, a tal ponto que acordou tôda a vizinhança e provocou a intervenção da polícia.
A companheira que morrera no hospital apareceu envolvida em chamas e lhe disse: –“Estou condenada, e se não queres condenar-te também, sai deste lugar infame e volta a Deus.”
Nada consegui acalmar a agitação da jovem, que bem cedo abandonou aquela casa, deixando a todos atônitos, especialmente depois de divulgada a notícia da morte da companheira, no hospital.
Aconteceu que, logo depois, a proprietária da casa, uma garibaldina exaltada, caiu doente, mandou logo chamar um padre, dizendo que queria receber os sacramentos. A Autoridade Eclesiástica delegou para êsse fim um digno sacerdote, Monsenhor Piroli, pároco de S. Salvador em Laura. Munido de especiais instruções, êle se apresentou e exigiu, antes de tudo, que a doente fizesse, perante testemunhas, plena retratação de suas blasfêmias e insultos contra o Sumo Pontífice e declarasse que afastaria as ocasiões de pecado. Sem a menor hesitação, a infeliz promete e então se confessa e recebe o Sagrado Viático com grandes sentimentos de penitência e humildade.
Pressentindo o seu fim, a pobre mulher, com lágrimas nos olhos suplicou ao padre que não a abandonasse, amedrontada como estava por aquela aparição. Assim, teve a grande graça de ser assistida nos últimos momentos pelo ministro de Deus.
Tôda a Roma conheceu logo os particulares desta tragédia.
Como sempre, os ímpios e os libertinos fizeram dela objeto de chacota, abstendo-se, à aposta, de obter oportunas informações; mas, de sua parte, os bons aproveitaram para se tornarem melhores e mais exatos no cumprimento de seus deveres.

Santa Tereza foi um dia arrebatada em êxtase e levada ao inferno para ver o seu lugar, caso não se emendasse de certo defeito.
Ela mesma conta em sua autobiografia:
“Estando um dia em oração, fui transportada, sem saber como, em corpo e alma, ao inferno. Compreendi que Deus queria mostrar-me o lugar que ocuparia, se não mudasse de vida. Não tenho palavras que possam dar uma pequena idéia desse tormento incompreensível. Sentia em minha alma um fogo que me devorava e o corpo sofria dores insuportáveis. Dúrante minha vida passei por duros sofrimentos, mas, nem se comparavam com os que tive naquela ocasião; e ainda êsses subiam de ponto, ao pensar que seriam eternos e sem o menor alívio. Mas, apesar de as torturas do corpo serem atrozes, não tinham comparação com as agonias da alma. Ao mesmo tempo, sentia-me queimar e partir em pedaços, sofria tôdas as angústias da morte e os horrores do desespêro.
Num raio de esperança e de consolação naquela moradia, aí se respira um odor pestilencial, que sufoca; nem um raio de luz, mas tudo são trevas da mais densa escuridão; contudo, oh! mistério, mesmo naquele escuro se distingue o que de mais penoso há para a vista.
Em suma, tudo o que ouvi dizer ou li sôbre as penas do inferno é insignificante em confronto com a realidade; entre aquelas penas e estas há a mesma diferença entre uma pessoa e o seu retrato. Ai! o fogo dêste mundo por mais ardente que seja, é como o fogo pintado, comparado com aquêle que atormenta os réprobos no inferno.
Há dez anos que tive esta visão, mas estou ainda agora tão espantada, que, enquanto escrevo, o mêdo gela-me o sangue nas veias. Em meio às provocações e dores que tenho, trago à mente esta visão e de aí tiro fôrça para tudo suportar”.

Vicente de Beauvais, no livro 25 de sua História, refere o seguinte fato, acontecido pleno ano 1000.
Dois libertinos fizeram uma combinação: o primeiro a morrer viria à terra participar ao companheiro em que estado se achava. Morreu um deles, e Deus permitiu aparecesse ao amigo: era horrendo, parecia sofrer duramente e suava em bicas. Enxugou a fronte com a mão e deixou cair uma gota de suor no braço do companheiro, dizendo-lhe:
– Eis qual é o suor do inferno; dêle terás um vestígio até à morte.
E assim foi, pois aquêle suor infernal queimou-lhe o braço, penetrando na carne com dores inauditas.
Bom para êle que soube aproveitar-se de tão terrível lição e retirou-se para o convento.

Fala-nos o Padre Nierenberg de um jovem que levava uma vida aparentemente cristã, mas odiava a um inimigo; e conquanto frequentasse os Sacramentos, nutria para com êle sentimentos de vingança, que Jesus Cristo obrigava depor.
Morrendo, apareceu ao pai, todo envolvido em chamas, e disse-lhe que se condenara por não ter perdoado ao seu inimigo, e chorando exclamou:
– Ah! se tôdas as estrêlas do céu fossem como línguas de fogo, não traduziriam os tormentos que sofro.

Um virtuoso sacerdote, enquanto estava exorcizando um energúmeno, perguntou ao demônio que penas sofria no inferno. A resposta foi esta:
– Um fogo eterno, uma maldição eterna, uma raiva eterna e um desespêro cruel por não poder mais ver Aquele que me criou.
– Que farias para que te fosse concedido ver a Deus?
– Para vê-lo, mesmo por um instante, estaria pronto a sofrer num minuto tôdas as penas que devo sofrer em dez mil anos… Mas, vãos desejos, hei de sofrer sempre e não O tornarei mais a ver.
E foi tal o tormento e o desespêro com que pronunciou estas palavras, que deixou funda impressão naquelas que assistiam aos exorcismos.

Eu não creio em nada
– Eu não creio em nada, dizia-me duma feita um dêsses doutores da impiedade, com empáfia.
– Como? Vós não credes em nada? repliquei. Então não credes na existência da América, da Oceania…
– Oh! Certamente que sim; queria dizer, não creio em nenhuma coisa sobrenatural.
– Mas, porque credes na existência da América e da Oceania, que nunca vistes?
– Tem graça! Creio porque o afirmam os geógrafos e muitas pessoas que perlustraram essas regiões.
– E se credes na existência de coisas que nunca vistes, só porque o dizem os homens, porque não credes na existência do inferno, do juízo, revelada pela palavra infalível de Deus, confirmada pela razão e proclamada pela voz de todos os povos?
O livre pensador deu de ombros e não soube responder; mas, nem por isso se converteu. Custava-lhe tanto deixar sua vida desregrada e praticar a virtude!
Como são dignos de compaixão êsses libertinos! Pretendem destruir o inferno, negando-lhe a existência; mas, quem nega uma coisa não consegue eliminá-la. Se eu negasse a existência da América ou da África, não conseguiria riscá-las da face do globo, mas subsistiriam, não obstante minha negação. Negai, negai quanto quiserdes a existência do inferno, que apesar disso o inferno continuará a existir e a queimar as suas vítimas, e um dia se abrirá para vós e vos sepultará naquelas chamas, se vos não corrigirdes de vossas desordens. A vossa fanfarrice e a vossa negação estulta não apagarão certamente aqueles ardores sempiternos, ao contrário, servirão para os aumentar e fazer-vos afundar mais naquele abismo. Quanto mais vos obstinardes na infidelidade e na negação do inferno, tanto mais acumulareis pecados e culpas para expiar na eterna prisão.

O Padre Bach, na vida de S. Francisco de Jerônimo, narra a triste sorte duma mulher incrédula que zombava do inferno e dos novíssimos. O fato não deixa nenhuma dúvida, pois foi
juridicamente provado no processo de canonização do santo, e atestado com juramento por muitas testemunhas oculares.
No ano de 1707, S. Francisco de Jerônimo prègava, como de costume, nos arrabaldes de Nápoles, falando sôbre o inferno e os terríveis castigos reservados aos pecadores obstinados. Uma mulher insolente, morava na redondeza, aborrecida com aqueles sermões, que lhe acordavam no coração amargos remorsos, procurou molestá-lo com chascos e gritos, desde a janela de sua casa; uma vez, o santo lhe disse: – Ai de ti, filha, se resistes à graça! não passarão oito dias, sem que Deus te castigue.
A desaforada mulher não se perturbou por aquela ameaça e continuou a com suas más intenções. Passaram-se oito dias, e o santo foi prègar de novo perto daquela casa, mas desta vez as janelas estavam fachadas e ninguém o importunava. Os vizinhos que ouviam consternados lhe disseram que Catarina (tal era o nome daquela péssima mulher) tinha morrido de improviso, pouco antes.
– Morreu? disse o servo de Deus; pois bem, agora nos diga de que valeu zombar do inferno; vamos perguntar-lhe.
Os ouvintes sentiram que essas palavras o santo as pronunciara com inspiração, e por isso todos esperaram um milagre. Acompanhado da multidão subiu à sala, convertida em câmara ardente, e após breve oração, descobriu o rosto da morta e:
– Catarina, gritou, diz-nos onde estás!
A esta ordem, a defunta ergue a cabeça, abre os olhos, toma côr o seu rosto, e em atitude de horrível desespêro, profere com voz lúgubre estas palavras:
– No inferno! eu estou no inferno!
Imediatamente cai e volta ao estado de frio cadáver.
Eu estava presente ao fato, afirma uma das testemunhas que depuseram no tribunal apostólico, mas não saberia explicar a impressão que causou em mim e nos circunstantes; ainda hoje, passando perto daquela casa e olhando a tal janela, fico muito impressionado. Quando vejo aquela funesta moradia, parece-me ouvir a lúgubre voz: – No inferno! eu estou no inferno!

Na vida de S. Bruno, fundador dos Cartuxos, lê-se a ressurreição momentânea de uma personagem respeitável para atestar diante de muita gente a própria condenação. París e tôda a França ficaram horrorizados com êsse acontecimento; foi, então, que Bruno temendo os juízos divinos retirou-se para a Cartuxa a fim de lavar vida austerríssima.
Morreu Raimundo Diocres, doutor de Sorbona, homem conceituadíssimo pela sua vasta ciência, não menos por uma aparência de virtude. Depois de três dias, o seu corpo, revestido das insígnias doutorais, foi transportado solenemente para ser sepultado; acompanhavam-no o colégio dos professores, grande número de estudantes e teoria de clero.
As exéquias celebraram-se na catedral, revestida de luto, entre luzes e muitas inscrições que lembravam a insígne ciência e as virtudes do ilustre extinto. Mas quando o coro dos cantores chegou àquele trecho do ofício: Responde mihi: quantas habeo iniquitates et peccata; scélera mea et delicta ostende mihi; onde o santo Job roga a Deus lhe faça conhecer as suas culpas, o cadáver levantou a cabeça e féretro e com voz lastimosa exclamou: Por justo juízo de Deus sou acusado: dito isto, tornou a repousar a cabeça, como dantes.
Apoderou-se dos assistentes um terror geral, e resolveram deixar para o outro dia os funerais. Neste dia foi muito maior a concorrência; recomeçou-se o ofício, e ao chegar às mesmas palavras, tornou o cadáver a erguer a cabaça e a exclamar com voz esforçada e mais lastimosa: Por justo juízo de Deus estou julgado.
Subiu de ponto o pasmo e o espanto. Resolveram diferir a inumação para o terceiro dia. Nesta foi imenso o concurso; deu-se princípio ao ofício, como nos precedentes; quando se cantavam as mesmas palavras, levantou o defunto a cabeça, e em voz horrível e espantosa exclamou: Não careço de orações; por justo juízo de Deus estou condenado ao fogo eterno.
É fácil compreender a impressão que faria nos ânimos um acontecimento tão extraordinário. Achava-se Bruno presente a êste espetáculo; tão fortemente se emocionou com êle que, retirando-se horrorizado, resolveu deixar quanto tinha e enterrar-se em algum espantoso deserto para ali passar a vida entregue unicamente aos rigores da mortificação e da penitência. Parecia necessário um sucesso tão trágico para uma resolução tão generosa.

Santo Antônio de Florença refere nos seus escritos um fato terrível, que pela metade do século XV encheu de pavor todo o norte da Itália.
Um rapaz de boa família, que na idade de 16 para 17 anos tivera a desgraça de calar na confissão um pecado mortal e de comungar nesse estado, ia adiando, de semana em semana, de um mês para outro, a confissão para êle tão penosa dos seus sacrilégios. O santo arcebispo não menciona qual fôsse o pecado oculto, mas parece que tenha sido uma culpa grave contra a bela virtude. Atormentado pelos remorsos, em vez de descobrir com sinceridade a sua miserável condição, procurava a paz fazendo grandes penitências; mas inutilmente.
Não agüentando mais os contínuos assaltos da consciência entrou num convento, pensando: – Lá, ao menos, confessar-me-ei bem e farei penitência dos meus pecados: Por sua desgraça foi recebido como um moço de vida exemplar, pois os superiores sabiam da boa reputação de que gozava; e por isso, também aqui a voz da consciência para outra ocasião, e dois, três anos passou-se em tal deplorável estado, sem ter a coragem de se confessar.
Afinal uma doença parecia-lhe trouxesse oportunidade: – Desta vez, dizia consigo o infeliz, manifesto tudo e faço uma confissão geral antes de morrer.
Mas, também desta vez não foi sincero na acusação; fez tantos rodeios que o confessor não compreendeu nada; esperava confessar-se melhor no dia seguinte, mas surpreendido por uma crise, expirou miseràvelmente nesse estado.
Na comunidade, ignorando todos o seu triste fim, cercaram de veneração o defunto; o corpo foi transportado para a igreja do convento, onde ficou exposto no côro até as matinas do dia seguinte, quando se fariam as exéquias.
Uns minutos antes da hora marcada para a cerimônia, a um dos frades que fora tocar o sino aparece o morto amarrado de correntes afogueadas com não sei que de incandescente que lhe transparecia em tôda a pessoa. O frade caíu de mêdo, mas cravou o olhar naquela terrível aparição; então o réprobo lhe falou: – “Não rezeis por mim, que estou no inferno para sempre.” E contou-lhe a lamentável história de sua maldita vergonha e dos seus sacrilégios. Depois desapareceu, deixando na igreja um odor pestífero que se espalhou por todo o convento, como para atestar a verdade do que o frade tinha visto e ouvido.
Advertidos os superiores fizeram remover de aí o cadáver, julgando-o indigno de sepultura eclesiástica.

Narram as crónicas de S. Bento de um solitário de nome Pelágio, que encarregado pelo pai da guarda do rebanho, levava vida exemplar, tanto assim que todos lhe chamavam santo. Assim viveu muitos anos. Mortos os pais, vendeu as poucas coisas que lhe deixaram, e se retirou para o ermo.
Uma ocasião teve a desgraça de consentir num pensamento desonesto. Cometido o pecado, caiu em profunda melancolia porque não queria confessá-lo, para não perder a fama em que era tido. Resolveu fazer penitência, sem confessar o pecado, iludindo-se a si mesmo que Deus talvez
lhe perdoasse sem confissão. Entrou num convento, onde foi recebido pela sua boa fama, e aí viveu vida austera. Chegou a hora da morte e êle se confessou pela última vez; mas como por vergonha ocultara o pecado durante a vida, assim deixou de o contar na hora da morte. Depois de receber o viático morreu e foi sepultado como o mesmo conceito de santo.
Na noite seguinte o sacristão encontrou o corpo de Pelágio em cima da sepultura e o enterrou outra vez; como, porém, o encontrasse desenterrado três noites consecutivas, avisou o abade, o qual foi ao sepulcro com outros frades, e:
– Pelágio, disse, tu foste sempre obediente durante a vida, obedece-me também agora depois de morto; dize-me: é talvez vontade divina que o teu corpo tenha lugar reservado?
O infeliz defunto dando um formidável grito respondeu:
– Ai! eu estou condenado por um pecado que não confessei; olhe, snr. abade, para meu corpo.
E o seu corpo, nêsse instante, apareceu como um ferro em brasa, que mandava chispas. Todos fugiam espavoridos; mas Pelágio chamou o abade para que lhe tirasse da bôca a partícula consagrada que ainda se achava aí. Depois disto, Pelágio disse que o tirassem da igreja e o lançassem no monturo, e a ordem foi executada.

Conta o Padre João Batista Manni, jesuita, que houve uma pessoa que por muitos anos calou na confissão um pecado de desonestidade.
Passaram por aquêle lugar dois frades dominicanos; ela, que sempre esperava um confessor estranho, pediu a um dêles que a ouvisse em confissão. Saindo da igreja, o companheiro contou ao confessor, que observara que, enquanto aquela senhora se confessava, saiam de sua bôca muitas serpentes; mas, que uma enorme serpente apenas pôs para fora a cabeça e entrou de novo; e então voltaram tôdas as outras.
O confessor, suspeitando o que isso pudesse ser, correu à casa daquela senhora; na porta lhe disseram que ela ao chegar à sala caira morta.
Depois disto, apareceu-lhe, durante a oração, a pobre mulher vestida de fogo e disse: – Eu sou aquela mulher que me confessei contigo, cometendo um sacrilégio; eu tinha um pecado que não queria confessar aos sacerdotes da cidade; Deus mandou um confessor de fora, e foste tu, mas também nessa ocasião deixei-me vencer pela vergonha e logo a justiça divina me castigou, tirando-me a vida apenas cheguei à casa, e justamente me condenou ao inferno.
Tendo assim falado, abriu-se a terra onde se precipitou e desapareceu para sempre.

No ano 285, duas matronas cristãs, Donvina e Teonila, foram levadas ao prefeito Lisias que as intimou a renegarem a fé e abraçarem o culto dos ídolos. Elas recusaram terminantemente. Então o prefeito mandou acender o fogo e erguer um altar dos ídolos.
– Escolhei, disse; ou queimar incenso aos nossos deuses, ou ser vós mesmas queimadas nesta fogueira.
As duas mártires responderam sem hesitar:
– Nós não tememos êste fogo que daqui a pouco se apaga; tememos, sim, o fogo do inferno que não se apaga nunca. Para não cair no inferno é que detestamos os vossos ídolos e adoramos a Jesus Cristo.
E assim sofreram o martírio.


Extraído do livro O Inferno Existe, do Venerável Padre André Beltrami, SDB

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

A VERDADEIRA RELIGIÃO É FUNDADA PELO PRÓPRIO DEUS

Uma questão de Dowgllaz Silva:

“Olá, eu gostaria de saber se é pecado não ter religião  ? não gosto de religiões pois elas se parecem time de futebol, cada uma se diz melhor que a outra, e eu não quero cometer o erro de estar numa religião errada !

Também quer saber o porque Deus nos deu a escolha do certo e o errado ? porque ele não criou somente o certo ? Me parece que ele quer brincar com a gente." 

Caro Dowgllaz:


O significado real da palavra Religião é religar.
 Durante todos os tempos, a raça humana sente-se intimamente, intrinsecamente motivada a reconquistar a comunhão com o divino, como que religando o homem ao divino. Nos povos primitivos eram feitos até mesmo sacrifícios de animais e de humanos para tentar contatar o deuses. Mesmo entre os povos politeístas (adoração de vários deuses) isso sempre existiu, e isso se tornou ainda mais evidente no monoteísmo judaico (adoração de um único Deus). A issa busca por comunhão com o Divino chamamos de Religião.
O homem, em todos os tempos, especialmente no monoteísmo, sentiu-se longe de Deus, desconectado e por todo o tempo fazia o que estava em seu alcance para se religar com Deus.
No entanto, surgiu um homem chamado Jesus, nascido em Belém, morador da pequena vila de Nazaré, cujos pais são Maria e José, e Ele se proclamava o Messias esperado por Israel, e um Messias que era Deus feito homem, que por sua morte e ressurreição religaria ao Deus eterno todos os que O seguissem. Assim surgiu o Cristianismo.
Em todas as demais religiões o homem faz um esforça para alcançar Deus, no Cristianismo verdadeiro Deus vem em busca do homem. Nunca o homem, politeísta ou monoteísta, imaginou isso algum dia. Deus em busca do homem, Deus correndo atrás do prejuízo que o homem causou, Deus se religando ao homem.
Este homem Jesus, sendo Deus em busca do homem perdido e desligado, instituiu uma só Religião-Igreja, tendo Pedro (um de seus seguidores mais próximos) como seu Sucessor e Representante (veja a explicação melhor sobre isto aqui em meu Blog no link http://jesusecatolico.blogspot.com/2011/06/os-protestantes-e-igreja-de-jesus.html).
Claro que apesar de Ele ter instituído uma só Religião-Igreja, aqueles que não aceitaram essa ideia, durante os tempos seguintes, resolveram fazer um Cristianismo à sua maneira: daí surgiram outras denominações que seguem pelo menos parte (parte, às vezes adulterada) do que ensinou nosso Senhor Jesus Cristo.
Você me pergunta se é pecado não ter Religião. Posso te dizer que você tem uma Religião, ao seu modo, mas tem. É inerente ao ser humano, mesmo ao ateu, ter uma Religião. O ateísmo em si é um Religião, um religar ao divino, mesmo que o divino seja o materialismo, um ídolo político ou artista, ou a própria pessoa. O fator é seguir ou não a verdadeira Religião.
O pecado seria conhecer a verdadeira Religião e não aderir a ela. E qual seria essa verdadeira Religião? Usando a inteligência, através dos estudos é fácil encontrá-La. Se formos ver, historicamente e antropologicamente, a verdadeira, única, imutável e inalterável Religião-Igreja é a fundada pelo Criador que se encarnou e que a institui sobre Pedro e a perpetuou pelos Sucessores de Pedro.
Existem religiões e a Religião, e para não ferir o liberdade humana temos que escolher com amor, inteligência e fé. Deus criou somente o certo; o errado é como a sombra da do certo. Onde existe Luz (o certo, a Verdade), há também as sombras. Deus aponta o certo, a Verdade – é só seguirmos o que Ele aponta. Não é fácil, porque no mundo existe o pluralismo de ideias, e portanto o pluralismo de religiões. Contudo, se estivermos realmente convictos de que queremos encontrar Deus e a Verdade, sem dúvida O encontraremos, porque Deus é a Verdade (São João 14, 6) e Ele não mente e nem engana. A ilusão e a confusão são provocadas por aqueles que não estão com Deus e não O seguem verdadeiramente, mesmo que pareça que eles O sigam.
Também já tive essa mesma dúvida que você teve, anos atrás. Hoje, mesmo estando na contínua busca pela Verdade íntegra e total, encontrei e continuo a encontrar a verdadeira Religião na Igreja fundada por Jesus Cristo sobre Pedro e continuada por seus Sucessores. E quanto mais entendo a Verdade infinita e imutável mais vejo essa mesma Verdade na Igreja, não somente no Cristianismo em geral, mas na única Igreja fundada e instituída por Jesus, o verdadeiro Messias esperado por Israel até os dias de hoje.
E apesar de a Igreja saber que é a verdadeira, historicamente e biblicamente, você nunca vai ouvir o Vaticano e o Papa dizerem que é a melhor das religiões, muito pelo contrário, você tem visto nos últimos tempos a conversa e o diálogo fraterno da Igreja com outras religiões, mesmo a Igreja não compactuando com seus ensinamentos.
Espero ter respondido parte de sua questão. Logo terá outro texto a respeito de outra pergunta que me fez.
Peço que, para terminar, leia mais sobre a Igreja aqui neste link a seguir: http://jesusecatolico.blogspot.com/search/label/IGREJA

Que Deus abençoe você em sua busca pela Verdade, Verdade esta que se encarnou no seio da Virgem e habitou entre nós (São João capítulo I).

tt

HOMENAGEM À SENHORA, RAINHA DOS SANTOS

Coloco aqui um poema de minha autoria em homenagem à Mãe de nosso Deus Jesus Cristo, conhecida no Brasil pelo título de Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
Ave, cheia de graça!

Minha Senhora,
A mais linda das senhoras!
Ela que me introduz diante do trono e me faz assentar entre os justos;
Torna-me merecedor de estar entre as estrelas do céu.
Minha Senhora, rainha nos céus, Senhora na Terra,
Admirada nas assembléias celestes,
Querida pelos anjos, bendita pelos querubins, amada pelos santos!
Esta Senhora causa horror aos malditos pelo seu humilde semblante, pelo seu amor desinteressado;
Com seu olhar derruba legiões inteiras,
Com seu suspiro de amor faz fugir multidões infernais,
Traz confusão e pavor sua presença silenciosa nas hordas inimigas!
Ao seu sinal centenas de anjos se põem em combate imediatamente,
Milhares de guerreiros colocam-se ao seu lado.
Seu odor santo atrai multidões de justos e santos,
Seu olhar de Mãe acaricia os corações dos peregrinos terrestres,
Dá sustentos aos desanimados e aos pequenos.
Antes que fosse gerada entre os homens, foi sonhada por Deus, como filha e como Mãe,
Desejada antes da criação, abençoada antes de todas as criaturas.
Antes das estrelas mais antigas, antes dos arcanjos e serafins foi amada pelo Santíssimo,
Santificada pelo Altíssimo,
Purificada,
E a luz eterna a envolveu no momento de sua concepção;
Fê-la grande antes mesmo que tivesse forma,
Fê-la cheia de todas as graças no momento em que começou a existir.
Tornar-se-ia Mãe do Filho humanado do Todo-Poderoso,
Participante do nascimento do Rei dos céus,
Mulher do Criador na concepção de seu queridíssimo e santíssimo Filho Unigênito.
Tornou-se santa para o Santo, Rainha por causa do Rei;
A ninguém foi comparada, tornando-se a Mulher dos céus infinitos,
Templo Vivo do Rei, Morada humana do Criador, Casa de Deus, Belém Eterna!
Os anjos ajoelhavam-se diante dela, adorando o Rei que morava nela,
A contemplar a Luz Divina que irradiava de seu seio materno,
Do Bebê que era gerado em seu ventre, sendo sustentado pelo seu sangue humano,
Sangue este que derramaria mais tarde em sacrifício humano pelos humanos!
A Presença deste Bebê santificava a Mulher,
Tornando-a mais santa, mais pura, mais agraciada que qualquer outra mulher!
Que graça!
Que fé!
Que humildade teve esta Mulher por carregar em seu seio o Deus Eterno!
Mulher de Deus pela fé, filha de Deus por adoção, Mãe de Deus por escolha divina;
Bendita entre todas as mulheres, cheia de graça aos olhos do Criador,
Encontrada pura na alma e no corpo,
Tornando-se habitação perene de Deus na Terra.
Por ser Mulher pôde ser Mãe e Esposa, gerando Deus para a salvação do mundo;
Mulher de Deus, Mãe de Deus, escolha eterna do Deus Eterno!
Não há ser humano que foi elevado a tal sublime altura,
Não há maior graça do que tornar-se ponte para Deus entrar neste mundo!
Desde toda eternidade foi pensada,
Concebida no pensamento de Deus desde sempre,
Primeira criatura a ser desejada,
Antes mesmo que os mais santos anjos,
Antes mesmo que o mais formoso querubim do jardim de Deus!
Rosa plantada entre os homens para trazer o perfume de Deus aos homens,
Sendo bela sem saber que era,
Tendo perfume sem saber que o tinha.
Que missão sublime!
Minha Senhora tornou-se Senhora e Rainha por eleição dos céus;
Minha Senhora tornou-se Mãe de Deus e dos homens por opção divina;
Podemos agora saborear o Pão dos céus,
Podemos agora beber o cálice de amor,
Porque ela aceitou ser Mãe quando lhe era impossível ser.

ANDERSON DA SENHORA DOS CÉUS. (Ofereço à minha Senhora, ela que cuida de mim, me ampara nos momentos mais dificeis, e me faz contemplar o rosto de Seu Filho Humanado)

terça-feira, 11 de outubro de 2011

IDOLATRIA


Junior Souza questiona:

Mas e em relação aos dez mandamentos? Sobre o que fala lá das imagens? Pode me esclarecer, por favor, sou novo de fé e preciso de ajuda.

Assim diz o Decálogo:

‘Eu sou o SENHOR teu Deus, que te tirou do Egito, da casada da escravidão. Não terás outros deuses além de mim. Não farás para ti ídolos, nem figura alguma do que existe em cima, nos céus, nem do que há embaixo, na terra, nem do que existe nas águas, debaixo da terra. Não te prostrarás diante deles, nem lhes prestarás culto, pois eu sou o SENHOR teu Deus, um Deus ciumento. (Deuteronômio 5, 6-9 e também em Êxodo 20)

Se esta passagem se refere a todas as imagens, então você e eu não podemos ter imagem nem como fotografias, nem quadros de paisagens. Não se pode ser fideísta, ou seja, usar um texto ao pé da letra sem confrontá-lo com o restante da Sagrada Escritura, sem aprofundar-se totalmente no contexto em que foi escrito, na razão de ter sido escrito. Portanto, vamos tratar esse assunto de idolatria à luz de todas as passagens da Sagrada Escritura, como um todo que Ela é.
Primeiramente vamos analisar o mandamento.
O texto diz: “Não terás outros deuses além de mim.” Deus é Um só, não existem outros deuses, e seu mandamento primeiro é que O amemos acima de qualquer outra pessoa ou coisa, portanto, ter outras pessoas como deuses além Dele é certamente pecado de idolatria. Preste atenção no texto bíblico que diz: outros deuses além de mim.
O texto segue: Não farás para ti ídolos. O verbo aí se refere a fabricar com as mãos, “não fabricarás ídolos”. O texto bíblico se refere a ídolos todo objeto, coisa ou pessoa que é adorado como um deus, portanto, o ídolo substitui a palavra deus, no contexto. Podemos então subentender que o texto diz que não é para fabricarmos deuses.
E o texto complementa: nem figura alguma do que existe em cima, nos céus, nem do que há embaixo, na terra, nem do que existe nas águas, debaixo da terra. Não te prostrarás diante deles, nem lhes prestarás culto. Entenda-se: é dito para não construir imagem ou figura para serem adorados como ídolos, como deuses. Deus não os estava simplesmente proibindo de terem imagens, como veremos logo a seguir.
Por que Deus disse isto ao povo hebreu?
Porque esse povo era indigente na terra egípcia, uma terra onde havia vários deuses, vários ídolos, os egípcios cultuavam imagens de sapos até os astros celestes. E Deus levava o povo hebreu através do deserto até a Terra Prometida, cujo espaço já estava ocupado por povos pagãos que cultuavam outros deuses, ídolos de todas as formas. E mais: depois de chegarem à Terra Prometida, os povos diversos que os circundariam estavam cheios de superstições desse tipo, adorando deuses de barro, em formas de animais, e até os astros celestes. O povo hebreu correria risco de idolatria facilmente, tanto é que no deserto, sem nenhum povo que os pudesse contaminar, eles construíram um bezerro de barro e o proclamaram um deus, mesmo depois de terem visto o poder de Deus os tirar do Egito. Eram, ainda, um povo fraco na Doutrina da Fé.
Continuando na análise, vemos que Deus somente proibiu o uso de imagens como objetos de adoração, tanto é que vemos nos anos depois da Revelação dos Dez Mandamentos Deus permitindo o uso de imagens. Estaria Deus se contrariando? Claro que não. Com isso Ele estava esclarecendo o motivo de não poder ter imagens, um único motivo: se for as usar como deuses.
Fica claro esse motivo quando Ele mostra como se deve enfeitar a Arca da Aliança:
Farás dois querubins de ouro polido nas duas extremidades do propiciatório: um de cada lado, de modo que os querubins estejam nos dois extremos do propiciatório. Os querubins, com as asas estendidas por cima, estarão encobrindo o propiciatório, um em frente do outro, voltados para o propiciatório. Porás o propiciatório sobre a arca, e dentro da arca o documento da aliança que te darei. Ali me encontrarei contigo, e de cima do propiciatório, do meio dos dois querubins colocados sobre a arca da aliança, eu te comunicarei tudo o que deves ordenar aos israelitas.” (Êxodo 25,10-22; 37, 7-9)

Deus mesmo pede que se coloque dois Anjos querubins sobre a tampa da Arca, e diz mais: que Ele estará sobre essa Arca e que do meio dos dois Anjos Ele falará à Moisés.
Nem mesmo prostrar-se (ajoelhar-se com o rosto no chão) diante da Arca era considerado por Deus como idolatria, veja:
 “Josué e os anciãos rasgaram a roupa que traziam e prostraram-se perante a arca do Senhor até a noite, pondo terra nas cabeças." (Josué 7, 4-6)

Josué se prostrou na frente dessas imagens e não foi considerado como pecado de idolatria. Por quê? Porque
não é errado prostrar-se diante de uma imagem de um anjo de Deus, de um santo, de Jesus Cristo, para adorar e honrar a Deus. É pecado antes prostrar-se diante de uma imagem para adorar a imagem. E como sabemos que a pessoa está adorando a imagem ou Deus através do sinal da Presença onipresente de Deus que a imagem representa? Só Deus que vê o coração pode saber, ninguém mais pode julgar, porque ninguém vê o coração senão Deus.
No capítulo 3 de Êxodo, Moisés se prostra na frente de uma planta pegando fogo. Foi isso que Moisés viu: uma sarça que não se consumia pelo fogo. Ele não viu o Rosto de Deus, mas viu somente o fogo glorioso, e o que Ele fez? Adorou Deus ali vendo essa imagem que representava Deus. Ele pecou por isto? Claro que não. Deus é onipresente e está também dentro e fora das imagens a Ele consagradas, e mais: está dentro da alma do fiel que ali se prostra diante da imagem, sabendo ele próprio que a imagem não é um deus, ou Deus, mas a representação de Deus, como o fogo que Moisés viu no deserto, a Arca da Aliança ou o Templo diante do qual o povo israelita se prostrava para adorar a Deus. Prostrar-se nem sempre quer dizer adorar, porque a verdadeira adoração é uma adoração em espírito e verdade. Sabendo disto, não se deve julgar simplesmente ao ver o exterior do indivíduo, mas deixar que Deus faça o julgamento que só Ele que vê o interior pode fazer.
No Templo construído por Salomão foram colocadas imagens de escultura, como diz a Escritura:

- Dois Anjos querubins de madeira de árvore oleaginosa, recobertos de ouro, estavam postados no Santíssimo daquele templo (1 Reis 6, 23- 29);
- O mar de fundição repousava sobre 12 touros de cobre, e os lados dos carrocins de cobre para uso no templo eram decorados com figuras de leões, touros e querubins (1 Reis 7, 25-29);
- Doze leões perfilavam-se nas escadas que conduziam ao trono de Salomão (2 Crônicas 9,17-19).

Diante dessas imagens para o culto divino, não era considerado idolatria.

E o que é idolatria então?
É usar um objeto, uma pessoa, uma imagem e colocá-la no lugar de Deus. Isso é idolatria. Portanto, colocar a família, os amigos, o trabalho, o dinheiro no lugar de Deus é um pecado de idolatria. Fazer a própria vontade é idolatria. Avareza é idolatria.

 “Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou odiará a um e amará o outro, ou dedicar-se-á a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e à riqueza”
(São Mateus 6, 24).

“Porque sabei-o bem: nenhum dissoluto, ou impuro, ou avarento – verdadeiros idólatras! - terão herança no reino de Cristo e de Deus”.
 (Efésios 5, 5)

Amar a própria família mais que a Deus é idolatria.
“Aquele que ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim; aquele que ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim”.
                                                             (São Mateus 10, 37)

Portanto, usar objetos para culto santo como Deus mesmo permitiu ao povo judeu quando foi construir a Arca e o Templo não é pecado.
O pecado de idolatria é colocar qualquer coisa no lugar de Deus.
Caro Junior Souza, espero ter esclarecido sua dúvida.
Deus abençoe você em sua busca pela Verdade.

tt