terça-feira, 5 de junho de 2012

O QUE ACONTECE DEPOIS DA MORTE SEGUNDO A BíBLIA: O PURGATÓRIO.

Aquela multidão clamava uníssono; aquelas vozes numa comunicação diferente da humana, unidas, formavam um hino poderoso diante do Criador, um hino de amor; e eles se deixavam tocar pela purificação para que fossem capazes de entrar na beatitude eterna. Eles sabiam que não eram capazes de entrar no estado eterno de felicidade do jeito que eles chegaram ali. Seria como tentar fazer a Via Láctea caber num dedal.
Pedro sentia-se esperançoso e muito ansioso para que chegasse o momento de sair dali, como havia-lhe sido prometido que aconteceria. Volta e meia, via aparecer um ser que tinha o aspecto do embaixador que lhe acompanhara e resgatar alguma pessoa que estivesse ali. E esses seres que iam até ali sempre tinham alguma palavra de consolo para aqueles que jaziam naquele estado. Também, uma indizível Senhora sempre lhes aparecia com tal esplendor que eles tinham receio de olhar para ela e morrerem mais uma vez. Ela sempre levava àquela multidão uma palavra de esperança. Também, Ela sempre vinha ali para resgatar alguma alma agraciada e a levava embora dali com cantos de louvores.
Pedro não fazia ideia de quanto tempo já estava ali. Parecia-lhe às vezes que fazia anos, mas algumas vezes parecia que fazia minutos. Mas não importava nada disso, porque o que importava era que veria Deus tal como Ele é, face a face, e estaria com a Felicidade infinita eternamente; e o mais surpreendente: poderia usufruir dessa felicidade e viver nela.
Diante de si, aquela multidão que não via fim, era um lembrete de que a impureza humana era incompatível com Deus. Ninguém podia entrar na presença de Deus com o coração impuro e as mãos sujas. Ele sabia disso e vendo o que ele viu, entendia que era completamente justo, e se Jesus não tivesse lhe dito isto, ele mesmo pediria isto a Ele, pois não se sentia limpo o suficiente para continuar olhando aquele olhar puríssimo.
Quanto mais Pedro esperava, mais aumentava seu amor por Deus e sua esperança de sair dali. Quanto mais se entregava ao amor de Deus, mais limpo se sentia. Ele recordava-se da Terra, mas mesmo ali, não sentia a menor saudade de lá. Pensava em sua esposa e em seus filhos, e queria vê-los, mas não queria nunca mais voltar para a Terra. Mesmo estando no estado em que se encontrava, ele não queria voltar a viver como vivia antes. Apesar de sentir-se incompleto e cheio de uma dor agudíssima por não estar vivendo com Deus ainda, Pedro entendia profundamente que essa dor era necessária para que seu encontro com a Divindade fosse mais que um encontro, se tornasse uma união. E isto avivava em seu coração como uma chama pura e cheia de fulgor tanto que ele sentia-se como derretendo em meio a chamas de amor. O amor fazia-o sentir queimando por dentro numa dor de saudade de Deus. A única coisa que Pedro desejava ali era sair e ir unir-se ao Espírito de Deus. Nada mais. Ele não sabia o que o esperava, mas conseguiu enxergar a “claridade que passava pela cortina”.
Naquele estado Pedro não sentia dor física alguma. Nenhuma necessidade ou prazer físico. Não estava ali em corpo, mas seu “espírito”, seu “sopro”, sua “essência”, isto é, seu pensamento estava ali... e “sentia”, “via” e “ouvia” – e pensava, lembrava, meditava. Mas tudo era transcendental, algo além de tudo o que se pode ser explicado. Um cientista cético ali enlouqueceria, e desejaria compor volumes e mais volumes sobre como as coisas ocorriam ali, desde a comunicação não verbal, sem palavras, até o modo como eram “feitas” as almas e o fato de elas não estarem em um lugar, mas num estado. Ali não havia objetos, paisagens, som, imagem, luz ou escuridão. Era algo além disso, como o ser humano nem pode sequer descrever, e sem ver nem pode imaginar que exista. Nenhum ser humano que não tenha visto pode sequer imaginar um cisco do que aquele estado é, ou como é o “pensamento”, a mente humana, isto é, o que chamamos de alma espiritual. Não existe nem sequer uma sombra de ilusão, isto é, a ilusão não existe no mundo espiritual, porque é somente o cérebro que a produz. O que Pedro enxergava sem os olhos físicos era algo além do que o cérebro humano seria capaz de enxergar ou o pensamento formular. Um cientista passaria centenas de bilhões de anos estudando somente uma visão que tivesse ali sem chegar a nenhuma conclusão de como tudo ocorria.
E Pedro ainda veria coisas que superavam infinitamente tudo o que tinha visto até então, no momento que saísse dali. E mais: Pedro veria Alguém, face a face, que ultrapassaria até o infinito.

Ele estava em constante entrega e oração quando, ao olhar para aquela imensa multidão por um segundo, Pedro viu o que poderia ser chamado de alguém numa velocidade incrível percorrendo todo aquele mar de gente. Estava procurando por alguém. Isso acontecia com frequência quando alguma alma sairia daquele estado. E sempre que isso ocorria, todo aquele mar de gente se agitava, elevando cada vez mais suas orações e louvores. Isso alimentava a esperança de sair dali, por isso todos voltavam atentos para aquela aparição.
Aquele ser pairou sobre eles, como que procurando pela pessoa que viera buscar, envolto de um esplendor e beleza que, naturalmente, e a evidência dizia, eram reflexo do esplendor e da beleza do Criador.
De repente, aquele ser, no esplendor que ultrapassava todos os brilhos naturais da Terra, e ainda era diferente do que se via por lá, olhou em sua direção... e seu espírito tremeu como que fosse atingido por um raio. Um estrondo riscou o espaço e Pedro viu abrir sobre si o que poderia chamar de luz, mas não era uma luz. Ele sentiu-se renovado de uma força e flutuou em direção ao ser que o esperava. Nisso, seu corpo espiritual – que não tinha nada a ver com um corpo físico, - transformou-se em um aspecto parecido com o ser que o esperava e foi envolvido de um reflexo divino do qual, ao se olhar, assustava-se por tamanha glória e fulgor.
Pairou sobre aquela multidão que aumentava seu clamor ao ver tal espetáculo. O ser aproximou-se de Pedro e o cumprimentou com voz espiritual tão forte como se houvesse nele caixas amplificadores de alta qualidade.
- Teu Pai te espera.
- Eu também O espero – foi o que Pedro comunicou.

tt

 

Nenhum comentário: